PCdoB paulistano divulga balanço eleitoral e aponta perspectivas

Nesta segunda (13), o Comitê Municipal de são Paulo do PCdoB PCdoB se reuniu na na sede do Comiê Central para fazer um balanço da participação do partido nas eleições 2010 e traçar
tarefas para o trabalhado partidário no próximo período.

Segue abaixo a íntegra do documento aprovado pela Direção Plena do Comitê Municipal do PCdoB da Capital de SP.

Balanço eleitoral 2010
 
Resultado político nacional e estadual
A disputa eleitoral de 2010 foi acirrada e ganhou caráter plebiscitário como previa as análises políticas do CC do PCdoB. Não existiram três projetos em discussão e sim dois, Marina Silva serviu como condição fundamental para o 2º turno a partir de movimento político produzido pelos setores que apoiavam Serra, que vendo a dificuldade de sua candidatura ocupar maior espaço investiram em crescer a candidatura do PV. O discurso conservador encampado pela grande mídia foi outro ingrediente utilizado pelas elites para fortalecer a realização do 2º turno. Foi impossível fugir da polarização dos projetos em disputa no País, mesmo enfrentando uma forte campanha de cunho conservador e reacionário que tentou levar o debate para o campo dogmático, religioso e preconceituoso, o que demonstrou o quanto a candidatura Serra era apoiada por esses setores (TFP, Opus Daí, Integralistas e outros mais).

Ao enfrentar essa onda e realinhar o debate para temas fundamentais como privatizações, soberania nacional, projeto de desenvolvimento econômico com valorização do trabalho e garantia dos direitos sociais e fazer o comparativo do que os governos FHC e Lula fizeram em cada um desses temas a candidatura de Dilma Rousseff manteve o nível de apoio popular suficiente para garantir sua vitória com mais de 12% de vantagem. Também contou favoravelmente o índice recorde de apoio popular ao governo Lula que alcançou 83%.
Infelizmente, no Estado de São Paulo, os setores populares e progressistas foram derrotados. Predominou a força política e a máquina do PSDB/DEM, que por mais 4 anos irá dirigir o governo do Estado de SP, podendo assim chegar a 20 anos de hegemonia tucana. Alckmin foi eleito no primeiro turno com 50,36% dos votos válidos, Mercadante obteve 35,23%; Celso Russomano 5,42%; Paulo Skaf 4,56% e Fábio Feldman – PV 4,13%. Faltou 0,37% para que fosse provocado um 2º turno e assim recolocasse a disputa sob o mesmo nível da polarização nacional.

A capital nesta disputa, dados eleitorais e a polarização do PSDB e do PT na maior cidade brasileira
A cidade de São Paulo é um dos maiores palcos de disputa política com repercussão nacional. A capital representa aproximadamente 28% dos eleitores de todo o Estado. Vários são os partidos e lideranças políticas que têm na cidade de São Paulo seu local de atuação devido à projeção que a cidade permite e ao contingente de 8,5 milhões de eleitores. Mário Covas, Paulo Maluf, Luiza Erundina, Marta Suplicy, José Serra entre outros são exemplos de políticos que ganharam expressão nacional ao serem prefeitos da capital. Mesmo na disputa nacional travada em 2010 pudemos constatar isso. Setores próximos à José Serra e à Dilma têm na capital seus redutos. Na cidade também atuam todas as centrais sindicais, entidades estudantis e populares, sendo que a maioria delas tem sede na capital.

As duas maiores forças políticas na cidade são PSDB e PT. O PSDB participa do Executivo municipal em aliança com o prefeito Kassab, que é do DEM; na Câmara Municipal conta com 12 vereadores. Já o PT dirigiu a prefeitura da cidade em duas oportunidades (1989 a 1992 com Erundina e 2001 a 2004 com Marta) e na Câmara tem 11 vereadores.

No 1º turno, dos 6.639.056 milhões de votos válidos para presidente da República na capital, Serra teve 40,33% e Dilma 38,14%, a soma dos dois dá um total de 78,47%. No 2º turno, Serra conquistou 54% contra 46% de Dilma. Das 58 zonas eleitorais da capital, Serra venceu em 34 e Dilma 24.

Para governo do Estado a votação na cidade foi menos distribuída ainda, mesmo levando em conta que existiam mais candidaturas de partidos políticos, além do PT e PSDB. Alckmin teve na cidade 48,76% e Mercadante 35,82%, as duas candidaturas fizeram junto o total de 84,58%. O PSB com Paulo Skaf obteve em São Paulo 4,42% dos votos. O PP de Maluf lançou Celso Russomano e obteve em São Paulo 6,68% e o candidato do PV, Fábio Feldman obteve na capital 4,30%.

