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Antes do Nobel, China entregará seu "prêmio da paz"

A China entregará na quinta-feira (9) o Prêmio Confúcio da Paz a um ex-vice-presidente de Taiwan, um dia antes da cerimônia em Oslo, na Noruega, que concederá oficialmente o Prêmio Nobel da Paz ao preso chinês Liu Xiaobo.

A concessão do Nobel da Paz a Liu, em outubro, desagradou a China, que tem dito que é contra "qualquer um que interfira nos assuntos judiciários" do país. O escolhido para o Nobel da Paz cumpre uma sentença de 11 anos por "subversão do poder do Estado", após assinar um manifesto em 2008 no qual defende uma "reforma democrática" na China. 

O recém-criado Prêmio Confúcio, cujo nome alude ao antigo filósofo chinês, foi sugerido em um artigo publicado há três semanas no popular tabloide "Global Times".  "É uma espécie de resposta pacífica ao Prêmio Nobel da Paz de 2010, e (…) explica as opiniões do povo chinês sobre a paz", disseram os organizadores em nota divulgada por e-mail nesta quarta-feira.

O Prêmio Confúcio será entregue a Lien Chan, ex-vice-presidente de Taiwan. Outros cinco nomes haviam sido indicados: o líder palestino, Mahmoud Abbas; o ex-presidente sul-africano Nelson Mandela; Bill Gates, fundador da Microsoft; Qiao Damo, poeta chinês; e o Panchen Lama, segunda figura mais importante do budismo tibetano, nomeado para a posição pelo regime chinês.

Os organizadores disseram que Lien Chan acabou escolhido porque "construiu uma ponte de paz entre Taiwan e o continente (China), trazendo felicidade e sorte ao povo de ambos os lados do estreito (que separa Taiwan da China)".

Um dos coordenadores da iniciativa, Tan Changliu, não detalhou quem financiava o prêmio, dotado de 100 mil iuanes (11.400 euros, 15.200 dólares) e afirmou que sua associação não está vinculada ao governo chinês.

Segundo a Reuters, no entanto, o convite para a cerimônia de premiação foi aparentemente feito por um departamento do Ministério da Cultura encarregado de proteção às artes locais, o que sugeriria ao menos um apoio parcial do governo ao prêmio.

Em Taiwan, Ting Yuan-chao, assessor de Lien, disse ainda não saber nada sobre o prêmio. Em 2005, Lien se tornou o primeiro dirigente do partido nacionalista Kuomintang a visitar a China desde 1949.

Na sua nota, os organizadores do Prêmio Confúcio sugeriram que um dia poderá haver uma cooperação entre eles e o comitê do Prêmio Nobel, eventualmente até mesmo concedendo prêmios conjuntos ao mesmo indicado.

Com agências