Dia do Jornalista, dia de comemorar

Por Clarissa Peixoto*

No último período, a profissão de Jornalista passa por intensas dificuldades, relativas a validade ou não do diploma do curso superior. Essa questão não coloca apenas em cheque a qualidade da profissão, que teria como aporte o mundo universitário, mas também desestabiliza os critérios para uma definição dos limites profissionais e regulamentação do ofício.

Talvez essa polêmica, aliada ao número de profissionais formados na área e as dificuldades de inserção no mercado de trabalho, sejam, ao me ver, os grandes desafios a serem superados pelos jornalistas brasileiros, enquanto categoria. Aliás a própria questão da organização dos trabalhadores jornalistas também seria um excelente temas a ser desenvolvido, nesta data tão importante para aqueles que vivem desta profissão.

No entanto, penso que, ademais todas as barreiras que ainda precisam ser transpostas por nós, a data de hoje, 07 de abril, precisa ser comemorada com os olhos voltados ao resgate da história do jornalismo do século XX, com suas conquistas e com os desafios a serem superados, de forma e conteúdo, no exercício da nossa profissão.

Por mais que vivamos num arquétipo de democracia, muitos de nós passaram por momentos de dificuldades e até mesmo de terror para garantir os direitos de liberdade de imprensa, do pensamento e da expressão. De fato, esses termos hoje são confundidos por aqueles que defendem a não obrigatoriedade do diploma, dizendo que formalizar a profissão é cercear a liberdade de expressar-se. O fato é que essa afirmação é uma inverdade, ao passo que, a profissão trata de especialidade técnica e não impede que todos possam comunciar-se através dos mais diversos meios de comunicação, expressando suas próprias opiniões.

O que vale resgatar é que, a categoria dos jornalistas foi, ao longo da história brasileira, uma importante parcela social, que lutou pela defesa dos direitos democráticos, da liberdade intelectual e de expressão. Unidos a diversos setores, foram perseguidos, torturados e resitiram, nos momentos mais conservadores, pelos quais o jovem Brasil republicano passou.

Olhar a História com os olhos seculares é entender que, por mais difícil que seja o momento que a nossa profissão enfrenta, a história provou que somos filhos da superação e devemos nos orgulhar da escolha que fizemos. Informação, formação de opinião, respeito a pluralidade de idéias. Todos elementos que devem compor o Jornalismo e fatores preponderantes para a construção de uma nação justa, igualitária e consciente.

Uma sociedade sem jornalistas é uma sociedade que não conta sua história através do cotidiano. Por isso, cientes da nossa parcialidade, frente ao mundo que vivemos, procuremos honrar a nossa profissão, construir a democracia e comemorar com orgulho a história de nossos antecessores.

*Clarissa Peixoto é Jornalista e membro da Comissão Estadual de Comunicação do PCdoB SC