Para o Senado também se configura essa polarização. Aloysio Nunes obteve 28,46% na capital enquanto no estado teve 30,42%. Marta Suplicy teve 26,47% na capital e no estado 22,61%. Netinho de Paula teve 19,71% dos seus votos na capital e 21,14% no Estado.

Com isso fica evidente que na capital ainda é muito forte a polarização entre PT e PSDB, mas que é necessário estudar as possibilidades de novas forças políticas ocuparem espaços e quebrar essa hegemonia.

Vitória do PCdoB em SP


O PCdoB saiu vitorioso desse processo. Elegeu 15 deputados federais e 18 deputados estaduais e 1 senadora. Foi o quinto partido em votos para o Senado em todo o País, por 0,08% não foi ao 2º turno no Maranhão com a candidatura de Flávio Dino. Destaca-se a votação da Dep. Federal Manuela D’ávila no RS que alcançou 8% dos votos válidos do estado, uma marca histórica.

Em São Paulo, reelegemos Aldo Rebelo com 132.109 votos e elegemos Protógenes Queiroz com 94.906 votos.

No caso dos Deputados Estaduais concorremos em uma chapa própria com mais de 80 candidaturas que chegou a um total de 520.295 mil votos o que nos permitiu eleger 2 deputados estaduais: Leci Brandão com 86.298 e Pedro Bigardi com 67.758.
Com isso, o PCdoB de SP contribuiu para a ampliação da bancada de deputados federais e retornou à Assembléia Legislativa de SP com o mesmo número de cadeiras que tínhamos até 2006, sendo que agora em uma chapa própria.

Além disso, o Partido protagonizou uma grande batalha para o Senado com a candidatura de Netinho de Paula que em todo o Estado teve 7.773.327 votos, enfrentando uma campanha com muitos ataques de seus concorrentes e que, mesmo assim, chegou perto de eleger (a distância para a segunda colocada foram 541 mil votos).

Desafios a serem superados



Além de ser partícipe da vitória, a direção do Partido na Capital deve saudar a militância que mais uma vez se dedicou ao processo com muita determinação. Porém, é papel da direção municipal realizar um balanço à luz das análises políticas que serão produzidas pelas instâncias nacional e estadual e principalmente com o recorte do processo na capital, para com isso construir um balanço que permita ao Partido tirar conclusões que fortaleçam ainda mais o PCdoB na principal cidade do nosso País.
Desde a derrota eleitoral de 2004, o Partido vem buscando restabelecer um patamar de maior inserção política e de estruturação. Em âmbito estadual, também enfrentamos em 2006 outra derrota eleitoral, perdemos um mandato de Deputado Federal (Jamil) e os dois mandatos de Deputados Estaduais (Nivaldo e Ana) o que refletiu negativamente, ainda mais, na capital.

A vitória eleitoral de 2008, quando elegemos Netinho de Paula e Jamil Murad para a Câmara Municipal de São Paulo, permitiu ao Partido retomar uma perspectiva de crescimento que devemos continuar buscando.

Porém, constatamos que ainda é insuficiente a nossa inserção política e social na cidade, temos poucos quadros políticos para enfrentar os desafios colocados, temos tido certo retrocesso no trabalho de direção das frentes de movimento social e sindical e precisamos reforçar o trabalho político e organizativo das instâncias partidárias.
Muitos são os desafios nessa tarefa, dentre eles destacamos:

  • Enfrentar a polarização de PSDB e PT com maior protagonismo e maior visibilidade de nossa política;
  • Maior inserção junto ao conjunto de setores da sociedade paulistana, com destaque especial ao proletariado, à juventude e às mulheres que sob os resultados das políticas do governo Lula e a recente vitória de Dilma têm tido mais acesso ao trabalho, ao estudo e a novas conquistas;
  • Construir relações com setores médios da sociedade paulistana que são muito fortes e cumprem o papel de formadores de opinião, para travar em novo patamar a luta de idéias;
  • Ampliar e enraizar nossa inserção nos movimentos sociais da cidade;
  • Fortalecer e ampliar a construção do Partido de forma geográfica e social buscando fortalecer os Comitês Distritais e de categorias, constituir organismos de bases especiais como um estágio de maior capilaridade partidária (geográfica e social), onde houver condições reais; filiar e/ou organizar um grande conjunto de lideranças que no processo eleitoral se aproximou de nossas candidaturas;
  • Realizar uma ampla campanha de filiação que envolva nosso ministro, nossos parlamentares, lideranças sindicais, populares, juvenis com o objetivo de trazer ao PCdoB lideranças políticas e sociais da cidade de São Paulo com vistas as eleições de 2012.
  • Organizar um debate sobre um Projeto Político para São Paulo com vistas a construir uma plataforma do Partido para a cidade.

Comitê Municipal de São Paulo do PCdoB