Patinhas: “PCdoB/CE sai mais forte e vitorioso destas eleições”

Encerrado o primeiro turno das eleições 2010, o Vermelho/CE conversou com o presidente estadual do PCdoB, Carlos Augusto Diógenes, o Patinhas. Na entrevista, o dirigente comunista fez uma avaliação do desempenho do Partido nestas eleições e considerou vitorioso o resultado das urnas no campo das forças progressistas e democráticas.

Patinhas

“Esta foi uma campanha positiva em todos os aspectos, tanto no cenário nacional quanto no estadual. O novo desenho político do país tornou-se favorável às mudanças”. Foi com otimismo que Carlos Augusto Diógenes resumiu o recente processo eleitoral. “No Ceará, o PCdoB obteve grande vitória com a eleição de dois deputados federais. Pela primeira vez na história do nosso partido no Ceará, elegemos dois comunistas para a Câmara Federal. Além disso, asseguramos nossa vaga na Assembleia Legislativa cearense, com a eleição de um deputado estadual”, contabiliza.

As expressivas votações de Dilma Rousseff (PT), com 66% dos votos no estado, e a reeleição de Cid Gomes (PSB) no primeiro turno com votação acima dos 61%, são significativas. “Apesar de todas as campanhas de difamações que ambos sofreram nesta campanha, prevaleceu a ideia da continuidade do desenvolvimento com avanços sociais”, ressalta Patinhas que acrescentou: “o povo compreendeu que grandes realizações e investimentos importantes não se completam em quatro anos. Por isso o eleitor optou em dar prosseguimento a estes projetos”.

Nova cara do Ceará no Senado

Carlos Augusto também considera que foi fator determinante para o êxito nas urnas o trabalho em conjunto nas esferas federal e estadual, que possibilitou profundas mudanças no Ceará. E esta transformação, segundo o dirigente, foi iniciada em 2006, com a eleição de Cid Gomes para o primeiro mandato de Governador e também a vitória do comunista Inácio Arruda para o Senado. “Com o fortalecimento das novas forças políticas nucleadas por PSB, PMDB, PT e PCdoB, iniciou-se o aprofundamento deste caminho de mudanças”.

Mais um elemento que tornou ainda mais vitoriosa esta eleição foi a conquista expressiva dos dois senadores da coligação. Eunício Oliveira (PMDB) e José Pimentel (PT) derrotaram nas urnas o senador tucano Tasso Jereissati (PSDB). “A derrota de Tasso com mais de 600 mil votos de diferença foi mais um acontecimento histórico para o Ceará”, considera.

Tasso Jeireissati foi eleito governador do estado pela primeira vez em 1986, teve três mandatos de governador, foi presidente nacional do PSDB e senador. “Por 20 anos, o tucano foi uma das principais figuras políticas do estado. No início, teve papel positivo ao derrotar os coroneis e assumiu o primeiro mandato na transição entre a ditadura e a democracia. Mas os rumos políticos tomados por ele, tornaram-no um dos principais defensores do neoliberalismo liderado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso”.

De acordo com Carlos Augusto, Tasso Jereissati passou a ser oposição não só à Lula mas ao povo brasileiro. “Ele é considerado um dos mais ferrenhos opositores do Governo Lula, com concepção direitista, preconceituosa e reacionária”, avalia. Patinhas acrescenta ainda que o senador tucano tornou-se oposição aos ventos progressistas que sopram na América Latina, defendeu a extinção da CPMF, ocasionando enormes prejuízos para a saúde no país. “Ele trabalhou contra o Governo Lula e colocou-se na contramão do processo de desenvolvimento do Brasil e do Ceará. O povo soube discernir suas atitudes e deu a resposta nas urnas”, avalia.

