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Cuba pede nova ordem econômica mundial na ONU

Cuba defendeu nesta terça-feira (21), na ONU, uma nova ordem econômica e política internacional, baseada nos princípios da solidariedade, justiça social, equidade e respeito aos direitos dos povos e de cada ser humano.

A defesa foi feita pelo ministro cubano de Relações Exteriores, Bruno Rodriguez, ao falar ante o plenário da cúpula das Nações Unidas sobre os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM).

O chanceler afirmou que a falta de solução aos problemas mais graves do desenvolvimento e aos sofrimentos de milhares de pessoas que vivem na pobreza e no subdesenvolvimento afetará também as sociedades industrializadas, nas quais aumentam os desempregados e se expandem políticas migratórias selvagens.

Também "baterá na porta de todo mundo, seja pela via dos fluxos migratórios descontrolados e desgovernáveis, por meio das doenças e epidemias como consequência dos conflitos gerados pela pobreza e a fome, ou como resultado de fatos hoje imprevisíveis", apontou.

Em contraste, destacou que as metas previstas na Declaração do Milênio foram cumpridas em Cuba praticamente em sua totalidade e, em alguns casos, superadas largamente.

"Nosso compromisso ultrapassa as fronteiras do país e permitiu contribuir ao desenvolvimento social de outras nações do Terceiro Mundo", sublinhou o chanceler.

Rodríguez explicou que essas conquistas são o resultado direto de uma revolução que colocou como prioridade o bem-estar da população, em um clima de igualdade e justiça social, e da sociedade que construímos, baseada na solidariedade.

"Um êxito obtido apesar do bloqueio econômico, comercial e financeiro imposto ao povo cubano, durante meio século, pelo governo dos Estados Unidos", destacou.

O ministro cubano expressou satisfação pelos altos índices alcançados pela Revolução Bolivariana na Venezuela, graças a profundas políticas sociais desenvolvidas pelo presidente Hugo Chávez, apesar das tentativas de desestabilização.

Também saudou os significativos resultados apresentados por Bolívia, Nicarágua e Equador a partir do compromisso e ação de seus governos.

Na mesma linha, ressaltou os avanços dos países membros da Comunidade do Caribe, os níveis de cooperação e integração solidários na Aliança Bolivariana para os Povos de Nossa América (ALBA) e os resultados obtidos pelo governo do Brasil.

O chanceler observou que esses progressos não dependeram da ajuda internacional dos países desenvolvido, que é quase inexistente, nem de mudanças positivas na ordem econômica global, que continua sendo sumamente injusta e exploradora, a favor dos países ricos.

A esse respeito, assinalou que o aprofundamento do intercâmbio desigual, a contração da assistência oficial ao desenvolvimento, a limitada e contraída transferência de tecnologia e as restrições que persistem nos mercados das economias mais avançadas para as exportações dos países pobres.

"A dívida externa já foi paga várias vezes, mas se multiplica, e a desregulação e corrupção financeira nos países desenvolvidos provocaram uma crise global, com consequências especialmente negativas para as economias subdesenvolvidas", agregou.

Também se referiu ao aumento da quantidade de pessoas que vivem na pobreza extrema e as que passam fome a nível mundial, e advertiu que na África Subsaariana e em partes da Ásia esses males permanecem em níveis que tornam muito difícil sua redução.

O chanceler cubano perguntou de que cooperação internacional se fala quando nem remotamente se chegou ao compromisso de 0,7% do produto interno bruto (PIB) das nações desenvolvidas como Assistência Oficial ao Desenvolvimento.

"Quando esses mesmo países são os principais responsáveis de um gasto militar mundial que ascende US$ 1,4 trilhões, o que representa 2,4% do PIB mundial", agregou. Ainda denunciou a ausência de vontade política dos países desenvolvidos para chegar sequer a compromissos substanciais para reduzir as emissões de gases de efeito estufa.

Mais adiante, perguntou como abrigar esperanças de cumprir as metas do ODM quando se aumentam as referências à possibilidade de uma agressão militar contra o Irã que, vindo a acontecer, causará a morte a milhões, afetará a vida de milhares de pessoas e agudizará a fome e a pobreza no país.

A ONU cometerá uma traição à sua razão de ser se não tomar consciência destas realidades e agir já, apontou, ao insistir na necessidade de uma nova ordem econômica e política internacional

Fonte: Prensa Latina