Documentos da Guerrilha do Araguaia vem à tona

O camarada Paulo Fonteles Filho, ouvidor do Grupo de Trabalho que representa a Comissão da Verdade entregou na segunda-feira (21) ao governo do Pará 41 documentos que foram produzidos sobre pessoas e instituições vigiadas, torturadas, mortas e desaparecidas durante o período da Ditadura Militar. Esses documentos são fichas de investigação, relatórios e outros registros feitos no final da década de 60 até 1987 e que estavam sob a guarda do Serviço de Inteligência da Aeronáutica (Cisa).


Paulo Fonteles Filho entrega documentos ao governo do Pará

O município de Xambioá no Tocantins, e os municípios paraense de São Geraldo do Araguaia, Palestina e Brejo Grande do Araguaia, recebem no final deste mês uma equipe de geólogos, antropólogos, arqueólogos, médicos legistas que acompanhados por equipes da Policia Federal e do Exército recomeçam as escavações em busca de ossadas dos desaparecidos na Guerrilha do Araguaia. Dos 150 desparecidos pelas mãos e força da ditadura militar brasileira, 80 pessoas, como Lúcio Petit da Silva e Jaime Petit da Silva que participaram da Guerrilha do Araguaia continuam desaparecidos.

Os 41 documentos descrevem desde a vida pessoal até eventos, movimentos da igreja católica, a teoria da libertação, as guerrilhas do Araguaia e ações urbanas, atos de quem queria ver o país livre da opressão. “Eu tenho a impressão que muita coisa foi retirada na hora do repasse e está tudo em formato PDF, mesmo assim são documentos importantes sobre o Pará que precisam ser conhecidos pela população”, disse o ouvidor.

A fundo nos documentos

Dentre os documentos estão relatórios sobre a resistência dos guerrilheiros do Araguaia, as atividades do clero, que incluem além das freiras, o padre Ricardo Rezende, Dom Pedro Casaldáglia, até Dom Luciano Mendes de Almeida e Dom Paulo Evaristo Arns, chamados de “esquerda clerical”.

A atuação do PCdoB está descrita nos papeis, destaque para o advogado Paulo Fonteles, Roberto Martins, Marcos Panzera, Hecília Veiga, Ademir Andrade e Padre Ricardo Rezende. Porém, não há nenhum documento que trate sobre prisão, tortura ou morte durante a Guerrilha do Araguaia.

Por se tratar do arquivo mais terrível sobre a vida politica no Pará, toda esta documentação pode ajudar na criação de um seção estadual da Comissão da Verdade, que habilitaria a região Norte entrar no programa “Memórias Reveladas” que investiga a ditadura militar no Brasil com financiamento do BNDES e da Petrobras.

De Belém;
Isa Arnour
Com fonte do jornal “O Liberal”, de 21/06/2010.