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Mockus descarta aliança com esquerda. Mais uribismo na Colômbia?

O candidato à presidência da Colômbia pelo Partido Verde, Antanas Mockus, descartou uma aliança com a esquerda, representada pelo Pólo Democrático, mas deixou em aberto a possibilidade de coalizão com o conservadorismo e o liberalismo para um provável segundo turno. Tal posicionamento joga luz nas dificuldades do quadro político colombiano, no qual há uma forte tendência de evitar que uma derrota do uribismo se transforme em uma mudança de fundo na postura conservadora que domina o país.

De acordo com as pesquisas, Mockus, ex-prefeito de Bogotá, se encontra em empate técnico com o candidato governista Juan Manuel Santos, ex-ministro da Defesa. Como, segundo as sondagens, nenhum postulante atingiria a maioria absoluta na eleição de 30 de maio, deve ser necessário um segundo turno, em 20 de junho, no qual serão decisivas as alianças com outros partidos e movimentos.

Mockus, contudo, já sinalizou que não é uma alternativa à Uribe que signifique uma mudança consistente. Tanto que reproduz o discurso do atual presidente em alguns temas e rejeitou a possibilidade de pender para um caminho mais progressista, em aliança com Gustavo Petro, candidato do Pólo na disputa presidencial. Sua alegação também repete a campanha de difamação usada por Uribe, que tenta associar a esquerda à violência e às Farc.

"Não é que o (Gustavo ) Petro esteja convocando a que haja mais violência, mas ele segue defendendo teorias que, de algum modo, direta ou indiretamente, justificam a violência", disse Mockus, em declarações a uma rádio local. Segundo ele, por essa razão, aliar-se com Petro "contraria" seus planos, pelos quais "não há justificativa para a violência".

Em resposta, Petro assegurou que, ao contrário do que diz Mockus, sua proposta de equidade social não legitima a violência, pelo contrário, é o instrumento para superá-la. "Adeus, Mockus", disparou o candidato do Pólo, ao saber das declarações do adversário. Ele anunciou que seu partido irá se abster de votar no segundo turno e se manterá na oposição como tem feito nos últimos oito anos.

Historicamente, a esquerda tem sido prejudicada por essa campanha de estigmatização da direita que tenta vinculá-la à guerrilha e impede o seu avanço político-eleitoral. Petro, que aparece com 5% das intenções de voto nas pesquisas, criticou o candidato do Partido Verde, dizendo que ele se colocou no mesmo campo político do presidente Uribe, de quem, no passado, já foi um dos mais fortes opositores.

Mockus admitiu que admira a candidata do Partido Conservador, Noemí Sanín, e o candidato liberal, Rafael Pardo, enquanto reconheceu que o programa do Partido Liberal tem alguns pontos de convergência com o seu. "Mas não quero me antecipar, na equipe há muito zelo pelo tema das alianças. Eu tenho mantido esta porta aberta, mas cada vez mais me custa fazer isso, porque queremos preservar a identidade do partido, que é bonita e clara", disse o candidato do recém-criado Partido Verde na Colômbia.

A julgar por suas posições e preferências, se Mockus conseguir vencer a disputa presidencial, não representará nenhuma guinada na Colômbia: será como o uribismo sem Uribe.

Com agências