Sinpro Minas comemora vitória na greve dos professores

“Foi uma mobilização vitoriosa. Mostramos para o patronal que não aceitamos o desrespeito, a falta de consideração e a precarização das condições de trabalho e da educação. Foi também uma vitória da categoria, mesmo que parcial, uma vez que desde o início dissemos que não aceitaríamos a retirada de direitos”, ressaltou Gilson Reis.

SINPRO MINAS - CTB-MG

Em assembleia na tarde desta terça-feira, no auditório da Faculdade de Medicina da UFMG, os professores da rede privada de ensino de Belo Horizonte e região decidiram encerrar a greve e retomar as atividades a partir desta quarta. Após a forte mobilização da categoria e a paralisação de três dias, o sindicato patronal recuou e fez outra contraproposta, que foi aceita pelos docentes na assembleia.
 
A contraproposta patronal prevê a manutenção da atual Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) e uma recomposição salarial de 4,36%, que é uma atualização da perda salarial correspondente à inflação anual.

A manutenção dos atuais direitos da categoria e o reajuste serão retroativos a 1º de fevereiro, com exceção da cláusula que trata da garantia de salários, cujo primeiro período se inicia nesta terça-feira (6/4) e vai até 31 de maio deste ano. Já o segundo período vai de 1º de agosto a 28 de novembro de 2010.

A assembleia também deu o aval para que o Sinpro Minas negocie a melhoria da contraproposta patronal, na reunião que acontece amanhã (quarta-feira), às 15 horas, no Sinep/MG. Além disso, os docentes exigiram que não seja feita nenhuma retaliação àqueles que aderiram à greve e que os dias parados não sejam descontados.

Durante a assembleia, também foi firmado o compromisso de realizar eleições para a escolha de delegados sindicais nas escolas, assim como a realização de um seminário para discutir as condições de trabalho e a pauta de reivindicação para a campanha salarial 2011. A ideia é aprovar a pauta já em agosto, durante o Congresso do Sinpro Minas (Consinpro).
Vitória da categoria

O presidente do Sinpro Minas, Gilson Reis, fez um balanço do movimento grevista, que teve a adesão de milhares de docentes das principais escolas da rede privada de Belo Horizonte e região, e parabenizou a categoria pela mobilização. Ele também elogiou a capacidade de organização e luta dos professores.

“Foi uma mobilização vitoriosa. Mostramos para o patronal que não aceitamos o desrespeito, a falta de consideração e a precarização das condições de trabalho e da educação. Foi também uma vitória da categoria, mesmo que parcial, uma vez que desde o início dissemos que não aceitaríamos a retirada de direitos”, ressaltou Gilson Reis.

Antes da forte mobilização, os donos de escolas haviam proposto retirar conquistas históricas e alterar cláusulas da atual CCT, que resultariam em perdas de direitos. Na manhã desta terça-feira, cerca de 300 professores fizeram uma manifestação em frente ao Sinep/MG

Na segunda-feira, a categoria também fizera uma manifestação na porta da Superintendência Regional do Trabalho (SRT), no centro de Belo Horizonte, após o término da assembleia.
“Conseguimos impedir a retirada de conquistas. Os professores deram uma aula de cidadania. A questão fundamental de todo este processo foi o salto qualitativo na organização da categoria, que respondeu de forma efetiva à mobilização. Rompemos com o medo e as dificuldades impostas pelos donos de escolas”, avaliou Gilson Reis.
Para o diretor do Sinpro Minas Newton Pereira, o recuo do patronal é resultado da unidade e da força dos docentes. “Consideramos um movimento positivo, que jogou muito peso na nossa organização. Se houve uma derrota nesta história, foi a dos donos de escolas, que queriam retirar conquistas históricas. Temos que continuar de cabeça erguida e manter a mobilização, para que, em 2011, conquistemos vários direitos”, frisou.
“A participação e a consciência de classe aumentaram após esse movimento. Há muito tempo não realizávamos uma paralisação como essa, de forma que, para o próximo ano, várias reivindicações ganharam força, como a equiparação dos pisos salariais da educação básica e a ampliação do adicional extraclasse. No ano que vem, teremos uma categoria mais forte”, disse um professor do ensino superior. “O mais importante foi que ficou claro para todos que temos de ter união”, afirmou uma professora do ensino básico.

A decisão dessa terça é válida para os professores que lecionam em municípios da área de abrangência do Sinep/MG, entre eles Belo Horizonte e região metropolitana. “Parabéns a todos que, com coragem e determinação, enfrentaram as pressões dentro das escolas em prol das condições de trabalho e da qualidade da educação”, disse o diretor do sindicato Marco Eliel Santos.