Contribuição da Juventude

O presidente estadual do PCdoB afirma que o Partido sempre compreendeu a importância estratégica de eleger Eunício e Pimentel como senadores do Ceará. “Não caímos no canto da sereia de que não tinha chances de Tasso ser derrotado e nem fomos na onda de quem insinuava atritos entre os dois candidatos da coligação”, relembra.

Patinhas enfatizou ainda a atuação da União da Juventude Socialista (UJS) que lançou uma campanha que ganhou ampla repercussão. “O movimento ‘Pega o beco, Galeguim’ criou forças e ultrapassou as fronteiras da juventude. Com caminhadas, materiais de campanha e expressivas ações na internet, o movimento foi decisivo e contribuiu para o resultado final nas urnas”.

Cenário político no Ceará

Com a derrota de Tasso Jereissati, o PSDB perde uma de suas maiores referências e passa a ser um partido enfraquecido no Ceará. “Com este novo fato político, tanto o PSDB como o próprio DEM perdem força política no estado. Após anunciar publicamente que não disputará mais cargo político, Tasso Jereissati abre a porta para uma desintegração rápida de seu partido e das legendas aliadas”. Dos dois deputados federais que os tucanos tinham, apenas um foi reeleito este ano. Já no parlamento estadual, a bancada tucana diminuiu de 14 para 8 deputados estaduais.

Com esta nova fase, após o resultado eleitoral iniciado em 2006 e ampliado nas eleições deste ano, são grandes as chances de crescimento de partidos como o PSB, PMDB, PT e PCdoB além de outras legendas aliadas. “Historicamente, nosso Partido cresce com avanços da democracia, com desenvolvimento econômico e social”, ratifica Patinhas.

Vitória do PCdoB

Sobre a atuação do Partido nas urnas, Patinhas comemora: “Nosso projeto foi quase 100% alcançado. Elegemos dois deputados federais, dobrando nossa representação na Câmara Federal. Dos 22 parlamentares eleitos no Ceará, praticamente 10% é composta por comunistas”.

Comparado ao desempenho de outros partidos fortes nacionalmente, o PCdoB reforça seu crescimento. O PSDB tem a 3ª maior bancada federal e só elegeu um deputado cearense. Sexta maior bancada nacional, o PP só fez no Ceará um deputado federal. O PCdoB tem a 11ª bancada federal e o Ceará contribui com 2 comunistas que irão fazer parte dela.

“As votações expressivas de Chico Lopes e João Ananias em todas as regiões do estado  mostram que o PCdoB não é mais uma legenda voltada apenas para Fortaleza e sua Região Metropolitana e revelam que o nosso partido tem trabalhado em todo o Ceará”, avalia Patinhas que considera estes dados de grande importância. “Passamos a ter influência política e eleitoral em todo o Estado. Isto nos dá a ousadia de apostar em voos mais altos e oferece perspectivas de crescimento em todo as regiões”, revela o dirigente.

A eleição de Lula Morais para deputado estadual também foi uma grande conquista do PCdoB neste ano. “Ele teve uma boa votação. Nossa coligação com o PSC atingiu cerca de 110 mil votos e possibilitou eleição do deputado comunista com folgas. Não atingimos nosso objetivo de eleger dois deputados estaduais, sabíamos que seria difícil, mas também tiramos grandes lições desta disputa. Lula Morais passa a ser liderança política reconhecida em todo o Estado e amplia sua atuação também no interior”, enaltece o presidente estadual do PCdoB.

Carlos Augusto faz questão de ressaltar a atuação dos demais candidatos que disputaram o cargo de deputado estadual pelo partido. “Todos eles contribuíram para as eleições de João Ananias e Chico Lopes além de terem sido projetados como novas lideranças que poderão disputar cargos em 2012. Quero citar o desempenho do Dr. Pierre na região de Crateús, Hiran Delmar em Fortaleza, Professor Antônio e Professor Bezerra no Cariri, Paulo Sérgio em Caucaia e todos os demais. Cada um contribuiu para a vitória do partido como um todo”, enaltece.

