Valton Miranda – Por que voto Dilma

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Lula e Dilma

Quando o Lula se candidatou pela primeira vez a presidência da República afirmei num artigo que o Brasil mudaria caso um operário se elegesse presidente. A elite brasileira desde a colonização sempre esteve com os olhos fixados na Europa ou nos EUA esperando alguma benesse.

A tolice de esperar que o dono do engenho dê alguma coisa para o escravo continuou com a teoria econômica do crescimento na qual a produção seria repartida posteriormente entre todos. De tolice em tolice chegamos até o primeiro governo Lula que para alcançar a presidência cometeu a tolice do pacto chamado “Carta aos Brasileiros”.

Foi esse pacto que permitiu que Lula alcançasse a presidência embora entre o primeiro governo e o segundo a grande elite tentasse fazer o impeachment. Porque como o escorpião é da sua natureza sempre dar o bote fatal.

Agora camuflada com o discurso continuista e respaldada por um evangelismo ingênuo que não percebe a natureza exata da palavra “democracia” precisamos manter, apesar de tudo, o bem sucedido binômio capital versus trabalho que não tem nada de dialético e tampouco de socialista mas melhorou a vida do povo.

Nem esse pouco a patifaria reacionária comandada pela Rede Globo aceita mas agora é preciso continuar com essa novata na política que demonstra grande competência gerencial e amor pela causa popular.

O discurso na Convenção petista deste domingo foi extremamente hábil mostrando conhecimento em todas as áreas nas quais o governo Lula conseguiu alavancar o Brasil. Não sou nenhum deslumbrado com o PT ou a Dilma mas sinceramente voltar ao sistema de privatizações, concentração de capital ou a teoria do crescimento para repartir o bolo me parece simplesmente estúpido.

O perigo do retrocesso

Portanto, creio que votar em Dilma Roussef se tornou uma questão de brasilidade e não simplesmente de democratismo barato porque neste momento histórico do colapso do capitalismo mundial ou avançamos ou ajoelhamos. Disso resulta que o célebre brado de Rosa Luxemburgo Socialismo ou Barbárie esteja presente neste momento embora o socialismo seja uma meta ainda muito distante de alcançar.

Caso o Serra vença esta eleição isso significará não somente o retorno do intelectualismo esnobe do Fernando Henrique que disfarça a pusilanimidade diante do Capital Global mas também a capitulação da sociedade brasileira diante da burguesia aninhada no PSDB paulistano.

É mister vota em Dilma para consolidar o que foi alcançado pelo povo brasileiro e cujas raízes no solo da igualdade são ainda muito frágeis. Não se trata de uma luta entre competências ou personalidades mas de uma batalha entre projetos que envolvem o conjunto deste maravilhoso povo que ainda não tomou consciência clara da sua força e confunde Big Brother Brasil com Big Brasil Brasileiro.

Nesta coluna nascente creio que a resistência não é uma questão petista mas de toda a população brasileira que sentiu o cheiro da esperança enquanto aguarda mudança mais concreta.

Valton Miranda Leitão é médico psicanalista

Fonte: Blog do Valton Miranda

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