Sindicato dos Gráficos delibera por greve e lança comunicado

Devido à falta de diálogo entre sindicatos patronal e de trabalhadores, o Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Gráfica, da Comunicação Gráfica e dos Serviços Gráficos do Estado do Ceará (Sintigrace), deliberou no dia 26 de junho pela greve dos trabalhadores do setor.

Segundo a entidade, a partir dessa data será paralisada uma empresa por dia, iniciando por aquelas que se negaram a fechar Acordos Coletivos de Trabalho, até que o Sindicato patronal resolva voltar à mesa de negociação e para atender as reivindicações dos trabalhadores.

Visando esclarecer a Categoria, a sociedade e as empresas sobre os motivos que levaram à paralisação, o Sintigrace divulga comunicado afirmando “que a responsabilidade pela falta de diálogo não é dos trabalhadores”. O documento considera ainda que “entendemos como um insulto a forma como fomos tratados por parte daqueles que dizem querer um setor gráfico forte e com qualidade de vida, mas que na prática ignoram as necessidades mínimas de seus funcionários”. Leia a seguir a íntegra do Comunicado.

Companheiros (as) gráficos (as) e população do Estado do Ceará,

Há 9 meses o Sintigrace deu inicio as negociações com o Sindicato patronal (Unigrafica) visando à celebração da Convenção Coletiva de Trabalho 2010. Durante esse tempo, nosso Sindicato utilizou todos os meios possíveis para alcançar o objetivo através do diálogo com a entidade patronal.

Acreditávamos ser possível um entendimento entre os trabalhadores e seus patrões, pois a indústria gráfica cearense conquistou um crescimento extraordinário nos últimos 10 anos, situação que a coloca com plenas condições de oferecer aos trabalhadores melhores condições de vida e trabalho, condições estas que não condizem com a realidade econômica vivida pelo setor, deixando os gráficos fora das estatísticas de melhoria da qualidade de vida do Ceará e do Brasil.

Porém os esforços e a boa vontade do Sintigrace não foram suficientes para convencer o Unigrafica de que o trabalhador gráfico cearense também é responsável pelo sucesso do setor e merece reconhecimento pelo papel que desempenha.

Acreditamos que os objetivos que levaram o Unigrafica a agir desta forma estão relacionados a interesses políticos da entidade que pretende desmoralizar o Sintigrace e, conseqüentemente, humilhar os trabalhadores gráficos. Sabemos também que muitos patrões estão descontentes com o papel do Unigrafica durante a negociação, pois em diversas conversas em visitas as gráficas declararam ao Sintigrace seu descontentamento.

A comissão escolhida pela entidade patronal, salvo raríssimas exceções, não esteve comprometida com o objetivo de fechar o acordo e de forma arbitrária e intransigente, negou todas as cláusulas que pudessem dar um pouco de qualidade de vida aos trabalhadores. Além disso, a comissão propôs um reajuste salarial muito abaixo da realidade do setor e que não encontrou semelhança com os reajustes das demais categorias com data base em janeiro.

Por equivoco ou má fé, a Comissão do Unigrafica afirmou que qualquer melhoria nas condições de trabalho oferecida aos trabalhadores quebraria as gráficas de pequeno porte desmerecendo o crescimento das mesmas. A verdade é que, em termos de reajuste, a maioria das gráficas pequenas já aplicou reajuste salarial entre 6% e 10%, muito acima dos 4,5% oferecido pela Comissão de Negociação patronal.

Partindo da premissa de que o problema do setor estaria nas empresas pequenas, o Sintigrace reuniu-se com os trabalhadores das gráficas consideradas de médio e grande porte e propôs a estas empresas a realização de Acordos Coletivos de Trabalho. Para nossa surpresa, foi à maioria delas que respondeu com ofícios ao Sintigrace afirmando a impossibilidade da realização do Acordo e tentando criminalizar o nosso Sindicato, caso este realizasse paralisações, para defender o Acordo. Ficou muito claro que uma Convenção sem conquistas sociais interessa as empresas consideradas de grande porte.

Sem alternativas para a continuidade do diálogo, com todas as cláusulas importantes negadas, só por intransigência dos patrões, a categoria reunida no último dia 26 de junho deliberou pela greve dos trabalhadores do setor.

A partir dessa data será paralisada uma empresa por dia, iniciando por aquelas que se negaram a fechar Acordos Coletivos de Trabalho, até que o Sindicato patronal resolva voltar à mesa de negociação e para atender as reivindicações dos trabalhadores.

Este comunicado é para esclarecer a Categoria, a sociedade e, principalmente, às empresas que a responsabilidade pela falta de diálogo não é dos trabalhadores que, imbuídos na boa fé da possibilidade de um Acordo satisfatório para as partes levou à mesa de negociação propostas capazes de atender as necessidades dos trabalhadores gráficos e que não trariam problemas econômicos às empresas.

Entendemos como um insulto a forma como fomos tratados por parte daqueles que dizem querer um setor gráfico forte e com qualidade de vida, mas que na prática ignoram as necessidades mínimas de seus funcionários.

A Diretoria

Fonte: Sintigrace