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40 horas já: agora é a nossa vez de lutar por uma nova jornada

A conquista da jornada de 40 horas semanais pelos trabalhadores só se dará pela mobilização e pela pressão do movimento sindical, nas fábricas e no Congresso Nacional. Esta luta vai mostrar aos deputados e senadores, e aos patrões, a importância da jornada menor não só para os trabalhadores como para a sociedade.

Por Miguel Torres*, na Força Online

Segundo pesquisadores britânicos do News Economics Foundation, a salvação da economia mundial está na redução da jornada para 21 horas por semana — nós nem reivindicamos tanto. De acordo com o estudo — matéria do Estadão online de 17/01/10 —, essa medida aliviaria as pressões sobre o meio ambiente, ao cortar o consumo de energia e de outros recursos naturais; diminuiria o estresse tanto de empregados quanto de patrões, dando-lhes mais oportunidades de lazer; e mais mulheres poderiam entrar no mercado de trabalho, já que teriam mais tempo para cuidar dos filhos.

Uma das autoras do estudo, Anna Coote, acredita que, com uma jornada de 21 horas, teríamos mais tempo para sermos pais melhores, cidadãos melhores, vizinhos melhores, empregados melhores, menos estressados e mais produtivos. “É hora de romper o poder do velho relógio industrial, resgatar nossas vidas e trabalhar para um futuro sustentável”, diz ela.

Mas os empresários não pensam assim, e estão fazendo um grande movimento para adiar a votação do projeto da redução da jornada na Câmara dos Deputados. Eles dizem que a redução tem que se dar por meio da negociação entre os sindicatos e as empresas. Isso é discurso. Na prática, os patrões só negociam sob pressão ou com a fábrica parada (greve).

De nossa parte, estamos abertos à negociação. Só neste ano de 2010, fechamos mais de 20 acordos de redução, beneficiando mais de dez mil trabalhadores. Alguns acordos fixam a jornada de 40 horas já a partir deste ano, enquanto outros estabelecem uma redução gradativa. E temos várias negociações agendadas.

Temos na base muitas metalúrgicas que trabalham 40 horas há anos — e não quebraram, não perderam a competitividade nem tiveram queda de produção. Muito pelo contrário. De acordo com o IBGE, a produtividade do trabalho aumentou 84% de 1988 a 2008, enquanto o salário médio retraiu 27%.

Isto mostra que a redução da jornada é possível. Por isso, vamos persistir na luta até a conquista desta importante reivindicação, econômica e social, geradora de emprego e renda.

Nós vamos pressionar e os empresários vão decidir se querem negociação ou greve: redução da jornada, já!

* Miguel Torres é presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes e vice-presidente da Força Sindical