Capistrano: Nós comunistas nos orgulharmos da nossa história

Nós comunistas nos orgulharmos da nossa história, não só da história iniciada com a fundação do Partido Comunista do Brasil em 1922, mas de toda a história dos comunistas em todo o mundo. História que vem desde o Manifesto Comunista de 1848, passando pela Revolução Russa de 1917, pela vitória contra o nazismo na Segunda Guerra Mundial em 1945, pela Revolução Chinesa de 1949 e pela Revolução Cubana de 1959, marco da luta dos povos oprimidos contra o imperialismo. Nós nos orgulharmos, também, da nossa luta contra o colonialismo no continente africano e contra as ditaduras e as oligarquias na América Latina e Caribe.

Bandeira do PCdoB
Nesta longa trajetória não podemos esquecer os nomes de Marx, Engels, Lênin, Stálin, Ho Chin Mim, Che, João Amazonas, Prestes, Marighela, Apolônio de Carvalho, Ana Montenegro, Vladimir Herzog, Álvaro Cunhal, Pablo Neruda, Saramago, Cândido Portinari, Jorge Amado, Graciliano Ramos, Pretextato, Glênio Sá, Alírio Guerra, doutor Vulpiano, Lourival de Góis, Chico Guilherme e tantos outros camaradas que lutaram e se sacrificaram pela justiça social, pela classe trabalhadora, na defesa da sua utopia.

Claro que nessa trajetória cometemos erros, equívocos, pecamos, mas sem perder a capacidade de autocrítica, elemento basilar na vida de um militante comunista e de todos os partidos marxistas do mundo, como, também, sem perder o foco da nossa luta que é a construção de um mundo de paz, e a paz só se conquista com justiça Social.

Nós comunistas sempre tivemos como ponto basilar da nossa luta a construção de uma sociedade justa e pacífica, sociedade essa onde todos possam viver em harmonia entre si e com a natureza. Essa é nossa luta, essa é a nossa história, essa é a nossa utopia, uma utopia possível de ser concretizada.

Por tudo isso, nós comunistas nos orgulharmos da nossa história, não temos motivo de renegar ou de ter vergonha do nosso passado nem dos nossos princípios. O filosofo marxista Domenico Losurdo, no seu excelente trabalho “Fuga da História? A Revolução Russa e a Revolução Chinesa vistas de hoje”, afirma: “Se a autocrítica é o pressuposto da construção da identidade comunista, a autofobia é sinônimo de capitulação e de renúncia a uma identidade autônoma”. Não podemos capitular, não temos motivo para isso. Apesar da campanha midiática, mentirosa, falseando os fatos históricos, campanha permanente e orquestrada contra nós, comunistas, temos consciência da pureza dos nossos ideais e da justeza da nossa luta.

Quando estudamos a história do movimento comunista mundial sentimos orgulho da nossa história. Renegar esse passado é renegar a história dos nossos mártires, daqueles que se doaram à luta por um mundo verdadeiramente democrático e socialmente justo, onde o ponto de partida seja igual para todos. Renegar esse passado é renegar a história de Luis Maranhão, Iran Pereira, José Silton, Emanuel Bezerra, Davi Capistrano, Virgílio Gomes da Silva, Anatália de Souza Melo Alves, dos que como eles morreram nos porões da ditadura militar, muitos deles sem o direito a um sepultamento e uma certidão de óbito e, foram muitos os comunistas trucidados durante esse tempo.

O movimento comunista internacional sempre teve nos seus quadros grandes figuras da vida intelectual que se juntava aos milhares de trabalhadores do campo e da cidade na luta contra o imperialismo, contra o colonialismo e o latifúndio, elementos causadores da miséria e do atraso, do subdesenvolvimento e da fome, em todo o mundo.

Aqui no Brasil os comunistas estão presentes em todos os momentos decisivos da história contemporânea, sempre ao lado do povo brasileiro, sempre buscando avançar na luta pelas conquistas da classe trabalhadora tais como: a jornada de 8 horas semanais de trabalho, o descanso semanal remunerado, férias, aposentadoria e outras conquistas incluídas na CLT. Em todas as lutas na defesa das nossas riquezas estamos presentes, na campanha de “O petróleo é nosso”, campanha essa que resultou na criação da Petrobras, empresa que é um orgulho nacional. Estivemos, também, presente na luta pela criação da Eletrobrás e da Companhia Siderúrgica Nacional.

O ideal de uma sociedade socialista continua vivo, pujante, apesar da violenta campanha anticomunista patrocinada pela grande mídia, essa mesma mídia que sempre esteve contra os avanços democráticos e as conquistas da classe trabalhadora, não só aqui no Brasil, mas em todo o mundo. Apesar de tudo, nós comunistas continuamos firmes na busca da consolidação da nossa utopia, repetindo o que disse o velho camarada Apolônio de Carvalho, “vale a pena sonhar”.

A luta tem sido longa e árdua, mas a nossa perseverança tem permitido avanços na consolidação das liberdades democráticas, surge uma nova América Latina.

No mês de maio, em Fortaleza, participando de um seminário sobre as esquerdas após o fim da União Soviética, o filosofo Domenico Losurdo, marxista italiano, levantou a necessidade de um novo bloco histórico para impulsionar o internacionalismo, disse ele que esta meta só será possível “se os partidos comunistas recuperarem o orgulho da sua própria história e reforçarem sua capacidade de análise concreta da situação concreta”. E isso vem ocorrendo em todo o mundo, a onda neoliberal está passando, nós comunistas retomamos a nossa luta e com orgulho estamos a empunhar a bandeira do socialismo. O sistema capitalista tem demonstrado a sua ineficácia, o modelo neoliberal é um fiasco, hoje os Partidos Comunistas na Europa e os governos de esquerda na America Latina retornam ao seu caminho que é fortalecer os movimentos de esquerda e enfrentar a onda anticomunista com altivez.

A luz no fim do túnel volta a brilhar e nós comunistas estamos a dizer em alto e bom som, nós comunistas nos orgulhamos da nossa história.

 

Antonio Capistrano é ex-reitor da Uern é filiado ao PCdoB