Um ano sem diploma reúne jornalistas, acadêmicos e sindicalistas

No caminho com Maiakóvski

"[…]
Na primeira noite eles se aproximam
e roubam uma flor
do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem;
pisam as flores,
matam nosso cão,
e não dizemos nada.
Até que um dia,
o mais frágil deles
entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a luz, e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada.
[…]"

Manifestação jornalistas

Foi citando um trecho do poema "No caminho com Maiakovski", de Eduardo Alves da Costa, que o estudante de jornalismo do sexto semestre Thyago Machado convocou estudantes e jornalistas a lutarem pela aprovação imediata das Propostas de Emenda Constitucional (PECs) que restabelecem a exigência do diploma para o exercício do jornalismo.

Thyago foi uma das cerca de 100 pessoas que participaram de protesto realizado hoje, dia 17 de junho de 2010, na Praça da Imprensa, centro de Fortaleza, pelo Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado do Ceará (Sindjorce). A manifestação em defesa da aprovação das PECs em defesa da retomada da obrigatoriedade do diploma para o exercício do jornalismo marca um ano da decisão equivocada do Supremo Tribunal Federal (STF) que derrubou essa obrigatoriedade. O local do protesto foi escolhido por estar localizado próximo das sedes das principais empresas de comunicação do Ceará.

Além de contar com diretores do Sindicato dos Jornalistas, profissionais de redação e de assessorias de imprensa e estudantes e professores de jornalismo, o ato foi prestigiado por representantes da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e dos sindicatos dos gráficos e dos vigilantes, que declararam apoio à luta da categoria.

O deputado federal José Airton Cirilo (PT) também esteve na Praça da Imprensa e defendeu a retomada da obrigatoriedade do diploma. "Essa vitória (aprovação das PECs) não pertencerá só a vocês, mas à sociedade brasileira", avaliou o deputado.

A estudante de jornalismo Ívina Carla Sousa, que cursa o 5º período nas Faculdades Cearenses (FAC) ressaltou a importância de essa mobilização continuar sendo realizada nesse período que antecede as eleições para deputados federais e senadores, quando os parlamentares estão mais sensíveis à pressão popular. "Se não houver muita pressão popular, essa questão ficará em "banho-maria", pois o Legislativo está eivado de empresários da Comunicação", ressaltou o secretário de formação do Sindicato dos Gráficos, Juarez Alves de Lima.

Jornalista formado em dezembro de 2009, Rafael Mesquita também participou da manifestação em defesa das PECs do diploma. Rafael ressaltou que em menos de um ano mais de mil registros foram concedidos indiscriminadamente e que é preciso reverter esse tipo de equívoco provocado pela decisão do STF. "Precisamos mobilizar toda a sociedade e aprovar essas PECs o quanto antes", sentenciou Mesquita.

A professora de jornalismo da Universidade Federal do Ceará, Klycia Fontenele também foi ao protesto na Praça da Imprensa. Ela ressaltou que a retomada da obrigatoriedade do diploma não fere a liberdade de expressão. "O diploma representa também um instrumento que pode contribuir para a informação de qualidade", defendeu.

Fonte: Sindjorce