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PF apreende dólares, euros e reais em operação no RS

A Polícia Federal realizou uma grande operação nesta quinta-feira no Rio Grande do Sul na sede do BANRISUL e de duas agências de propaganda que atendem o governo estadual. A Operação Mercari está investigando desvios na área de marketing do banco, e apreendeu dólatres, euros e reais nas agências de propaganda.

Dinheiro apreendido

O superintendente da Polícia Federal no Rio Grande do Sul, Ildo Gasparetto, ressaltou que o Banrisul é vítima dos supostos desvios de recursos investigados pela força-tarefa composta pelo órgão, Ministério Público Estadual e Ministério Público de Contas. A afirmação do delegado foi feita durante coletiva na tarde desta quinta-feira.

 
A apuração está focada em esquema de desvios de recursos da área de marketing, que teriam causado prejuízo ao banco. A suposta organização criminosa, integrada por alto funcionário do banco e diretores de agências de publicidade, pode ter causado prejuízo de mais de R$ 10 milhões nos últimos 18 meses. 
 
— O objetivo de tudo é que o dinheiro retorne. O Banrisul é vítima disso. É uma quadrilha que se colocou com funcionários públicos e privados, que retiraram dinheiro que deveria estar em aplicações do banco para uso particular — resumiu Gasparetto. 
 
A investigação dá conta de que as ações de marketing do banco, contratadas junto a agências publicitárias, seriam superfaturadas. De acordo com a PF, as campanhas eram terceirizadas a empresas que, por sua vez, subcontratavam os reais executores dos serviços. Estes, segundo a PF, cobravam preços muito menores do que aqueles pagos pelo banco. 
 
Gasparetto descartou relação do período eleitoral com a força-tarefa que investiga o esquema. O delegado afirma que o objetivo é cruzar todas as informações para saber o destino que era dado ao dinheiro. 
 
— Nas buscas foram recolhidos documentos e computadores. Tudo está sendo analisado. Se tiver algo em relação a campanhas eleitorais, será comunicado ao procurador eleitoral. Não é porque estamos há um mês de uma eleição que vamos parar de trabalhar — ponderou Gasparetto.
 
Pelo menos duas agências estão sendo investigadas na Capital. Até o momento, três pessoas foram presas pela PF.
 
Nesta manhã, uma pessoa que seria testemunha-chave no caso destacou que "pessoas recebiam propina" e que era apresentado um "orçamento definitivo". Na hora da cobrança, "os valores eram superiores ao dito pela pessoa".
 
— Um projeto que seria em torno de R$ 350 mil foi faturado em R$ 546 mil — disse a testemunha.
 
Segundo a Polícia Federal, a Justiça Estadual, acionada pelo Ministério Público Estadual, autorizou o compartilhamento de informações com o Ministério Público de Contas, que requereu ao Tribunal de Contas do Estado inspeção especial no Banrisul — já determinada —, bem como com a Polícia Federal. Os supostos crimes apontados seriam evasão de divisas, ocultação de bens e valores e sonegação fiscal. 
 
A operação recebeu o nome de Mercari. Ao todo, são 11 mandados de busca e apreensão, sendo 10 deles na Capital e um em Gravataí. Participam da ação cerca de 76 pol

Fernando Lemos, aliado de Yeda e Simon, encabeçou megaoperação publicitária

O período abrangido pelas investigações da Operação Mercari (18 meses) pega em cheio a gestão de Fernando Lemos na direção do banco. Considerado da “quota do PMDB” e, mais particularmente, do senador Pedro Simon, Lemos esteve a frente de uma megaoperação publicitária do governo tucano que despejou milhões de reais em anúncios e campanhas.

Cabe lembrar que a despesa total do governo Yeda Crusius com publicidade aumentou consideravelmente a partir de 2008: cresceu 23% acima da inflação. Foi uma das receitas para enfrentar os escândalos e denúncias de corrupção. O governo tucano abriu os cofres e despejou publicidade na mídia gaúcha. Em dois anos, foram gastos em propaganda (a preços médios de 2008) cerca de 306 milhões. Deste total, mais de 200 milhões foram gastos pelas estatais. Mais de 80% deste valor (cerca de 164 milhões de reais) vieram do Banrisul.

Segundo análise do Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Sul, relativa aos anos de 2007 e 2008, dos 164 milhões gastos pelo Banrisul em publicidade, menos da metade foi legalmente autorizada. Cerca de 90 milhões gastos pelo banco em publicidade contrariaram a Constituição Federal e as LDOs (Leis de Diretrizes Orçamentárias) de 2007 e 2008. Neste período, apenas 8% da despesa com publicidade se enquadra no item “publicidade legal obrigatória”. Cerca de 92% foram gastos com publicidade institucional, ou seja, propaganda do governo.

Em 2009, o governo Yeda gastou 201 milhões em publicidade – quase três quartos do montante gasto em obras (271 milhões). Do total gasto em propaganda, quase a metade (99,5 milhões), veio do Banrisul. Cabe observar que só havia autorização orçamentária para o banco estatal despender 50 milhões, 49,5 milhões foram gastos ilegalmente, contrariando o disposto no artigo 149, § 7º da Constituição estadual.

Além da análise desses gastos, o Tribunal de Contas também realizou uma inspeção especial no banco a pedido do Procurador Geral do Ministério Público de Contas, Geraldo Da Camino. Coincidência ou não, em meio a esse processo de investigação, Fernando Lemos deixou a direção do banco no início deste ano, sendo premiado pela governadora Yeda Crusius com um cargo de juiz no Tribunal de Justiça Militar.

Da Redação local
Com informações da Zero Hora e RS Urgente