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Lula de A a Z: veja expressões que marcaram o governo

Em oito anos de discursos, declarações e entrevistas, Lula repetiu muitas frases e expressões que se tornaram marcas registradas. Tantas que foi possível elaborar um dicionário especialmente feito de palavras – pessoas e assuntos – que nos remetem imediatamente ao presidente. Como o 'P' de Petrobras, que chegou à autossuficiência na produção de petróleo em seu governo. O 'B' lembra o Bolsa Família, considerado por Lula o principal programa e maior legado, e o 'C', o Corinthians, clube do coração do presidente, citado em tantas metáforas futebolísticas.

Lula Petrobras

O portal Terra publicou durante esta semana um especial durante a era Lula. A seguir, veja cada uma das 26 letras do alfabeto do governo Lula. Alguns verbetes sofreram edição do Vermelho.

A – Alencar
Não foram poucas vezes, durante os oito anos de governo de Lula, que o presidente demonstrou carinho e admiração por seu vice, José Alencar (PR). Em várias oportunidades, disse que encontrar um vice como ele, com quem ele não tinha contato antes da eleição de 2002, foi uma “obra de Deus”. Alencar passou todo o período lutando contra o câncer e às vésperas do fim do mandato esteve internado no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. Um dos principais desejos de Lula é que os dois possam descer juntos a rampa do Palácio do Planalto em 1º de janeiro, quando Dilma Rousseff (PT) e Michel Temer (PMDB) assumem a presidência e o cargo de vice, respectivamente.

B – Bolsa Família
Programa de transferência direta de renda que beneficia famílias em situação de pobreza é considerado por Lula um dos principais legados que ele deixará após se despedir do cargo. O programa atende mais de 12 milhões de famílias em todo o território nacional. Atualmente, o valor por família pode chegar a até R$ 200. Estudos apontam que o programa contribuiu para a redução das desigualdades e da pobreza no Brasil. Foi objeto de polêmica durante as últimas eleições. O PSDB diz que o programa foi uma junção de outros criados durante o governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002).

C – Corinthians
No ano do centenário do clube paulista, o presidente Lula se referiu ao seu clube de coração durante inúmeros eventos oficiais. Na véspera do centenário, Lula foi proclamado presidente da República Popular do Corinthians. Na ocasião, ele chegou a brincar com a sua fama de pé-frio, ao dizer que muitas vezes a primeira dama Marisa Letícia o tira da sala quando o clube joga. Nos bastidores, Lula teria ajudado na decisão política de fazer com que o futuro estádio do clube seja o palco da abertura da Copa do Mundo de 2014 no Brasil. A previsão é de que seja construído em Itaquera, na zona leste da capital paulista.

D – Dilma Rousseff
Quem imaginou que depois do escândalo do Mensalão o Partido dos Trabalhadores estaria enfraquecido para a disputa de 2006 e posteriormente para a sucessão de Lula se enganou. A escolha de Dilma Rousseff para as eleições deste ano foi conduzida diretamente por Lula, que lançou o nome dela com quase dois anos de antecedência. Mesmo sem experiência anterior na disputa de uma eleição, apesar dos tropeços, Dilma se saiu muito bem e garantiu a continuidade do governo petista por, pelo menos, quatro anos.

E – Emprego
A criação de aproximadamente 15 milhões de empregos formais foi uma das principais conquistas dos oito anos do governo Lula. Em novembro de 2010, a taxa de desemprego no Brasil, divulgada pelo Instituto Brasileiro Geografia e Estatística (IBGE), era de 5,7%. Quando Lula assumiu, em 2002, o índice superava os 12%. Hoje, a situação é considerada praticamente de emprego pleno. Ou seja, quem procura trabalho encontra, ainda que não seja a vaga desejada.


F – Fome Zero
O programa Fome Zero, anunciado com pompa na posse do presidente Lula, em 2003, não surtiu o efeito desejado da maneira como havia sido planejado, mas ganhou sobrevida, sendo encampado pelo Bolsa Família. A idéia original era a de distribuir cupons-alimentação, criação de bancos de alimentos e frentes de trabalho, o que, em muitos casos, não saiu do papel. Com o Bolsa Família, parte dos objetivos, de garantir uma alimentação mínima satisfatória foi alcançada. Porém, o Brasil ainda possui pessoas em vulnerabilidade alimentar. Dilma já refez a promessa de acabar com a miséria no País nos próximos quatro anos.

G – Granja do Torto
A residência oficial do governo ganhou destaque no período, muitas vezes por conta de alguns excessos do presidente. No local, foram realizadas animadas festas juninas, partidas de futebol e churrasco para amigos. A decoração do jardim com estrelas vermelhas foi bastante criticada, ainda no primeiro mandato. Alusivas ao Partido dos Trabalhadores, acabaram retiradas.

