Eleições no Ceará: aumentam as articulações políticas

A poucos dias de ser definido o desenho político das Eleições no Ceará, especulações e articulações dão o tom do cenário local com interferências também nas alianças nacionais. O PCdoB tem participado ativamente deste processo visando eleger Dilma presidente, reeleger o governador Cid Gomes (PSB) e dois senadores da base aliada e ainda ampliar a representação dos comunistas tanto na Assembleia Legislativa cearense quanto na Câmara Federal.

Dilma e Cid

As articulações políticas no Ceará estão bastante intensas. Há poucos dias, as polêmicas giravam em torno dos candidatos que disputam as vagas ao Senado. Nesta semana, com o anúncio de novas pré-candidaturas na disputa ao Governo do Estado, o quadro que parecia estático tornou-se bem mais dinâmico.

O Senador Tasso Jereissati, cacique do PSDB, anunciou o Deputado Estadual Marcos Cals para encabeçar a chapa que, até agora, assim como a do candidato José Serra, ainda não conta com nome confirmado para ocupar a vaga de vice. O rompimento com o PSB do governador Cid Gomes, que também é o presidente estadual do partido, coincide com a visita do Presidente Lula ao Ceará no início deste mês. Uma frase do senador tucano demonstra seu ressentimento. “A vinda de Lula acabou com a valentia dos Ferreira Gomes (família a que pertencem os irmãos Cid e Ciro)”, disse Tasso, durante reunião com prefeitos.

Durante a visita ao Ceará, Lula defendeu a candidatura dos deputados federais Eunício Oliveira (PMDB) e José Pimentel (PT) para o Senado. Na mesma semana, Tasso procurou entrar em contato com o governador Cid Gomes e não obteve retorno. Esta teria sido a senha para Tasso decidir que seu partido lançaria candidatura própria.

Até o momento, os tucanos, no Estado, dispõe apenas do DEM como aliado na disputa eleitoral. O PSDB realiza sua convenção estadual de homologação das candidaturas do partido e alianças neste sábado (26/06), no Clube G-4, bairro do Bom Sucesso, em Fortaleza.

Lúcio também quer entrar na disputa

O ex-governador Lúcio Alcântara (PR) afirmou que está na disputa pelo governo do Ceará. Presidente estadual do PR, ele afirma que fechará questão na próxima segunda-feira (28), a apenas dois dias do final do prazo estabelecido pela Justiça Eleitoral para a formalização das candidaturas nessas eleições. Por enquanto, Lúcio segue as articulações internas. “Estamos conversando e escutando os candidatos do partido (aos cargos proporcionais). Queremos saber o que eles acham”.

O PPS, aliado de DEM e PSDB na eleição nacional para presidente da República, deverá, tanto em âmbito majoritário como proporcional, apoiar o Partido da República (PR), de Lúcio Alcântara. A estratégia da ida do PPS para a aliança com o PR foi fruto de uma articulação tucana, na tentativa de conseguir um segundo turno na disputa estadual e, na ocasião, os dois grupos de partidos poderem se aliar.

Articulações entram na reta final

A três dias da sua convenção estadual, o PT também corre contra o tempo para fechar os últimos acertos que definirão sua participação na sucessão estadual. É esperada para acontecer até domingo uma reunião entre Cid Gomes (PSB), Luizianne Lins (PT) e Eunício Oliveira (PMDB) para definir a aliança. Cada um preside o diretório regional de seu respectivo partido. O principal ponto a ser definido no encontro deverá ser a escolha, por parte do PT, entre lançar o nome do deputado José Pimentel (PT) para o Senado ou manter a vice-governadoria. A condição foi colocada para o PT pelo colegiado – do qual o PCdoB participa e o PT ainda não – formado por 15 partidos que compõem a base aliada ao governador Cid Gomes.

Apesar de ainda se manter o impasse em relação à composição da chapa majoritária, a possibilidade de um rompimento entre PT e PSB está cada vez mais remota, segundo avalia o segundo vice-presidente do PT, Antonio Carlos. “A tendência é a manutenção da aliança com o PSB, numa chapa com Dilma Rousseff (PT) a presidente, Cid ao governo estadual e Pimentel e Eunício ao Senado”, insiste o petista.

