Memória e poesia marcam festa de Festa de São Pedro no Mucuripe

A festa, realizada desde 1932, recebeu o registro de primeiro patrimônio imaterial de Fortaleza.

Jangadas do Ceará

São Pedro, que chegou à missa num andor coberto de flores, representa a materialização do que não se toca: a fé, as crenças e a história dos pescadores do Mucuripe. Religiosamente, desde 1932, o bairro organiza a Festa de São Pedro dos Pescadores para reverenciar o santo padroeiro no seu dia, 29 de junho, ao tempo em que agradecem a fartura nas redes de pesca e as bênçãos recebidas quando vão à risca do mar.

Pela primeira vez, a Festa teve um tom diferenciado: ela recebeu o registro de primeiro patrimônio imaterial de Fortaleza. O registro inclui a Festa de São Pedro no Livro das Celebrações e a Igreja de São Pedro e seu entorno no Livro de Lugares. Construída há mais de 200 anos por iniciativa dos pescadores locais, a igrejinha também se tornou merecedora do registro por ser um templo sagrado que se reveste de forte valor simbólico ao tornar-se, momentaneamente, espaço para celebrações consideradas profanas.

Pela primeira vez também a Festa de São Pedro dos Pescadores contou com o apoio da Prefeitura Municipal de Fortaleza, através da Secretaria de Cultura (Secultfor). “Através dessa Festa, Fortaleza se reencontra consigo mesma. Não é saudosismo, mas sim, novos significados aos lugares, às memórias do nosso povo. Com esse registro e tantos outros tombamentos feitos na Gestão Luizianne Lins, estamos traçando e expressando o mapa afetivo de Fortaleza”, explica Fátima Mesquita, secretária de Cultura de Fortaleza. “Nossa atividade é de suma importância para Fortaleza. Lutaremos agora pelo registro das embarcações também”, antecipou Possidônio Soares, presidente da Colônia de Pescadores Z-8, que reúne mais de três mil pescadores e pescadoras.

A comemoração começou logo cedo, às 6 horas da manhã, com uma apresentação de coco de praia do grupo Coco do Iguape. Em seguida, a missa campal foi realizada em pleno calçadão da Av. Beira Mar. Padre Aumeri, pároco da igrejinha de São Pedro, e o cantor Paulo José levaram uma multidão de fiéis a cultuar o santo protetor dos pescadores e ofertar-lhe peixes e outros frutos do mar. Ao término da celebração religiosa, São Pedro seguiu em posição dianteira para a procissão das jangadas.

Feita por mais de 40 embarcações, o cortejo religioso saiu ao mar conduzido por pescadores da própria comunidade, levando centenas de devotos do Santo e curiosos. Pescadores como Pedro Paulo da Silva, que nasceu no dia 29 de junho e ganhou o nome do santo do dia. Comemorando hoje 48 anos de vida e 41 de ofício, ele reconhece: “A festa tá é bonita esse ano. Faz dez anos que participo dela e nunca tinha visto tão bonita”.

Ao voltar do mar, a procissão desaguou nos Festejos Juninos; foi recebida com festa quadrilheira. No palco, forrozeiros como Neo Pinel e Messias Holanda executavam um repertório típico do povo praieiro, como o hit “Eu quero me trepar num pé de coco, pra saber se o coco é oco”.

Procissão anuncia I Regata Vila do Mar

Na manhã desta terça-feira (29), os pescadores da Barra do Ceará, Cristo Redentor e Pirambu também iniciaram os festejos de São Pedro com uma procissão marítima e uma missa campal no novo “porto” criado ao lado do espigão construído pela Prefeitura de Fortaleza. Em nome da Prefeitura, a coordenadora do Projeto Vila do Mar, Rocicleide Silva, agradeceu aos pescadores e à comunidade e convidou todos para a Primeira Regata Vila do Mar, que acontecerá no próximo domingo (4), dando sequência às homenagens ao pescador artesanal.

De acordo com Rocicleide, “a Prefeitura promove a revitalização da cultura local, especialmente valorizando os mais de 500 pescadores artesanais identificados pelo Projeto”. Ela enfatizou que eles, junto a artistas e produtores culturais da região, confirmam o potencial turístico do litoral oeste, que está sendo fortalecido pelas ações do Vila do Mar.

Seu Quinô, que pesca desde menino, hoje com 58 anos, recorda que há “mais de cinqüenta anos comemora o dia do santo protetor da categoria”. Ele está à frente da mobilização dos festejos junto aos pescadores José Maria e Possidônio, todos da Colônia Z-8.

No próximo domingo, pela manhã, será o momento da competição esportiva dos pescadores. A I Regata Vila do Mar, realizada pela Prefeitura e as capatazias da Marinha, Casas Novas, Arpoador e Goiabeiras, com participação da Secretaria Municipal de Esporte e Lazer (Secel), vai envolver cerca de 70 embarcações, entre jangadas e botes à vela. O evento é apoiado pelas empresas Camargo Corrêa e Marquise.

A regata, a procissão e a missa mantêm acesas as tradições culturais dos pescadores artesanais do litoral oeste de Fortaleza, valorizando a categoria e estimulando a preservação do ambiente marinho e o resgate das belas praias de nossa capital. Durante a missa, o padre Lauro Freire sugeriu que o evento fosse intensificado no próximo ano, contemplando também um novenário dedicado a São Pedro.

Sobre o Projeto Vila do Mar

O litoral oeste de Fortaleza, situado entre o rio Ceará e o antigo kartódromo, irá receber obras de requalificação urbana e ambiental através do Projeto Vila do Mar. Os novos equipamentos, ações e projetos proporcionarão um novo padrão urbano, além de uma via litorânea que permitirá aos moradores do Pirambu, Cristo Redentor, Barra do Ceará e de toda a cidade apreciar nossas praias e suas belas jangadas. A avenida cobrirá o litoral oeste de ponta a ponta, com 5,5 quilômetros de extensão, com ciclovia, calçadão e estacionamentos.

Serviço

I Regata Vila do Mar

Data: 4 de julho
Local: Porto do Arpoador (Próximo à Av. Dr. Theberge)
Horários:
Largada da 1ª bateria – Bote Pequeno – 9h, chegada prevista para às 10h30.
Largada da 2ª bateria – Bote Grande e Jangada – 9h30, chegada prevista para às 11h.

Fonte: Prefeitura de Fortaleza