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Sem vice nem discurso, Serra busca os votos de Minas

O pré-candidato presidencial oposicionista, José Serra (PSDB), participa nesta segunda-feira (7), em Montes Claros, do Encontro de lideranças do Norte de Minas, dando início à sua campanha no estado. O ex-governador Aécio Neves estará junto, na tentativa de desmentir a versão de que fará corpo mole na campanha presidencial, 'cristianizando' o tucano paulista.

O verbo 'cristianizar' nasceu na campanha presidencial de 1950, quando o PSD lançou Pinheiro Machado como candidato, mas na prática apoiou Getúlio Vargas, do PTB. Caso os boatos tenham fundamento, seria uma vingança histórica das Alterosas, pois Cristiano era mineiro (o que não impediu que ficasse em terceiro lugar em seu próprio estado). Será também uma reincidência de Montes Claros, já que em 2002 os tucanos locais voltaram as costas para a primeira disputa presidencial do paulista.

Além de Aécio, Serra será acompanhado pelo governador de Minas Antonio Anastasia, pré-candidato do PSDB à reeleição. Os oposicionistas prometem reunir "centenas de lideranças" no encontro convocado para o Automóvel Clube de Montes Claros.

Vice: sobem as apostas em Aleluia, do DEM

Serra chegará a Monte Claros sem vice definido em sua chapa, embora falte menos de uma semana para a Convenção Nacional do PSDB – que será sábado que vem (12), em Salvador. Embora a Convenção possa legalmente deixar o vice em aberto, seria uma demonstração de fraqueza, em uma campanha oposicionista já abatida pela queda nas pesquisas.

A bolsa de apostas sobre o vice se inclinou neste fim de semana para o deputado José Carlos Aleluia (DEM-BA), apesar do reduzido entusiasmo dos tucanos em ter na chapa um partido que foi o pivô do Mensalão do Distrito federal. Os adeptos de uma alternativa tucana, já desesperançados de atrair o senador Tasso Jereissati (CE), testam as alternativas dos senadores Marisa Serrano (MS) e Álvaro Dias (PR).

A visita a Minas conviverá ainda com as vacilações em relação à linha de campanha de Serra. Uma descrição sintética mas certeira foi feita neste domingo pelo colunista Elio Gaspari, que não é propriamente um fã de Lula. "O tucanato está tonto e zangado. A prova da falta de rumo está na insistência de José Serra em vazer oposição vigorosa… ao governo da Bolívia."

No resto do seu comentário, Gaspari tenta alentar a oposição. "A perplexidade tucana não tem amparo na realidade. A percentagem de eleitores dispostos a tirar o PT do governo é igual à daqueles que gostariam de votar em Dilma Rousseff. Trata-se apenas de batalhar pelo votos com uma plataforma real, livre de marquetagens. Se perder, paciência",argumenta Gaspari. Mas o que fica é a tirada inicial de um jornalista que não resiste a uma descrição ferina.

A novela da vice tem data fixada em lei para terminar: 5 de julho. A do discurso pode entrar pela campanha eleitoral adentro, já que as opiniões oposicionistas estão divididas. A de uma hipotética 'cristianização' de Serra em Minas virá ou não à luz com os resultados de 3 de outubro.

Da redação, com agências