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O Partido Comunista e a classe trabalhadora no Brasil

O secretário sindical nacional do PCdoB, João Batista Lemos, lança nesta quinta (8) em Brasília o livro intitulado “A política sindical do PCdoB”, que reúne textos e documentos que fundamentam a orientação política e ideológica das atividades dos comunistas no seio da classe trabalhadora e no movimento sindical brasileiro.

Ao apresentar a obra, o presidente nacional do Partido, Renato Rabelo, destacou que a classe trabalhadora “está chamada a protagonizar” a luta política nacional por um novo projeto nacional de desenvolvimento e pelo socialismo. O tema, conforme Rabelo, é contemplado no Programa Socialista para o Brasil aprovado no 12º Congresso do PCdoB, que aborda o problema da seguinte forma:

“A questão essencial, e o ponto de partida para a transição, é a conquista do poder político pelos trabalhadores da cidade e do campo. Este triunfo exige o protagonismo da classe trabalhadora. Papel que requer a elevação de sua unidade e de sua consciência no plano político e social e apoio de seus aliados.”

Coveiro do capitalismo

A publicação reflete o debate ocorrido entre os comunistas sobre problemas políticos e ideológicos recorrentes e atuais como o próprio conceito de classe trabalhadora ou proletariado, que até recentemente foi marcado pela estreiteza; a centralidade (ou não) da classe na vida política nacional; o novo projeto nacional de desenvolvimento e a luta pela unidade das centrais, que terá um ponto alto na nova Conferência Nacional da Classe Trabalhadora (Conclat), convocada para junho.

No prefácio, assinado por Batista Lemos e pelo jornalista Umberto Martins, os autores indagam “qual o papel da classe trabalhadora ou do proletariado (aqui tratados como sinônimos) no projeto político do Partido Comunista do Brasil?” e argumentam: “Nossa referência ao procurar uma resposta a esta pergunta é a teoria marxista. Esta considera o proletariado potencialmente como o coveiro do capitalismo e o sujeito, por excelência, destinado a protagonizar a revolução socialista. ´A emancipação da classe trabalhadora será obra dos próprios trabalhadores´, proclamaram Marx e Engels no Manifesto do Partido Comunista, escrito em 1848.”

Centralidade

“A missão histórica do proletariado – enquanto coveiro do capitalismo”, prossegue o texto, “coincide com o objetivo estratégico dos comunistas, que é precisamente o de superar o capitalismo e construir, no processo da luta de classes, um novo sistema de relações sociais – o socialismo. Por esta razão, a classe trabalhadora deve desempenhar um papel central no projeto do Partido Comunista e na luta política nacional. Daí a sua centralidade.”

Batista e Martins esclarecem que isto não esgota a questão. “É preciso reiterar que o debate não se esgota com a mera proclamação, ou reiteração, de princípios. O protagonismo da classe trabalhadora é e será, antes de tudo, uma questão prática e política, que não deve ser abordada com romantismo ou idealismo”.

Protagonismo

– Protagonismo não é algo dado, que se encontra na história como um elemento espontâneo da realidade. Depende de uma construção histórica, cuja base é a própria experiência dos trabalhadores na luta de classes. É um desafio concreto que passa pela transformação da classe em si (sem consciência dos seus objetivos) em classe para si (ou seja, dotada de consciência anticapitalista), conforme indica Karl Marx, e requer a união do movimento espontâneo com a consciência socialista. Daí emanam tarefas indeclináveis e candentes para o Partido Comunista.

O protagonismo da classe trabalhadora na luta política nacional foi sensivelmente ampliado com a eleição de Lula para presidente da República em 2002, um líder de origem operária que se projetou nacionalmente no movimento grevista do ABC no início dos anos 1980. A legalização das centrais também foi um passo adiante neste sentido. Mas será preciso muito mais para avançar no sentido da estratégia comunista, que tem por norte a superação do capitalismo e a construção de uma nova sociedade – socialista.

Quem quiser compreender a política sindical do PCdoB não pode deixar de ler o livro que será lançado em Brasília nesta quinta-feira por João Batista Lemos.

Da redação