Belo Monte não é um blockbuster

Parece coisa de cinema, mas a polêmica envolvendo a construção da hidrelétrica de Belo Monte ganhou contornos hollywoodianos com a chegada, em Brasília, do cineasta James Cameron.

Da redação local

Cameron, famoso por mega produções como Titanic e o recente Avatar,carrega consigo o emblema de “celebridade verde” e pareceu querer transformar o Brasil em mais um de seus filmes quando se uniu à ruidosa manifestação, em frente ao prédio da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), liderada pelos Movimentos dos Atingidos por Barragens (MAB) e o Movimento Xingu Vivo,uma organização indígena, na última segunda-feira, 12.

Cameron, assim como os Movimentos Sociais contrários à Belo Monte, afirma que a construção trará mais prejuízos do que benefícios, pois a obra afetará terras indígenas e vilas inteiras seriam alagadas, com prejuízo da fauna e flora.

O diretor argumenta ainda que o Brasil poderia buscar uma fonte alternativa de energia em contrapartida à Belo Monte, mas desconhece que essas fontes não têm a viabilidade econômica decantada pelos ambientalistas. A instalação de uma usina eólica apresentaria custo muito superior e um potencial energético incapaz de abastecer o sistema previsto. Até porque o Brasil não pode ficar à mercê do regime dos ventos, que, na região, não são constantes. E a energia solar não fica atrás.

O cineasta precisa saber que hidrelétricas são consideradas “fontes limpas” perto das poluentes termelétricas da Amazônia, movidas muitas vezes a óleo diesel, e que despejam toneladas de CO2 na atmosfera todos os dias, um dos gases causadores do aquecimento global. Sem citar as constantes oscilações de quedas de energia, comuns em Manaus, que obrigam as indústrias a comprar geradores, um custo a mais para os empresários. Além disso, para abastecer essas usinas, o Brasil precisa importar o diesel, já que a região não o produz. Belo Monte acabaria com essa dependência. Ignorar esse potencial hidroenergético é virar as costas para o desenvolvimento do Brasil.

O que Cameron também não sabe é que a Eletronorte emitiu um Estudo de Viabilidade que comprova que Belo Monte ajudará o Brasil a se desenvolver, pois sua construção acrescentará ao Sistema Interligado Brasileiro um fator de capacidade de energia firme de 43%. Isso é muito se levar em consideração que todas as usinas hidrelétricas brasileiras apresentam fator de capacidade que variam entre 40% e 60%. A usina será capaz de levar energia para até 20 milhões de pessoas por um ano, pois tem potencial para ser a terceira maior hidrelétrica do mundo, ficando atrás apenas da Hidrelétrica de Três Gargantas (China) e da de Itaipu. A previsão é de que vá gerar 11,2 mil megawatts.

A usina será um marco no desenvolvimento sustentável, aquele que é pautado na responsabilidade da execução, que acredita no progresso com o menor dano ambiental possível. Produzirá uma energia limpa e renovável, aproveitando o potencial hídrico do Brasil e sem esquecer o lado social, pois gerará 18 mil empregos diretos desde a fase da construção.
E não é só a comunidade local que será beneficiada, a classe empresarial acredita que uma energia elétrica abundante e barata irá verticalizar a produção de minérios, otimizará as indústrias, com isso novas pessoas serão contratadas, o país crescerá e arrecadará mais impostos.

James Cameron ganhou muitos prêmios, mas parece ter esquecido a premissa básica de uma produção: ler o roteiro para entender, quem, na trama, é o protagonista.