Guarda Municipal de Maracanaú espanca professores

Um grupo de policiais da Guarda Municipal apareceu de surpresa no acampamento instalado em frente à Secretaria de Educação.

Agressão Professores

Com xingamentos, socos e até café quente, eles agrediram os manifestantes por volta da meia-noite desta quarta-feira (28/04). As professoras e professores denunciaram o caso à Delegacia Metropolitana e entidades de Direitos Humanos.

Pouco antes da meia-noite, um grupo de quinze professores e professoras municipais de Maracanaú se preparava para descansar em barracas armadas em frente à Secretaria Municipal de Educação. Após um dia intenso de mobilizações, o grupo se mantinha firme no acampamento instalado durante à tarde para reivindicar o que já está previsto em lei e não é cumprido: a implantação do Piso Nacional do Magistério. De forma brusca, um grupo da Guarda Municipal apareceu, com palavrões, ameaças e pancadas.

“Foi algo de uma atrocidade incomensurável, desnecessária”, destaca a presidente do Sindicato dos Servidores Municipais de Maracanaú (Suprema), Vilani de Souza. Segundo ela, o comandante da operação identificado como C. Eduardo, deu início às agressões jogando café quente no seu rosto. Em seguida, começou o quebra-quebra das barracas. O grupo praticou racismo, com xingamentos que faziam alusão a cor da pele da sindicalista. Testemunhas relatam ainda que os guardas ameaçaram as professoras avisando que iriam agredir suas partes íntimas com cassetetes.

Entre os mais atingidos, o professor Luciano Dantas foi espancado por um dos policiais na cabeça, enquanto a professora Ilma Ferreira Costa recebia pancadas nas costas, ficando com hematomas. Os dois realizaram exames de corpo de delito no Instituto Médico Legal (IML).Com as saída dos guardas municipais, os professores procuraram a delegacia Metropolitana de Maracanaú para registrar as agressões.

“Foi uma ação covarde, truculenta. Estamos correndo risco de vida. É importante dizer que o comandante responsável pela operação é investigado pelo assassinato de um policial militar. É um torturador que está treinando crianças para serem torturadores também”, destacou Vilani.

Durante a madrugada de ontem, o presidente da CUT-CE, Jerônimo do Nascimento, e diversos dirigentes sindicais foram ao acampamento prestar apoio e solidariedade aos manifestantes. A presidente da Federação dos Trabalhadores Municipais do estado do Ceará (Fetamce), Netinha, informou que hoje estão ocorrendo visitas aos locais de trabalho do município de Maracanaú para divulgar o episódio de violência e sensibilizar para a greve dos professores. O caso também está sendo encaminhado para as Comissões de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e Assembléia Legislativa.

“Foi uma noite de terror. Entendemos que isso não é ação que deve ser cometida por gestores. Vamso tomar todas as medidas judiciais e políticas para que isso não aconteça mais”, reforça Netinha. “Que futuro pode ter a Educação de um município assim? Que trata professores no cassetete e com revólver engatilhado?”, questiona o advogado do Suprema, Valdecy Alves. Ele afirma que todas as medidas cíveis e criminais serão tomadas.

Cronologia da violência

28/04/2010: Professores(as) vão à Câmara Municipal pela manhã. Durante à tarde, acampam em frente à Secretaria de Educação de Maracanaú. Quinze professores permanecem acampados durante a noite, fazendo vigília de protesto;

23h30min: Os guardas municipais, de forma truculenta, violenta e covarde agridem derrubam a barraca, batem nos professores, ofendem, injuriam, praticam racismo, puxam arma, ameaçam de morte. Um guarda diz que voltaria para matar professores;

24h: O movimento sindical se mobiliza inicialmente por telefone, conversando com os agredidos que estavam em pânico. Chegam representantes da Confetam, CUT-CE, Fetamce e assessoria jurídica do Sindicato;

24:30h: Cinco professores agredidos vão à Delegacia Metropolitana de Maracanaú registrar o boletim de ocorrência contra os agressores;

01:30h: Concluído o B.O e expedidas guias para exame de corpo de delito dos dois professores mais agredidos.

Professores espancados

Professora Vilani de Souza – o guarda jogou café no rosto dela, ameaçou de morte, xingou, praticou racismo com palavrões, ameaçou introduzir o cassetete em suas partes íntimas.

Professora Ilma Ferreira Rocha – Levou uma cacetada nas costas, tendo lesão corporal;

Professor Luciano Dantas – Levou forte pancada na cabeça, sangrando, quando tentava acalmar os violentos guardas

Professora Meire: Teve apontada arma na sua cara, foi chamada de vagabunda e outros xingamentos. Um dos guardas afirmou que iria matá-la.

Professora Joana D´arc: Ao tomar a frente da Meire, temendo que o guarda atirasse nela, teve a ameaça voltada para si. O guarda só baixou a arma porque alguns guardas evitaram o alertaram para não seguir em frente.

Fonte: CUT/CE com informações do advogado do Sindicato dos Servidores de Maracanaú, Valdecy Alves.