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Morre Kaczynski, presidente polonês que "caçou" até ex-comunistas

Lech Kaczynski — presidente ultradireitista da Polônia que deflagrou a perseguição a membros antigos e atuais do Partido Comunista do país — morreu neste sábado (10), em acidente aéreo na região de Smolensk, na Rússia. A queda do avião presidencial polonês ocorreu durante o processo de pouso e matou um total de 96 pessoas — incluindo a esposa de Kaczynski, militares de alta patente e líderes civis.

Kaczynski

Autoridades russas e polonesas disseram que não há sobreviventes do avião — um Tupolev da era soviética, que levava a bordo o presidente, sua mulher, o chefe do Exército, o presidente do banco nacional, o vice-ministro das Relações Exteriores, o capelão do exército, o chefe do Gabinete Nacional de Segurança, o vice-presidente do Parlamento, o comissário para os direitos civis e pelo menos dois assessores presidenciais, além de três deputados.

Kaczynski chegou ao poder em outubro de 2005, sucedendo o social-democrata Aleksander Kwasniewski. O presidente morto neste sábado era um jurista ultraconservador e profundamente católico, procedente do movimento anticomunista Solidariedade de Lech Walesa. Junto ao irmão gêmeo, o ex-primeiro-ministro polonês Jaroslaw Kaczynski, entrou no final dos anos 1970 na oposição anticomunista e, em 2001, fundaram juntos o partido Direito e Justiça.

De julho de 2006 a novembro de 2007, os dois irmãos governaram juntos a Polônia —Lech como presidente e Jaroslaw como chefe de Governo. Para não pôr empecilhos no objetivo de Lech de ser presidente, Jaroslaw havia renunciado em 2005 ao cargo de primeiro-ministro, embora tenha conservado o muito influente posto de presidente de seu partido.

Partidário do intervencionismo econômico, queria transmitir a imagem de político experiente e honesto. Forjou essa fama acumulando os cargos de presidente do Tribunal de Contas, ministro da Justiça e prefeito de Varsóvia. Fiel a suas convicções reacionárias, proibiu várias manifestações de homossexuais em Varsóvia.

Perseguições

Desde o começo da gestão Kaczynski, a Polônia entrou numa fase obscurantista, marcada pela caça a ex-comunistas e homossexuais, além de provocações aos judeus. O governo polonês também foi um dos aliados do ex-presidente americano George W. Bush (2001-2009), em seu esforço para militarizar o espaço.

Como uma “lei da lustração”, de “purificação ritual”, Kaczynski obrigou 700 mil poloneses a confessar (e a pedir perdão) se colaboraram com os comunistas, de 1945 a 1989. O formulário trazia a pergunta: “Você colaborou secreta e conscientemente com os antigos serviços de segurança comunistas?”. Ao fim do processo, o Instituto da Memória, em Varsóvia, emitiria um atestado de pureza política.

Também sob Kaczynski, Roman Giertych, vice-primeiro-ministro, ministro da Educação e chefe da Liga das Famílias Polonesas, apresentou um projeto de lei homófoba. Toda pessoa que revelar sua homossexualidade — ou "qualquer outro desvio de caráter sexual" em um estabelecimento escolar ou universitário — tornou-se sujeito a multa, demissão ou pena de prisão.

Da Redação, com agências