H – Henrique Meirelles
Henrique Meirelles foi uma das principais surpresas do governo Lula. Em 2002, havia sido eleito deputado federal pelo PSDB, mas antes de assumir o cargo foi convidado para ser presidente do Banco Central. Convite aceito, ele passou os dois mandatos de Lula à frente do Banco Central e é visto como um dos principais fiadores da estabilidade da moeda brasileira no período. Criticado inúmeras vezes – dentro do próprio governo – por conta da política de juros altos, o Banco Central se manteve irredutível.

I – Inflação
O governo do presidente Lula se caracterizou, nas políticas fiscal e monetária, por uma política econômica conservadora, com o objetivo de buscar de maneira perseverante a meta de inflação determinada pelo governo. A volta da inflação era uma das temeridades do mercado quando Lula chegou ao governo, mas nestes oito anos ela esteve sempre em controle. Neste ano, com o mercado aquecido pelo crescimento da economia, é possível que o índice seja superior ao centro da meta.

J – José Dirceu
Homem forte do primeiro governo de Lula, o ex-ministro da Casa Civil deixou o cargo em 2005, acusado –sem provas– de ser o pai do “Mensalão”. Na ocasião, voltou para o cargo de deputado federal, para o qual havia sido eleito em 2002, mas acabou cassado, por “quebra de decoro parlamentar”, perdendo os direitos políticos por oito anos. Luta na Justiça para provar sua inocência. Até hoje é acusado de ainda influenciar decisões do governo.


K – Kirchner
O presidente Lula mantinha uma relação muito próxima com o ex-presidente argentino Néstor Kirchner, que morreu em outubro passado. Colegas durante o primeiro mandato de Lula, o brasileiro considerava que ele ajudou Brasil e Argentina a superarem suas diferenças. "O preconceito diplomático e empresarial deixou de existir durante os nossos mandatos. Ficamos adversários só no futebol, não mais na economia e na política", disse Lula se referindo ao amigo. A Argentina só perde para a China e os Estados Unidos no comércio bilateral brasileiro.

L – Luz Para Todos
A meta de atender 2,6 milhões de famílias sem acesso a energia elétrica foi praticamente cumprida. A expectativa do governo é que, até abril do próximo ano, esse número seja atingido. Em 2011, as prioridades do programa são as comunidades quilombolas, indígenas e assentamentos rurais. Em seus discursos, Lula sempre citou o programa como um dos mais importantes do governo, por dar um direito elementar a comunidades “esquecidas“ em gestões anteriores.

M – Mensalão
O escândalo do chamado "mensalão" chegou ao conhecimento público após uma entrevista do ex-deputado federal Roberto Jefferson (PTB), na qual ele afirmou que parlamentares recebiam valores mensais para votar a favor de projetos de interesse do Executivo.  O dinheiro viria das contas do publicitário Marcos Valério, que o repassaria ao tesoureiro do PT, Delúbio Soares, num suposto esquema de caixa 2. A verba seria arrecadada de empresas estatais e de empresários, principalmente por meio de contratos publicitários, pelas empresas de Marcos Valério. No relatório da CPI, o mensalão é definido como "fundo de recursos utilizados, especialmente, para atendimento a interesses político-partidários". O caso tramita no STF. Apesar de todo o escândalo feito pela mídia, até hoje não se conseguiu comprovar o alegado esquema de compra de apoio dos deputados. E Roberto Jefferson acabou tendo seu mandato cassado por não conseguir provar as acusações.

N – Nordeste
No balanço de seus oito anos de governo, o presidente Lula afirmou que os investimentos feitos no Nordeste nos últimos anos não tiraram recursos de outros estados do País e que era preciso trabalhar para reduzir as diferenças regionais, com fortalecimento da infraestrutura e das condições de crescimento da economia local, o que, na visão dele, foi alcançado. Tanto que é no Nordeste onde o governo Lula tem seus melhores índices de aprovação. Segundo Lula, parte do atraso dos indicadores sociais e econômicos do Nordeste em relação ao restante do Brasil se deve à classe política da região. “Uma parte da elite do Nordeste era colonizada, tinha a cabeça que pensava pelo Rio de Janeiro e São Paulo, não pensava nos nordestinos”.

O – ONU
Neste ano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu um prêmio da Organização das Nações Unidas (ONU) pelo papel de seu governo no combate a aids. Para Lula, a doença está "estabilizada" no Brasil, embora afete cerca de 630 mil pessoas. Cotado para o cargo de secretário-geral da entidade, Lula afirma que ela precisa ser dirigida por um técnico competente. “Não pode ter um político forte na ONU, porque não pode ser maior que os presidentes dos países e eu fico meio preocupado se virar moda presidentes de países presidirem a ONU", disse ele.

P – Petrobras
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva repetiu o gesto do ex-presidente Getúlio Vargas, em 1952, quando molhou as mãos de óleo e imprimiu as marcas no macacão de de um funcionário da Petrobras, para marcar a autossuficiência na produção, alcançada em abril de 2006. Em 2010, Lula também celebrou a capitalização da empresa na Bolsa de Valores de São Paulo, considerada uma das maiores do mundo.