Enquanto os partidos de oposição de movimentavam em torno de suas candidaturas, a base aliada do governo Cid Gomes também se articulou. Um manifesto foi assinado por 14 partidos, aconteceram reuniões e acertos sempre buscando avançar na construção de uma aliança partidária que faça avançar também no Ceará o ciclo de mudanças iniciado com a eleição do presidente Lula e do próprio Cid Gomes como governador.

“Cid leva no 1º turno”, aposta Patinhas

Para o presidente estadual do PCdoB no Ceará, Carlos Augusto Diógenes (Patinhas), o cenário político local está num processo de definições. “Com o anúncio das pré-candidaturas de Cals e Lúcio, surgem duas correntes de oposição ao Governo Cid quando há bem pouco tempo parecia que não teríamos disputa”, avalia.

Sobre o anúncio da candidatura própria do PSDB, Patinhas considera que, além de Tasso se sentir desprestigiado por Cid Gomes, a decisão também teve influência do cenário nacional. “O Ceará era o único estado em que Serra não teria palanque. Com as candidaturas de Marcos Cals para disputar o governo do Estado e do próprio Tasso para tentar se reeleger ao Senado, está garantido o apoio que Serra precisava no Estado”. Apesar de garantido o palanque tucano, circulam nos bastidores informações de pesquisas que apontam que as intenções de voto em Serra no Ceará não passam de 10% enquanto Dilma tem mais de 70%.

Para Patinhas, as duas candidaturas de oposição têm uma dificuldade em comum. “Nenhuma tem discurso consistente. A saída do PSDB será apoiar-se na candidatura de Serra já que Marcos Cals participou desde o início da administração de Cid Gomes. Já Lúcio Alcântara corre o risco de ter seu governo (2003 – 2006) comparado ao do atual governador. Sendo assim, não tem nem comparação”, avalia Patinhas.

Segundo o dirigente comunista, a estratégia das duas candidaturas será buscar a confirmação de um possível segundo turno. “Não creio que isso vá acontecer. Cid Gomes leva no primeiro turno pois tem feito um trabalho de grandes realizações em todo o Ceará nas mais diversas áreas”, ratifica.

Base aliada

 Sobre o impasse que ainda emperra a definição da chapa majoritária no estado, Patinhas considera que já está próximo de ser resolvido. “O PT deverá definir até amanhã (25/06) se ratifica a candidatura de Pimentel ao Senado ou se fica com a vice-governadoria. Considero que a tendência é mesmo reafirmar Pimentel, pois seria a forma mais fácil de unificar as diversas correntes dentro do próprio PT”. Com esta definição, Patinhas afirma que a chapa se tornará ainda mais forte e unificada consolidando o palanque de Dilma com apoio do presidente Lula.

Patinhas informa ainda que, após a escolha do PT, outras questões ainda devem ser acertadas. “Com a provável definição do PT em reafirmar a candidatura de Pimentel, abre-se outras pendências. Ratificamos o nome de Hélio Leitão para compor a chapa majoritária. Assim como o PCdoB, outros partidos também disponibilizam opções de candidaturas para definir a chapa. Em seguida, surgem questões como as suplências e coligações para a disputa proporcional. Desejamos que estes impasses sejam resolvidos até domingo, data da convenção. Mas legalmente temos até o dia 30 deste mês para acertar todos os detalhes”, informa.

O PCdoB realiza sua convenção estadual neste final de semana, em duas etapas. Na tarde de sábado (26/06), o encontro irá reunir cerca de 200 delegados escolhidos nas quase 70 seções municipais. Na pauta, o debate sobre o projeto político do Partido para estas eleições. A convenção será no auditório da Secretaria Executiva Regional III. Já na manhã de domingo (27), o PCdoB participa da convenção coletiva dos partidos aliados que acontecerá na quadra do Colégio Evolutivo em Fortaleza.

De Fortaleza,
Carolina Campos