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Declaração soviética provoca ruptura com chineses em 1963

As relações entre a União Soviética e a China atingem o ponto de ruptura em 15 de julho de 1963 assim que os dois governos adotam um irado debate ideológico a respeito do futuro do comunismo. Os Estados Unidos, à espreita, se deliciavam ao abrir-se um fosso entre as duas superpotências socialistas.

Por Max Altman, no Opera Mundi

Em meados de 1963, funcionários da União Soviética e da República Popular da China reúnem-se em Moscou para tentar soldar a fissura ideológica que se estava abrindo. O governo chinês mostrava-se abertamente crítico quanto ao que entendia ser o crescimento das “tendências contra-revolucionária” na União Soviética.

Em particular, a China estava descontente com a política da União Soviética de cooperação com o Ocidente. De acordo com uma declaração pública expressada pelo governo chinês em 14 de junho de 1963, uma política muito mais agressiva e militante se fazia necessária a fim de espraiar em todo o mundo a revolução comunista.

Não poderia haver “coexistência pacífica” com as forces do capitalismo e a declaração repreende os russos por tentar alcançar um entendimento diplomático com o Ocidente, em especial com os Estados Unidos.

Exatamente um mês mais tarde, à medida que os encontros de Moscou continuavam a se deteriorar em meio a uma atmosfera de mútua suspicácia e recriminação, o governo soviético emite uma fervente refutação a uma anterior declaração chinesa.

Os russos concordam que o comunismo mundial é ainda a meta final, porém novas políticas são necessárias. A “coexistência pacífica” entre as nações comunistas e as capitalistas é essencial numa era atômica e a declaração soviética afirmava com todas as letras que “Nós sinceramente desejamos o desarmamento.”

A declaração soviética referiu-se também à Crise dos mísseis em Cuba de outubro de 1962, em que a União Soviética ajudou no estabelecimento de bases de mísseis nucleares em território cubano. Sob pressão dos Estados Unidos as bases foram retiradas.

De acordo com os chineses, a União Soviética capitulou diante dos Estados Unidos. Essa não era a opinião de Moscou. As bases de mísseis haviam sido implantadas para deter uma possível invasão de Cuba pelos Estados Unidos.

Uma vez que Washington se comprometeu a abster-se de tal ação, as bases foram retiradas a fim de evitar uma Guerra nuclear absolutamente desnecessária. Este era um tipo de “cálculo responsável”, indicou a União Soviética, fundamental nas relações internacionais modernas.

Fonte: Opera Mundi