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Deputados do PCdoB protestam contra alta de juros

O aumento da taxa SELIC em 0,75% anunciado nesta quarta-feira (28) pelo Comitê de Política Monetária (Copom) provocou protesto da bancada do PCdoB na Câmara. Em discurso nesta quinta-feira (29), eles criticaram a decisão do Banco Central – às vésperas do Dia do Trabalhador, em 1o de Maio – que beneficia os banqueiros, rentistas, o capital, em prejuízo dos setores produtivos e dos trabalhadores.

“Nós, nesta Casa, estamos, há várias semanas, discutindo o aumento dos aposentados que ganham acima do salário mínimo. O governo declara que não pode conceder mais do que 7%, e nós defendemos 7,7%, o que significa o impacto de somente 1 bilhão, enquanto que a decisão adotada ontem pelo Banco Central vai impactar, no mínimo, em 5 bilhões as despesas públicas do nosso País”, alertou a líder do Partido na Câmara, deputada Vanessa Grazziotin (AM).

“A inflação não tem aumentado em um ritmo que justifique essa valor em um único dia. E o próprio Presidente do Banco Central disse: ‘Vamos dar uma paulada nos juros’. De fato, foi exagerado, além da conta”, criticou a parlamentar, sendo acompanhada pelos demais colegas de bancada.

Chico Lopes (PCdoB-CE) lembrou que “nossa dívida interna vai subir, não sei o montante, mas não será pouca coisa, colocando mais dinheiro na conta dos banqueiros. Atualmente, dos cinco mais ricos do Brasil, ninguém é do setor produtivo, todos são do setor bancário”, acrescentando que as queixas vêm de todos os setores – da indústria, dos trabalhadores e do próprio vice-presidente da República, José Alencar, que sempre se colocou contra juro alto no Brasil.

Também o deputado Edmilson Valentim (PCdoB-RJ) protestou contra a decisão do Banco Central que, “a pretexto de conter a inflação, freia a geração de empregos, o crescimento produtivo no País, desviando recursos públicos para o sistema financeiro”, acrescentando que “não é uma decisão que podemos ver como uma ajuda ao desenvolvimento do Brasil, num momento tão importante de afirmação da economia brasileira.”

Quem ganha e quem perde

Preocupada com a perspectiva de mais aumento, Vanessa Grazziotin anunciou que “nós do PCdoB vamos realizar atividades no sentido de aprofundar esse debate para ver como contribuir para não permitir o aumento dos juros.”

O aumento de 0,75% agora veio acompanhada de uma decisão também estabelecida em ata do Copom de que a tendência deverá ser a continuidade do aumento dessa taxa de juros. A justificativa para isso é a de que a economia está crescendo em um ritmo além do que deveria crescer e que isso pode fazer com que cresça a inflação.

Para Grazziotin, nessa situação existe dois lados – o do setor produtivo, que querem que o nosso País continue no caminho do desenvolvimento com geração de renda e emprego e o de rentistas, os banqueiros, o capital parasitário, que não produz absolutamente nada, vive só da renda. “Esses, certamente, serão os que mais vão ganhar, e vão ganhar muito, com esse aumento da taxa de juros, ao passo que quem mais perde são os trabalhadores.”

Ela lembra que as perdas ocorrem também em dois lados – pela contenção do crescimento econômico, da redução de novos empregos e de vagas no mercado de trabalho e segundo porque, cada meio ponto percentual de aumento da taxa de juros no Brasil significa um aumento nas despesas públicas na ordem de aproximadamente 5 bilhões de reais. A cada meio ponto, cresce a despesa pública em torno de 5 bilhões de reais!”, enfatiza.

E assinala que “há outras formas de controlar a inflação, sem que sejam necessárias medidas fiscais anticíclicas e tão duras como essa adotada, infelizmente, no dia de ontem, pelo Banco Central, que repito, vai ajudar muito os bancos. Está aqui a Febraban (Federação Brasileira de Bancos) comemorando, enquanto trabalhadores e empresários do setor produtivo estão a lamentar.”

Jô Moraes (PCdoB-MG) também se manifestou sobre o assunto. Para ela, a medida do Copom é “traiçoeira”. “Diante do desafio que temos para responder às demandas dos trabalhadores e trabalhadoras, o COPOM, de forma traiçoeira, golpeia o crescimento do País, golpeia a produção do País, golpeia os trabalhadores, estabelecendo um percentual acintoso de 0,75% de aumento da taxa SELIC.”

“Isso significa mais débito para se pagar aos banqueiros. Isso significa, no dizer do grande economista Delfim Netto, que não estamos buscando a estabilidade, mas sim estabelecendo a transferência de renda para o sistema financeiro”, concluiu.

De Brasília
Márcia Xavier