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Observadores internacionais de PCs confiam na vitória de Dilma

Sabendo da importância do Brasil e da curiosidade que o país desperta naqueles que acompanham o aumento de seu papel no cenário internacional, o PCdoB convidou, pela primeira vez, membros de alguns partidos comunistas para verem de perto o processo eleitoral brasileiro. A iniciativa também parte da necessidade de ampliar o diálogo e estreitar as relações com a esquerda mundial.

Nestes últimos dias, uma pequena delegação – formada por pessoas que também participaram das comemorações dos 90 anos do Partido Comunista do Uruguai, no sábado (2) – acompanhou atividades diversas.

 
  Corbo: confiante na vitória de Dilma

Federico Garcia Hurtado, o “Fico”, e Pilar Roca Palacio, do PC Peruano; Obey Ament, do PC Francês e Rony Corbo, do PC do Uruguai, bem como dois correspondentes internacionais dos jornais L’Humanité (ligado ao PCF) e Akahata (ligado ao PC Japonês), participaram de reuniões explicativas com dirigentes do PCdoB sobre o processo político e eleitoral brasileiro e viram de perto a movimentação no dia do pleito, acompanhando, por exemplo, o momento em que o então candidato ao Senado, Netinho de Paula, votou em Campo Limpo, na Zona Sul da capital paulista.

Por fim, eles acompanharam, na sede do Comitê Central, a apuração das urnas. “Precisamos cada vez mais, como partido e como coligação de apoio a Dilma Rousseff, manter esse contato e essa troca de ideias com companheiros de outros países”, explica Ricardo Alemão Abreu, secretário de Relações Internacionais do PCdoB.

O outro motivo desse maior intercâmbio é, conforme avalia Alemão, “o crescente interesse que o Brasil desperta mundo afora, especialmente após a experiência dos oito anos do governo Lula e da esquerda no governo federal, quando o país ganhou maior visibilidade e prestígio internacional. Isso faz com que eles queiram saber como vai a campanha de Dilma, que tem a missão de continuar as mudanças iniciadas pelo presidente”.

“O interessante foi perceber que, de fato, há muita dúvida sobre o funcionamento do sistema político-eleitoral de nosso país. Outros perguntavam quais as razões para Dilma não ter vencido no primeiro turno, se as pesquisas apontavam vantagem para ela”, explica Alemão. Aos observadores, Alemão disse: “apesar de a decisão ter ido ao segundo turno, Dilma é a favorita e nós estamos muito confiantes em sua vitória”.

Opinião internacional

 
  Pilar e Federico: Dilma é a representante real do povo neste embate

Na avaliação do uruguaio Rony Corbo, “é preciso ressaltar a votação obtida pelo PCdoB, que se consolida como uma importante força política brasileira. E, como vizinho do Rio Grande do Sul, felicito em especial a vitória obtida pelo partido nesse estado”. Corbo também se disse “confiante na vitória de Dilma e no trabalho da esquerda e dos setores progressistas brasileiros”.

Para ele, a vitória de Dilma Rousseff “é importante para o Brasil, mas também para o continente, para o Mercosul e para a Unasul, já que seria mais um passo na afirmação do movimento de esquerda que vem ocorrendo na América Latina”.

Pilar Palácio, do Peru, disse que sentiu “muita tranqüilidade e participação popular no dia da votação” e ressaltou que “o crescimento do PCdoB, embora não tenha sido grande, foi bastante significativo e se enquadra num movimento de ampliação da sintonia dos comunistas com o povo”.

Para ela, é importante intensificar o trabalho no segundo turno: “há candidatos ligados às classes ricas e há outros ligados à parcela mais pobre. E Dilma é a representante real do povo neste embate. Por isso, estou confiante que os brasileiros saberão escolher”. Fazendo alusão a uma análise feita recentemente pelo presidente Lula, Pilar destacou: “se damos à mulher a responsabilidade de criar nossos filhos, porque não dar a ela a possibilidade de conduzir um país?”.

Do ponto de vista continental, Pilar explicou: “a América Latina está se recompondo dos anos em que o neoliberalismo reinou absoluto e está fazendo isso através de governos populares e de esquerda. Dilma é importante também neste contexto. Cada país, de sua forma, está buscando caminhos que levem ao socialismo e creio que este seja o caminho para o Brasil”.

Federico concorda: “os países do continente estão reagindo à arremetida da direita, indo em direção às mudanças sociais que o povo exige e precisa. O Brasil tem papel fundamental nisso, porque é uma referência mundial. Aliás, diria que Lula cumpriu um papel histórico na inserção digna dos países latino-americanos no cenário internacional; a situação aqui se divide em antes de Lula e depois de Lula”. E completou: “Neste segundo turno, será preciso enfrentar a guerra suja da direita, mas confio na vitória de Dilma”.

 
Obey Ament e Alemão: parceria internacionalista  

Especialista na forma de enfrentar os conservadores na França e estudioso da América Latina, Obey Ament, do PCF, avalia que “a chegada de Dilma à Presidência é mais uma demonstração de que a esquerda pode e sabe governar. Na França, quando a esquerda esteve no poder, não soube fazer reformas estruturantes e isso trouxe graves conseqüências ao país”.

De acordo com Ament, a chegada de Lula ao governo federal em 2003 “trouxe novos elementos para a correlação de forças em nível internacional. Ele possibilitou que países em desenvolvimento fossem encarados de maneira mais respeitosa e soberana”. Por isso colocou, “expresso toda nossa solidariedade e amizade com os brasileiros para que, em breve, possamos celebrar mais uma vitória do povo”.

Da redação,
Priscila Lobregatte