O envolvimento efetivo de lideranças, quadros e militantes, aliado ao trabalho realizado com bastante antecedência pelo partido foram, no ponto de vista de Carlos Augusto, os principais fatores para o êxito do Partido nas urnas. “Começamos a discutir nosso projeto ainda em 2008, logo após encerrado o processo eleitoral daquele ano. Nesta fase foram envolvidos militantes, prefeitos, vereadores, secretários, comitês municipais e amigos. Todos foram responsáveis por nossa expressiva aprovação”, avalia.

Orientações para o Segundo Turno

Apesar de tantas conquistas, Patinhas alerta ainda para a importância do segundo turno. “Mesmo com tantas vitórias, nossa guerra ainda não acabou. Falta uma batalha e, por sua relevância, passa a ser a principal. Tudo perde o sentido se Dilma não for eleita com grande votação. Todo o processo de desenvolvimento do Brasil e do Ceará pode ser interrompido se os tucanos voltarem ao poder”, considera o dirigente que informa ainda: “Já agendamos uma reunião com a nossa Comissão Política Estadual para o próximo dia 16. No encontro discutiremos como atuar na campanha do segundo turno. Desde já, convocamos quadros e militantes para dar continuidade ao processo eleitoral e se envolver neste projeto de corpo e alma. Nossa batalha principal ainda está em curso”.

Patinhas considera os 66% de votos conquistados por Dilma no Ceará pouco. “Devemos redirecionar os 16% de votos de Marina para a candidata das forças democráticas e progressitas. Nosso objetivo é ultrapassar os 80% de votação no estado. Comandados por Cid, ajudaremos a fortalecer a unidade de todos os partidos para, juntos, alcançarmos a maioria consagradora de Dilma no Ceará”.

Carlos Augusto conclama todos para participarem deste novo desafio. “Queremos fortalecer ainda mais a figura de Dilma no Ceará. Deveremos participar de caminhadas, convidaremos os setores populares para somar. Buscaremos uma campanha empolgante, alegre culminando com uma brilhante vitória no processo eleitoral”.

PCdoB pós-eleições

A avaliação que o presidente estadual do PCdoB faz é de que foram alcançadas grandes vitórias, foi efetivo o envolvimento da militância e dos quadros, mas também ficaram aparentes debilidades que deverão ser avaliadas e revertidas. “O cenário está favorável, o que nos possibilita projetar novos voos para o Partido no Ceará. Cabe a nós administrar estas vitórias, examinar o desempenho das candidaturas. Este foi, sem dúvidas, um processo rico que nos possibilita visualizar o PCdoB forte nesta nova fase política em que se encontra o nosso estado”, considera Carlos Augusto.

Após estas eleições, o dirigente comunista considera grandes as possibilidades de projeção e maior influência do PCdoB tantos nos movimentos sociais quanto no cenário político local. “Aumentou a nossa ousadia para buscar crescimento e consolidação dos núcleos municipais do Partido. Após o segundo turno, daremos início à preparação do nosso projeto para 2012, assim como fizemos em 2008 com grande êxito neste ano”, projeta Patinhas.

O comunista informa que a partir de novembro começam a ser estudados os novos quadros dos diversos municípios cearenses, e o cenário político do estado. “Iremos começar a avaliar as perspectivas que poderão surgir dentro do novo mapa pós-eleições 2010. Iremos buscar alianças para as disputas municipais. Nosso objetivo é lançar candidaturas competitivas para, assim, aumentarmos nossa representação tanto no número de Prefeituras quanto nas Câmaras Municipais”.

Carlos Augusto agradece o emprenho de todos que construíram este novo caminho do PCdoB no Ceará e reforça: “Valorizamos nossas vitórias nestas eleições mas também encaramos com responsabilidade saber administrá-las e conduzi-las nesta nova fase de fortalecimento da democracia”, finaliza.

De Fortaleza,
Carolina Campos