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Vitalidade, protagonismo e ampliação das alianças do PCdoB

Nesta quinta-feira, 15, reúne-se a Comissão Política Nacional, que deverá avaliar a construção realizada pelo PCdoB nesta primeira fase da campanha eleitoral, culminada com as convenções de junho. Ela vai se deparar com um quadro alvissareiro. Há duas questões de relevo este ano num pano de fundo que é um diferencial importante. De relevo, o protagonismo maior dos comunistas nas disputas majoritárias.

Por Walter Sorrentino*

Foram lançados um candidato ao governo no Maranhão e nove candidatos ao Senado em estados importantes como São Paulo, Amazonas, Minas Gerais e Rio Grande do Sul (veja relação completa). Em 2006, com uma única candidatura por estado, foram seis nomes e o PCdoB alcançou a quinta maior votação nacional na ocasião, com mais de 7% dos votos. Até então, o partido jamais havia participado de eleições ao governo estadual desde a retomada das eleições pós-ditadura.

Também é destacada a ampliação das candidaturas comunistas no país. Serão 137 candidatos a deputado federal e 649 a deputado estadual. As chapas próprias se desenvolveram: para estaduais em oito estados, para federal, em dois estados, sem computar os casos de coligações com amplo número de candidaturas comunistas. O número de candidatos se elevou em 90 % para federal e em 135% para estadual. Isso reflete o clima de abertura do partido, que só no período após o congresso (novembro do ano passado) em seis meses elevou em 18 mil do número de filiados. Reflete também o tempo estendido que foi dedicado à construção do projeto desde 2009, e as relações de confiança política construída entre os novos aderentes que buscaram candidatar-se pela legenda do PCdoB.

Não é de menor importância, felizmente, que o percentual de mulheres em todos os casos se elevou, mesmo com o crescimento absoluto dos números. Ao senado são duas candidatas em nove: Vanessa Grazziotin, no Amazonas, e Abgail Pereira, no Rio Grande do Sul. A federal, mantendo a tradição de maior bancada proporcional de mulheres no Congresso (são cinco em quatorze), de 2006 a 2010 as candidatas mulheres a federal passaram de 23% para 27% do total; a estadual de 18% para 23%.

A questão de fundo que distingue este processo dos anteriores é que o PCdoB diversificou sobremodo as coligações eleitorais. Aos governos estaduais e Senado, alianças com PT chegam a um terço do total, o restante sendo com PMDB, PSB, PDT majoritariamente. Serão apoiados pelo PCdoB nove candidatos do PT ao governo, sete do PMDB, quatro do PSB e três do PDT; o restante é de outras legendas.

Ao Senado, das 54 vagas, o PCdoB estará com 50 candidatos, nove próprios, 17 do PT (também um terço do total), 11 do PMDB, quatro do PDT, quatro do PSB e o restante de outras legendas. Às eleições proporcionais, em regra, as coligações são rigorosamente equilibradas entre os partidos citados.

Isso difere sobremodo das eleições anteriores, particularmente de quando se instituiu a verticalização nacional das alianças. E reflete toda a dupla movimentação havida nos últimos anos, no sentido de ampliar a base de sustentação do futuro governo Dilma Rousseff e estruturar melhor, no seio disso, as forças de esquerda para constituir um núcleo de forças estratégicas ao projeto nacional de desenvolvimento para avançar.

Esses são, sem dúvida, números progressivos na trajetória do PCdoB. Ligam-se ao papel determinado do partido em sustentar o ciclo aberto por Lula, agora com Dilma presidente, compondo amplas forças para tanto. No curso disso, os comunistas travarão um amplo combate pelo próprio projeto eleitoral, centrado na eleição de deputados e senadores, além do governo no Maranhão com Flávio Dino. Há possibilidades para o partido avançar em sua representação.

Nesse sentido, foi muito positivo verificar que o PCdoB se mobilizou amplamente em junho, com 27 convenções e quase 30 mil participantes, se computado o ato político de apoio a Dilma em 8 de abril, um grande sucesso de público. Antes houve as mobilizações sociais da juventude, trabalhadores e movimento popular, com forte protagonismo do PCdoB.

Com essas aquisições, há melhores condições para a derradeira fase da campanha, nas ruas, até 3 de outubro. A televisão começa somente em agosto. O PCdoB em todos os estados tem suficiente experiência acumulada para pôr em marcha um trabalho largo e profundo de convencimento político, boa organização de campanha, disputa do voto popular, captação de recursos, produção de materiais, mobilização militante, utilização intensiva da TV e rádio, mas, sobretudo a internet. São esses os fatores da vitória. Elas estão ao alcance do PCdoB se houver grande empenho e garra, própria da militância.

*secretário de Organização do PCdoB