Messias Pontes – Os abutres quebraram a cara

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Como verdadeiros abutres, os principais opositores do governador Cid Gomes fizeram a festa com o cadáver do jovem Bruce Cristian, covardemente assassinado por um policial do Ronda do Quarteirão no último 25 de julho. Não tiveram o menor respeito pela dor da família do adolescente. Buscaram até a última gota do sangue derramado naquela fatídica tarde de domingo para satisfazer os seus desejos de poder.

A tragédia que comoveu não só o Ceará, mas todo o País, foi explorada à exaustão objetivando atingir em cheio a imagem do Governo que tem naquele programa o seu principal instrumento de combate à marginalidade e que foi o carro-chefe da campanha eleitoral de Cid há quatro anos. Todos esperavam ansiosos o resultado da próxima pesquisa de intenção de voto na esperança de ver Cid Gomes (PSB), que pleiteia a reeleição, cair pelo menos uma dezena de pontos percentuais.

Porém todos deram com os burros n’água, quebrando a cara quando o Ibope divulgou na noite de segunda-feira 2 o resultado da pesquisa feita depois do ocorrido. O Ibope colocou seus pesquisadores em campo nos dias 29 e 30 de julho e 1º de agosto, portanto uma semana depois do assassinato do adolescente.

Ao invés de cair, Cid Gomes subiu dois pontos percentuais, tendo Lúcio Alcântara (PR) caído dois, e Marcos Cals (PSDB) pontuado dois a mais que na pesquisa anterior, feita pelo Datafolha que apontou Cid com 47% das intenções de voto, Lúcio com 26% e Marcos Cals com 7%. Os tucanos esperavam que o seu candidato – que foi secretário de Justiça e Cidadania de Cid até o final de março – aparecesse com pelo menos o dobro do que obteve na primeira pesquisa.

Agora, todos questionam a formação dos policiais do Ronda. Realmente expertos em segurança pública questionaram o pouco tempo de formação desses policiais, notadamente os da primeira turma. Contudo os tucanos defenderam ardorosamente como se fossem autoridades no assunto. E o povo, que não é bobo, pergunta: por que somente agora estão condenando?A todos eles, a coerência mandou lembranças.

Aliás, a incoerência tem sido a marca registrada do senador Tasso Jereissati. Há pouco mais de dois meses ele declarou que Cid Gomes era um excelente governador e por isso mesmo merecia ser reeleito. E tudo fez para o seu partido fazer parte da coligação que apóia o Governador.

Inexplicavelmente, agora o tuxaua tucano declara aos quatro ventos, com muita ênfase, que há uma necessidade imperiosa de inovação no Governo do estado. Cid Gomes, que ganharia a eleição no primeiro turno se a eleição fosse hoje – o seu governo é bem avaliado pela maioria dos cearenses – bem que poderia e deveria cobrar coerência do senador tucano que foi governador por 12 anos, está no oitavo como senador e quer mais oito. Esse mandato, sim, necessita ser inovado.

Pressionado por setores do seu partido para disputar o quarto mandato de governador, Jereissati não aceitou alegando que como senador poderia fazer mais pelo Ceará. No entanto foi um dos líderes da tropa de choque que impediu a continuidade da CPMF – Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira. Com isso, o carente estado do Ceará deixou de receber R$ 1 bilhão por ano (R$ 4 bilhões em quatro anos), recurso que seria aplicado exclusivamente na saúde.

Em nível nacional, o senador tucano também tem se posicionado contra os interesses nacionais ao defender a submissão do País aos Estados Unidos. Ele é contra a corretíssima política externa do governo do presidente Lula, tem se posicionado contra o Mercosul e contra o ingresso da Venezuela nesse organismo. Vale lembrar que o saldo comercial do Brasil com a Venezuela é de US$ 5 bilhões anuais a nosso favor.

Com quatro pontes de safena, há quem diga que o senador tucano não é safenado. “Ponte de safena é para quem sofre do coração e o ‘galego’ não pode ter recebido nenhuma safena porque não tem coração”, dizem os que o conhecem de perto.

Essa tese se fortaleceu quando do acidente com o avião da Gol no dia 29 de setembro de 2006 – a quatro dias da eleição presidencial, quando morreram 154 pessoas, entre elas mais de 20 técnicos da Embrapa, os melhores do mundo. Naquele dia o tucano cearense declarou que “isso é muito ruim para nós, pois vai desviar as atenções do dossiê petista”. Em nenhum momento ele manifestou preocupação e muito menos solidariedade às famílias das vítimas. A sua preocupação era com o resultado da eleição presidencial.

Tasso Jereissati é um poço de incoerência. Ele não faz oposição ao governo Lula, mas sim ao Ceará e ao Brasil.

Messias Pontes é jornalista e colaborador do Vermelho/CE

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