Q- Quilombo
Em setembro de 2009, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária entregou a emissão de posse do Quilombo Silva, em Porto Alegre, o primeiro quilombo em área urbana reconhecido no Brasil. Em um dos bairros mais valorizados de Porto Alegre, o quilombo se tornou uma referência para a luta quilombola e para o movimento social brasileiro. No local, há 15 casas de madeira, onde vivem 70 pessoas.

R – Reeleição
Se até o início de 2005, a reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva era considerada uma possibilidade praticamente irrefutável, o bombardeio com o escândalo do “Mensalão” e a queda sucessiva de seus principais aliados, começou a colocar em jogo a possibilidade. Porém, desde o início da campanha de 2006, ele se mostrou fortalecido e por pouco não venceu o seu opositor, ainda no primeiro turno. No segundo turno, ampliou a vantagem e conseguiu tirar votos de Alckmin. Foi reeleito com 60,83% dos votos válidos.

S – Salário Mínimo
Nos oito anos do governo Lula, o salário mínimo teve um ganho real de 58% – descontada a inflação do período. Quando o presidente assumiu, o salário era de R$ 200, contra R$ 510 ao fim do seu segundo mandato. A recuperação do salário foi uma das promessas de campanha de Lula. Na campanha de 2010, o candidato José Serra (PSDB) prometeu que se eleito elevaria o valor para R$ 600 em 2011. O governo trabalha com o mínimo de R$ 540 para o próximo ano.


T – Trabalhadores
Não foram poucas as vezes que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva visitou sindicatos, se encontrou com trabalhadores, ou participou dos festejos do dia do Trabalho. Com os principais sindicatos aliados ao seu governo, Lula foi muitas vezes criticado por ter “domesticado” o setor sindical. Outra crítica é o número de pessoas ligadas aos sindicatos que foram empregadas nos diversos escalões da máquina pública.

U – Universidade Para Todos
O Programa Universidade para Todos (ProUni) foi criado em 2004 com a finalidade da concessão de bolsas de estudos integrais e parciais a estudantes de cursos de graduação e de cursos sequenciais de formação específica, em instituições privadas de educação superior. As instituições que aderem ao programa recebem isenção de tributos. De acordo com o balanço do governo, foram beneficiados 750 mil estudantes no período.

V – Viagens
Perto de terminar o segundo mandato, o presidente Lula passou mais de um ano fora do País no período, se somadas todas as viagens. Foram quase 500 dias no exterior. O presidente foi bastante criticado por ter comprado uma nova aeronave para a presidência, ainda no primeiro mandato. O avião ficou conhecido popularmente como “Aerolula”. O presidente se defende, dizendo que trabalhou para difundir o comércio brasileiro no exterior. Por várias vezes ele se auto definiu como “mascate” brasileiro.

W – Washington
As relações brasileiras com os Estados Unidos, nos seus oito anos de governo, podem ser consideradas tranqüilas. Lula recebeu o ex-presidente George W. Bush no Brasil e no exterior, ao se encontrar com Barack Obama foi considerado “o cara” por seu colega. Apesar de divergências, principalmente em relação à política internacional altiva do Brasil, que fez o país aumentar sua liderança regional e global, não houve nenhuma situação que a diplomacia dos dois países tenha estremecido. O caso mais polêmico foi a recepção ao presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad no Brasil, criticada internacionalmente pelos aliados aos EUA.


X – Xiita
Livre das cobranças ideológicas das correntes xiitas, cada vez menos influentes dentro do PT, o o presidente Luiz Inácio Lula da Silva surpreendeu os setores mais conservadores, que esperavam que ele fizesse um governo mais radical. Por outro lado, ele recebeu críticas internas por ter feito um governo que agradou especialmente aos banqueiros e aos setores econômicos outrora criticados com veemência.

Y – Yoani Sanchez
Em março deste ano, a blogueira cubana Yoani Sanchez –tida como uma ativista pró-EUA– escreveu uma carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva pedindo que intercedesse junto às autoridades cubanas, mas não recebeu nenhuma resposta do governante. Amigo pessoal dos irmãos Castro, Lula manteve total apoio ao governo cubano e ampliou a ajuda do Brasil ao país caribenho.

Z – Zelaya
Após contrariar interesses da oligarquia local e se aproximar da esquerda, o presidente de Honduras, Manuel Zelaya, foi deposto por um golpe comandado pelo chefe das forças armadas do País e que contou com a conivência dos Estados Unidos. Zelaya acabou exilado na Costa Rica e posteriormente abrigado pela Embaixada brasileira em Tegucigalpa, capital do País. Lá, passou quatro meses, quando embarcou para a República Dominicana. Lula argumentou dizendo que a embaixada brasileira não iria expulsá-lo, e sempre defendeu que ele retomasse o governo, o que não aconteceu. Até hoje o Brasil e vários outros países não reconhecem o governo hondurenho "eleito" por um processo comandado pelos golpistas.