Presidente do PCdoB/CE avalia pré-campanhas e Convenção Estadual

O balanço do cenário político atual tanto no Brasil como no Ceará foi o tema central desta conversa que o Vermelho/CE teve com o presidente estadual do PCdoB no Ceará, Carlos Augusto Diógenes (Patinhas). Segundo o comunista, a tendência nos estados é polarizar as candidaturas em torno do apoio a Dilma Rousseff (PT) ou José Serra (PSDB).

Patinhas, PCdoB-CE

“O quadro eleitoral no cenário nacional já está praticamente definido. De um lado, a candidata petista Dilma Rousseff, com grande apoio da base aliada. Do outro, o tucano José Serra, apoiado por DEM e PPS. Fora estes, Marina Silva (PV) aparece sem grandes espaços e surge ainda outras candidaturas menores”, contabiliza Patinhas.

Com a declaração recente do PSB de que o partido não irá lançar candidatura própria (Ciro Gomes postulava disputar as eleições para Presidente da República pela legenda), o dirigente comunista afirma que se confirma a tese defendida pelo Presidente Lula de que esta eleição será plebiscitária. “A disputa irá girar em torno de Dilma e Serra. Com isto, será inevitável a comparação entre os oito anos liderados por Lula e por seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso”, considera.

Segundo Patinhas, os cenários estaduais, diferente do nacional, ainda não estão definidos, não só no Ceará, mas em diversos estados. “A tendência é de que as alianças estaduais irão se conformar em torno dos dois campos principais da disputa presidencial”, avalia.

Ceará: direita enfraquecida

No Ceará, Patinhas destaca uma peculiaridade. “O Governo de Cid Gomes é uma administração exitosa. Com o apoio de fortes investimentos federais no estado, vemos o Ceará dando passos largos na implantação de projetos estruturantes de desenvolvimento”. Transnordestina, Eixão das Águas, Siderúrgica, Refinaria e investimentos nas áreas sociais, na saúde, na educação e na segurança pública são exemplos citados pelo dirigente comunista. “O governo é forte e conta com a aprovação de boa parte da sociedade cearense. Os quatro partidos principais da base aliada do governo estadual (PSB, PMDB, PT e PCdoB) têm desempenhado destacado papel para a consolidação de um Ceará ainda mais forte e desenvolvido. Nós que fazemos parte do PCdoB nos sentimos orgulhosos de ter dado nossa contribuição, notadamente na área da saúde”, comemora.

De acordo com Patinhas, a oposição a este cenário no Ceará demonstra grandes fragilidades. “Vemos claramente o enfraquecimento dos setores conservadores no estado. O DEM, por exemplo, não tem deputados federais, nem estaduais e só administra três pequenas prefeituras. É uma força em extinção. Já o PSDB, que antes tinha 130 prefeituras, hoje administra menos da metade das cidades. A legenda chegou a contabilizar 10 deputados federais, mas hoje tem apenas dois”. Tasso Jereissati em recente encontro com prefeitos e lideranças partidárias do PSDB afirmou que o seu partido não tem nomes com capacidade eleitoral de disputar a eleição para governador, numa demonstração clara do enfraquecimento de sua outrora tão poderosa e forte agremiação partidária.

Diálogo com partidos aliados

Diante desta realidade, os partidos que compõem a base aliada de apoio ao Governo Cid têm mantido um diálogo permanente. “Já conversamos com o PSB, com o PMDB e com o PDT, que também declarou apoio ao projeto de reeleger Cid governador. Recentemente, nosso encontro foi com a executiva do PT, com a presença da atual prefeita Luizianne Lins. No centro do debate, a continuidade do projeto de avanço para o Ceará, apoiando a reeleição de Cid Gomes”, informa.

Para Patinhas, apesar das conversas já existentes, ainda há indefinições em relação a chapa majoritária. “Com a decisão do PSB nacional de não lançar candidatura própria à presidência da república, penso que as conversações vão se acelerar e alcançar um novo patamar de definições”. Afirma também que “com a sinalização do PSB de apoiar a candidatura de Dilma, creio que criam-se as condições de montagem de um grande e forte palanque pró-Dilma no Ceará.

O PCdoB do Ceará já definiu o seu apoio a Cid Gomes e a Eunício Oliveira, candidato do PMDB a uma das vagas no Senado. “As indicações para vice-governador e para a outra vaga no senado devem ser definida através de diálogo entre os partidos, buscando um equilíbrio entre as forças que compõem a base de apoio do governador. Neste sentido, lançamos o nome do advogado Hélio Leitão para compor a chapa majoritária. Hélio tem uma trajetória pública marcada pela defesa da democracia, do progresso e dos movimentos sociais”, defende.

Processo de mobilização para a Convenção Estadual

Além de costurar este diálogo com os partidos aliados, o PCdoB cearense já está vivendo internamente um rico movimento de mobilização e debate. “Iniciamos nosso processo de plenárias municipais. Iremos reunir nossas bases partidárias para discutir assuntos que serão abordados durante a nossa Convenção Estadual Eleitoral. Nestes encontros realizados nas cidades, serão escolhidos os delegados que participarão da convenção estadual”, informa o presidente estadual do PCdoB.

Patinhas destaca a importância desta mobilização. “Este processo envolve reuniões dos organismos de bases partidárias e plenárias municipais. Estamos sendo protagonistas de uma rica construção coletiva do nosso projeto eleitoral para 2010”. O dirigente destaca que neste projeto eleitoral serão definidos os nomes que irão disputar as eleições proporcionais. “Para a Câmara Federal, deveremos ter 4 candidatos, sendo os principais Chico Lopes e João Ananias. Já para deputado estadual, deverão ter cerca de 15 candidatos, buscando também a eleição de dois, inclusive a reeleição de Lula Morais. Iremos buscar coligações que possibilitem, assim, dobrar nossa participação tanto no parlamento federal quanto no estadual”.

A Convenção Estadual Eleitoral está prevista para acontecer nos dias 26 e 27 de junho deste ano. O Vermelho/CE já disponibilizou resolução da Comissão Política Estadual do PCdoB/CE sobre a Convenção Eleitoral Estadual e o documento que servirá de base para o debate no processo da Convenção.

De Fortaleza,
Carolina Campos