Coelce: Deputados debatem campanha salarial dos eletricitários

A Assembleia Legislativa realizou, na manhã desta segunda-feira (12/04), audiência pública que debateu a campanha salarial dos eletricitários terceirizados pela Companhia Energética do Ceará (Coelce).

Desde janeiro, a categoria reivindica uma série de melhorias. Porém, até agora, não conseguiu chegar a um bom termo com a cúpula da empresa. O evento foi solicitado pelo líder do Governo na Casa, deputado Nelson Martins (PT).

A principal demanda é a concessão de reajuste salarial aos cerca de 7.500 profissionais. Hoje, eles ganham uma média de R$ 620. "Com isso, não é possível viver com dignidade", afirmou o presidente do Sindicato dos Eletricitários (Sindeletro), José Flávio Maia Uchôa.

Segundo ele, a proposta da entidade é de aumentar o valor para dois salários mínimos – R$ 1.020. Há aproximadamente seis anos, era esse o montante pago à categoria, que não descarta uma paralisação, caso a próxima rodada de negociações não solucione o impasse. Os trabalhos já foram suspensos duas vezes forçando a ampliação da contraproposta da empresa de R$ 660 para R$ 710.

Um terceiro encontro entre sindicato e patrões está previsto para esta terça-feira (13/04). "Concordamos que o reajuste é grande. Mas, se é grande, é porque as perdas foram grandes. E olhe que a Coelce está ganhando muito depois da privatização", ponderou o vice-presidente do Sindeletro, Cesário Macêdo.

O comentário refere-se ao lucro da Companhia, que, nos últimos quatro anos, foi de R$ 1,2 bilhão. Por conta disso, os eletricitários terceirizados reclamam mais benefícios. Querem a extensão do plano de saúde para seus dependentes e o aumento do valor do ticket alimentação, atualmente fixado em R$ 6,80. A proposta do patronato foi de um acréscimo de R$ 0,20. "É irrisório", classificou Flávio Uchôa.

O presidente do Sindeletro também alertou para melhorias no tocante à segurança do trabalho. De acordo com Flávio, uma auditoria realizada pela Delegacia Regional do Trabalho (DRT) indicou 32 irregularidades nesse quesito somente nas dependências da Coelce em 2009. Em 22 empresas contratadas pela Companhia, o número chegou a 148. "Um resultado desses não é nada bom", lamentou o deputado federal Chico Lopes (PCdoB-CE).

Todos criticaram a ausência de representantes da Coelce e das empresas contratadas. Para Nelson Martins, uma demonstração de desrespeito tanto com os trabalhadores quanto com o Legislativo. "Eles têm sofrido com achatamento salarial e alguns sofrem acidentes porque não têm boas condições de trabalho", pontuou o petista.

Já o presidente da Central Única de Trabalhadores (CUT), Francisco Jerônimo do Nascimento, defendeu a aprovação de um projeto de lei em tramitação no Congresso Nacional que regulamenta a contratação de pessoal terceirizado. Na opinião dele, distorções precisam ser corrigidas. “Eles não podem receber menos para realizarem o mesmo serviço que um servidor de carreira executa", argumentou.

Fonte: Coordenadoria de Comunicação Social da AL