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Raul reafirma que mudanças em Cuba visam preservar o socialismo

Neste domingo (19), em discurso feito durante o sexto período de sessões da sétima legislatura da Assembleia Nacional do Poder Popular de Cuba, o presidente Raul Castro fez um longo relato sobre as condições atuais do país, o processo de mudanças pelo qual passa, o cenário externo e questões internas do PC de Cuba. “As medidas que estamos aplicando e todas as mudanças que sejam necessárias serem introduzidas a fim de atualizar o modelo econômico são dirigidas a preservar o socialismo”, disse.

Raul Castro

Segundo ele, tais medidas visam a fortalecer o sistema e “fazê-lo verdadeiramente irrevogável”.
Ao iniciar sua fala, Raul Castro disse que apesar dos efeitos da crise mundial na economia nacional e das chuvas que castigam o país há 19 meses, “e sem excluir erros próprios, posso afirmar que o planejamento para 2010 teve um desempenho aceitável para os tempos que vivemos”. Nesse sentido, afirmou que será alcançada a meta de crescimento de 2% do PIB, que as exportações de mercadorias e serviços aumentaram e que se manteve o ritmo do turismo estrangeiro em Cuba. “Foi mantido o equilíbrio financeiro interno e, pela primeira vez em vários anos, começa a se apreciar uma dinâmica favorável, todavia limitada, na produtividade do trabalho em comparação com o salário médio”.

“O ano de 2011 é o primeiro dos cinco incluídos na projeção de médio prazo de nossa economia, período em que, de maneira gradual e progressiva, vão sendo introduzidas mudanças estruturais e de conceitos no modelo econômico cubano”, relatou ainda o líder cubano.

Com relação aos ataques ideológicos que Cuba sofre no plano internacional, Raul disse: “nossos adversários no exterior, como era de se esperar, tentam impugnar cada passo que damos. Primeiro os desqualificaram como cosméticos e insuficientes; agora, tratam de confundir a opinião pública pressagiando o fracasso certo e concentram suas campanhas na exaltação do suposto desencanto e ceticismo com que, dizem, nosso povo teria recebido este projeto”.

Para Raul, “é necessário mudar a mentalidade dos quadros e de todos os compatriotas e encarar o novo cenário que começa a se delinear. Trata-se simplesmente de transformar conceitos errados e insustentáveis acerca do socialismo, muito enraizados em amplos setores da população durante anos, como consequência do excessivo enfoque paternalista, idealista e igualitarista que instituiu a Revolução em nome da justiça social”. Muitos cubanos, disse, “confundimos o socialismo com as gratuidades e subsídios, a igualdade com o igualitarismo”.

Citando fala do irmão Fidel Castro, feita em 2005, disse: “uma conclusão que se tirou ao cabo de muitos anos é que, entre os muitos erros que cometemos, o mais importante foi crer que alguém sabia de socialismo, ou que alguém sabia como se constrói o socialismo”.
E completou: “Ninguém deve se deixar enganar; as novas orientações assinalam o rumo até o futuro socialista, ajustado às condições de Cuba, não ao passado capitalista e neocolonial derrotado pela revolução. A planificação e não o livre mercado será recurso distintivo da economia e não se permitirá, como coloca a terceira das orientações gerais, a concentração da propriedade”.

Raul enfatizou ainda que a construção do socialismo deve acontecer conforme as peculiaridades de cada país, “lição histórica que aprendemos muito bem. Não pensamos em copiar ninguém; tivemos muitos problemas ao tentar fazê-lo e, ademais, copiamos mal. Mas, não ignoramos as experiências de outros países e aprendemos com elas, incluindo as experiências positivas dos capitalistas”.

Relação com os EUA

Outro ponto forte do discurso foi a relação com os Estados Unidos. “Não se vê a menor vontade de ratificar a política de Cuba, nem sequer para eliminar seus aspectos mais irracionais. Fica evidente que nesta questão segue prevalecendo uma minoria reacionária e poderosa que serve de sustentação à máfia anticubana”.

Os Estados Unidos, afirmou Raul, “não apenas desprezam o chamado de 187 países que demandam o fim ao bloqueio econômico, comercial e financeiro contra nosso país, como no ano de 2010 endureceu sua aplicação e incluiu Cuba novamente em suas listas espúrias, mediante as quais se arrogam o direito de desqualificar e difamar Estados soberanos para justificar ações punitivas, incluindo atos de agressão”.

Segundo o presidente cubano, “a política dos Estados Unidos contra Cuba não tem a menor credibilidade. Não lhes resta outro remédio se não recorrer à mentira para reiterar acusações entre as quais se sobressaem, por sua escandalosa falsidade, que somos um país patrocinador do terrorismo internacional, tolerante com o tráfico interno de crianças e mulheres com a finalidade de exploração sexual, violador flagrante dos direitos humanos e responsável por restringir, de maneira significativa, as liberdades religiosas”.

Raul continuou afirmando que “o governo norte-americano trata de esconder seus próprios pecados e pretende tirar sua responsabilidade do fato de que seguem impunes em seu país notórios terroristas internacionais, reclamados pela justiça de vários países, ao mesmo tempo em que mantêm em injusta prisão nossos cinco irmãos que lutavam contra o terrorismo”.

Quanto à questão dos direitos humanos, salientou que “em suas caluniosas campanhas sobre o tema, os Estados Unidos encontraram a conivência de países europeus conhecidos por sua cumplicidade com os atos secretos da CIA, o estabelecimento de centros de detenção e tortura, por descarregar os efeitos da crise econômica sobre os trabalhadores de menor renda, a violenta repressão contra os manifestantes e a aplicação de políticas discriminatórias contra imigrantes e minorias”.

Para ler a íntegra do discurso em espanhol, baixe o arquivo a seguir.

Da redação