"Fábio Tokarski, uma questão de justiça", diz Dela Corte

Fábio Tokarski, uma questão de justiça" Fábio Tokarski, uma questão de justiça professor de história, adere à corrente em defesa do vereador e afirma que caso de Tokarski não pode se enquadrar como ficha-suja.


Seguindo a linha de raciocínio de Aldo Arantes, em artigo publicado dia 07/10/2010 (quarta-feira) no Diário da Manhã, sobre a questão que envolve o vereador e ex-candidato a deputado federal Fábio Tokarski, chegamos lamentavelmente ao limiar do absurdo. Isto porque todos que o conhecem ou convivem com ele sabem que se trata de uma pessoa que sempre teve uma vida limpa e politicamente, nunca houve e não há nada que o classifique como um político corrupto.

Recentemente aprovada pelo Congresso Nacional, a lei da ficha limpa é ótima em questões clássicas de corrupção e de crimes eleitorais, pois evita que políticos com comportamentos nada éticos fiquem impunes e continuem sendo elegíveis, comprometendo a imagem de nossas instituições. Mas este não é o caso do professor Fábio. Há aspectos que não estão muito claros na lei, gerando grande controvérsia na corte de justiça máxima do país e interpretações extensivas, produzindo algumas injustiças e dando espaço para que o próprio judiciário cometa erros que, se não forem devidamente discutidas, podem eternizar equívocos que irão prejudicar não somente pessoas, mas segmentos importantes da sociedade brasileira que precisam ser respeitados e representados politicamente, garantindo, com isso, a existência do regime democrático no Brasil.

A denominada lei da ficha limpa teve a assinatura de milhões de brasileiros, mas nem por isso pode-se conceber que pequenos erros contábeis sejam interpretados como crimes eleitorais, colocando, assim, pequenos equívocos submetidos a penalidades severas; nivelando casos simples, onde não há dolo, ao nível de outros onde, explicitamente, há delitos dolosamente comprovados, conforme vários casos que se tornaram públicos e são do conhecimento de todo o país.

É com base em fatos que podemos chegar à conclusão de que o professor Fabio Tokarski não deve ser envolvido genérica e injustamente como mais um ficha suja ao nível daqueles que carregam em seus ombros a marca da corrupção e do descaso com a população brasileira. E, num momento em que há uma onda moralizadora no país, torna-se difícil aceitar que isto entre para a história como algo consumado de corrupção. O momento exige reflexão, pois este caso é uma questão não só de direito, mas acima de tudo, de justiça.

De forma alguma queremos dizer que a lei está errada. Apenas consideramos que essa questão deve ser melhor debatida e aprofundada para que não fique cristalizada junto à opinião pública que o vereador Fábio Tokarski é um ficha suja e, assim, indigno de receber os votos daqueles goianos que o conhecem bem e sabem que sua trajetória política sempre esteve voltada para a defesa da democracia, dos diretos dos trabalhadores e da justiça social.

Eu o conheço bem e posso afirmar: nunca vão encontrar algo que desonre a pessoa de Fábio; não há nada em sua vida que não seja ético e justo. Trata-se de uma pessoa que entrou para um partido (PCdoB) numa época em que ele era perseguido e ainda não era legalizado, em conseqüência da existência de leis arbitrárias e antidemocráticas. A raiz da vida política do professor Fábio Tokarski está naquelas lutas mais importantes, mais difíceis de serem levadas à frente, pois era necessário enfrentar todos os tipos de adversidades, dificuldades e perseguições, isso porque é essa a essência do seu Partido: lutar contra as oligarquias, os políticos corruptos, os poderosos e aqueles que sempre tramaram e tramam contra o estado de direito.

O Supremo Tribunal Federal irá apreciar esta questão e esperamos que o seu caso seja analisado à luz da legalidade e da justiça, considerando-se o princípio da razoabilidade, da equidade e da prudência. O que não podemos é nos silenciarmos, mas sim contribuirmos para que a consciência jurídica da mais Alta Corte do País seja justa e perceba que a dose que está sendo aplicada neste caso é extremamente exagerada e, se assim o fizer, estará praticando uma grande e irreparável injustiça não só contra o professor, vereador Fábio Tokarski, mas também atingindo o seu partido, todos aqueles que sempre nele votaram e maculando os princípios democráticos de direito.

Marcantônio Dela Côrte
Professor de História