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PCdoB quer estruturar cultura e contribuir para programa de Dilma

Nesta quinta, 3 de junho, o PCdoB promove seu 4º Seminário de Cultura, o primeiro feito a partir do coletivo criado em fevereiro. O evento será uma importante oportunidade para os comunistas estabelecerem uma atuação organizada e focada em ações imediatas – relacionadas com a disputa eleitoral – e de médio prazo. Entre os encaminhamentos a serem tratados estão a definição dos pontos que serão propostos para a candidatura de Dilma Rousseff (PT) e a criação de uma Plataforma Cultural do PCdoB.

Javier Alfaya

Realizado na capital paulista em parceria com a Fundação Maurício Grabois, o seminário tem como fio condutor a estruturação de um trabalho que já vem sendo feito há tempos pelos comunistas. “Nossa meta é fazer com que o partido saia de uma situação dispersa – embora muito importante na área cultural – para uma ação organizada, permanente e de qualidade ainda maior”, explica o deputado estadual pelo PCdoB da Bahia, Javier Alfaya, responsável pelo Coletivo Nacional de Cultura.

Além disso, o partido quer discutir um conjunto de contribuições que podem ser apresentadas para a pré-candidata à presidência da República, Dilma Rousseff, e ir além formando um documento geral norteador das ações do partido na área. “Temos ainda os nossos candidatos, que precisam estar afinados com o que o PCdoB defende para a cultura. Nossa contribuição na área é muito rica e vem de anos. Essas experiências precisam ser sistematizadas e casadas com a defesa de um projeto nacional de cultura”, diz Alfaya.

Nesta bagagem já acumulada pelo partido estão, por exemplo, a passagem de Eduardo Bomfim pela Secretaria de Cultura de Alagoas; de Jandira Feghali pela Secretaria Municipal de Cultura do Rio de Janeiro; a experiência obtida ao longo dos dez anos em que administra Olinda (PE); a atuação parlamentar – que conta com o apoio de muitos artistas e agitadores culturais – e a inserção em entidades dos movimentos sociais, como a UNE, onde ajudou a desenvolver o Centro Universitário de Cultura e Arte (Cuca) e a Bienal.

“O partido conta ainda com nomes como Leci Brandão, Martinho da Vila e Netinho de Paula, entre outros, figuras culturais fortes. Ou seja, é hora de a gente se apresentar mais organizadamente para a sociedade com um projeto do partido para a cultura, capitalizando o que já foi feito”, acrescenta Alfaya.

Com a retomada do debate cultural no PCdoB em um patamar mais organizado e de atuação constante, os comunistas esperam chegar até o final do ano com a criação de diversos coletivos estaduais e, por conseguinte, municipais. Outra meta é transformar o coletivo em secretaria, igualmente com a reprodução nos comitês estaduais.

Para 2011, está prevista a realização – logo após o Carnaval – da quinta edição do seminário, focando o debate na orientação dos eleitos pelo PCdoB e, mais tarde, a realização de encontro teórico que servirá para a discussão de temas mais conceituais, como a relação entre cultura e identidade nacional, as experiências culturais no socialismo, o universal e o nacional etc. “Quero provocar o partido a discutir essas questões e ajudar na criação de um ambiente cultural próprio de debate produtivo sobre a cultura”, destacou.

Ação nacional

Na avaliação de Javier Alfaya, o governo Lula deu grandes contribuições para a área cultural, que deixou de ser um debate limitado a camadas restritas da população e passou a ter maior amplitude, sendo parte da agenda nacional. O PCdoB contribuiu com esse novo cenário através, por exemplo, da atuação de Célio Turino, que esteve à frente dos Pontos de Cultura, no Ministério da Cultura. “Mas, os investimentos nessa área ainda estão aquém do que desejamos e do que o Brasil precisa”, afirma.

“Sabemos que é possível ir além e vemos a cultura como um dos fatores essenciais do Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento que queremos. É preciso que defendamos o mercado e a indústria cultural brasileira”, coloca Alfaya.

Para o deputado, as ações pontuais são importantes, mas é necessário que haja uma real democratização da produção cultural em nível industrial. “Somos a favor de uma política industrial mais ousada para que o país entre em certas áreas, como a da indústria cinematográfica, as redes de distribuição, a maior participação da rica música brasileira no mercado mundial. Temos matéria-prima, mas não temos como competir”.

Ele cita como exemplo positivo de política cultural encampada pelo Estado a cidade de Londres, escolhida por seu país para ser a capital mundial da indústria criativa, aproveitando a preparação da cidade para a Olimpíada de 2012. “Foi uma decisão ousada do Estado em assumir esse compromisso com um orçamento alto e em não deixar apenas nas mãos dos empresários e agitadores culturais o desenvolvimento da área”.

Javier Alfaya também destaca o casamento necessário – e já tradicional – da cultura com o turismo, como forma de alavancar as duas áreas. “Em Paris – cidade mais visitada por estrangeiros – 11% dos turistas vão por causa do Museu do Louvre. Isso demonstra as potencialidades que ainda temos para explorar e organizar a economia da cultura com a do turismo”.

Por fim, diz que “temos que tirar experiências de ações desse tipo no sentido de aprender com essa sagacidade que consiste em tomar decisões estratégicas para a cultura”.

Programação

A seguir, a programação do seminário, que acontece a partir das 9h até as 19h no auditório da Apeoesp (Praça da República, 282).

Das 9h30 às 12h
Balanço dos governos Lula na cultura, perspectivas e propostas do PCdoB
Com Jandira Feghali, Célio Turino e Elder Vieira

Das 14h às 19h
Movimentos sociais e cultura: Juventude, Pontos de Cultura, movimento sindical, movimentos sociais, artísticos e culturais
Com Fellipe Redó, Márcia Souto (Prefeitura de Olinda), Juana Nunes (MinC), Alexandre Santini e Ana Petta

Sistema nacional de cultura: orçamento, legislação, economia da cultura, TV e rádios públicas e audiovisual
Com Manuel Rangel (Ancine), Javier Alfaya, Eduardo Bonfim, Indira Amaral (TV Aperipe – Sergipe)

Encaminhamentos, articulação do programa cultural de Dilma Rousseff; plataforma cultural das candidaturas do PCdoB
Com Adalberto monteiro (presidente da Fundação Maurício Grabois) e Javier Alfaya – Coletivo Nacional de Cultura

Da redação,
Priscila Lobregatte