Jô aponta dois aliados na luta das mulheres mineiras

O presidente do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, desembargador Sérgio Resende, e o chefe da Polícia Civil do Estado, delegado Marco Antônio Monteiro de Castro, foram apontados hoje (24) pela deputada federal Jô Moraes (PCdoB/MG) como “dois importantes aliados na luta das mulheres contra a violência doméstica e familiar”.

Jô Moraes - Aline Risi/PCMG

Durante discurso na tribuna da Câmara dos Deputados, ela fez uma prestação de contas das providências que junto com representantes de entidades femininas vem tomando para melhorar a infra-estrutura de combate à violência contra a mulher.

Os mutirões anunciados por ambos, visando desafogar os trâmites; dar eficácia e agilidade aos trabalhadores das duas Varas de Crimes Contra a Mulher e da polícia judiciária, na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher, estão entre as principais razões da consideração.

“Sem dúvida nenhuma, tivemos da parte dos dois, importantes iniciativas. Do desembargador Presidente do Tribunal de Justiça, a idéia de disponibilizar juízes substitutos e de realizar mutirões com juízes em preparação para assumirem seus cargos; e do doutor Marco Antônio Monteiro, Chefe da Polícia, a excelente iniciativa do Programa Avante Mulher”. Este, criado pela Resolução nº 7.216 de 23 de fevereiro último, tem como propósito remeter às duas Varas de Crimes Contra a Mulher (13ª de 14ª) , no prazo de 75 dias, 3 mil inquéritos oriundos da aplicação da Lei Maria da Penha, devidamente saneados e relatados.

Encontro

Na manhã de terça-feira (23), Jô Moraes e a presidente da União Brasileira de Mulheres (UBM), Maria Bebela Ramos Siqueira, reuniram-se com o delegado Marco Antônio Monteiro; do qual também participou seu assessor, o delegado-geral Walter Ávila. Na semana passada, elas haviam se encontrado com o desembargador Sérgio Resende, para a mesma pauta: a construção de iniciativas e metas para enfrentamento dos crimes contra a mulher.

Além de anunciar a designação de 20 escrivães vindos do interior para acelerar a tramitação dos inquéritos; o delegado Marco Antônio também manifestou a intenção de transformar o Avante Mulher num projeto estruturante do PPAG (Plano Plurianual de Ação Governamental). O Avante Mulher prevê a constituição de grupos de trabalho compostos por 15 delegados 20 escrivães e 10 agentes de polícia para as atividades cartorárias e investigativas de campo.

Saídas

Aqui, o discurso da deputada federal Jô Moraes:

“Senhor presidente, senhoras deputadas, senhores deputados, A luta das mulheres contra a violência doméstica e familiar em meu Estado, Minas Gerais, deu mais um passo. Posso dizer mesmo, que ganhou dois importantes aliados: O presidente do Tribunal de Justiça, desembargador Sérgio Resende e o chefe da Polícia Civil, delegado Marco Antônio Monteiro de Castro.

Na semana passada, junto com oito dirigentes de entidades de mulheres tivemos uma longa conversa com o desembargador Sérgio Resende. Na pauta, a implementação da Lei Maria da Penha, já que faltam estrutura física, pessoal, delegacias e até mesmo o Juizado Especial de Crimes Contra a Mulher. Nas duas Varas de Crime contra Mulher, as 13ª e 14ª, estão represados 28 mil processos. Muitos prazos estão expirando. Ou seja, em breve agressores estarão livres e impunes.

Milhares de mulheres expostas a novas violências. Isto sem contar o crescente aumento dos registros desse tipo de crime sem que haja uma estrutura adequada e eficaz para coibi-lo. O desembargador mostrou-se sensível à nossa luta. Disposto a buscar saídas, alternativas para minorar e resolver as maiores pendências. Conversamos mais de duas horas, trocando impressões, apontando possibilidades. Ao final, ele se comprometeu a designar dois juízes substitutos para, de imediato, ajudarem a dar vazão aos processos represados nas 13ª e 14º Varas.

Outra possibilidade apontada foi a de os juízes, que hoje passam por um minucioso concurso público, possam também ajudar no fluxo dos processos represados nas Varas que viabilizam a Lei Maria da Penha. É que no período de junho a setembro, eles estarão cursando a Escola Judicial e se preparando para a práxis da magistratura. Oportunidade em que poderão atuar nas duas Varas.

Mas ainda há muito o que fazer. As carências são enormes. Nem mesmo o Centro Integrado de Atendimento à Mulher Vítima de Violência Doméstica e Familiar (CIM) inaugurado em junho do ano passado está em pleno funcionamento. A unidade do Instituto Médico Legal (IML) indispensável para o exame de corpo de delito, nunca foi para lá, como inicialmente previsto. O espaço é inadequado. A Delegacia de Mulheres também não está funcionando na sede do CIM.

É preciso reativar a delegacia de Venda Nova e abrir uma no Barreiro. Estes são os dois distritos de Belo Horizonte, responsáveis por quase 70% da demanda pelo serviço. O desembargador também nos deixou as portas abertas para estudos, discussões e entendimentos visando a busca de soluções práticas, condizentes com as muitas carências, em especial orçamentárias, para que esta que representa uma conquista das mulheres brasileiras – a Lei 11.340 de 2006, seja realmente implementada.

Ontem, dia 23, fui com a presidente da UBM, Bebela Ramos, conversar com chefe da Polícia Civil de Minas Gerais, delegado Marco Antônio Monteiro de Castro. Embora bastante jovem, ele conta com uma experiência fundamental, já foi chefe de Homicídios de São Paulo. Tem também preparo técnico e educacional, boa vontade e sensibilidade para enfrentar grandes desafios – condições essenciais para a função.

Assim como o desembargador, ele carece de infra-estrutura física e recursos humanos. Sua maior demanda é por delegados. Há cerca de 171 vagas, mas este número poderá crescer com as promoções, já que os que estão em idade de se aposentar cedem lugar para os promovidos, ocasião em que as vagas no início da carreira se revelam. No caso específico das inúmeras e sérias carências para o atendimento às mulheres vítimas de violência doméstica e familiar, o delegado Marco Antônio Monteiro nos revelou que já está previsto o Programa Avante Mulher.

Trata-se de um mutirão para agilizar os inquéritos represados nas delegacias. Para tanto, 20 escrivães do interior do Estado foram designados para atuar em BH. O delegado também quer transformar o Avante Mulher num projeto estruturante do PPAG, nossa maior motivação.

Outro avanço de nossa luta é o programa de capacitação de policiais para atuar com a questão da mulher. No caso serão priorizados crimes violentos e homicídios, que é assunto afeto à Polícia Civil. Este é um projeto da Secretaria Nacional de Segurança Pública que, assim como o delegado Marco Antônio Monteiro Castro, queremos ver implementado em Minas Gerais. E também as delegacias de Mulheres dos dois distritos de Belo Horizonte: Venda Nova e Barreiro.

Outro compromisso que o delegado está imbuído em efetivar. Mesmo porque, foi dele a iniciativa de criar a delegacia de Mulheres de Venda Nova. Enfim, são essas as boas novidades da luta das mulheres de Minas Gerais, que eu tinha para revelar. Muito obrigada”.

Foto: Aline Risi/PCMG