Gráficos: 4,5% de reajuste de salário é piada de mal gosto

Após 4 meses e 9 rodadas de negociações, pode ter chegado ao fim o diálogo entre trabalhadores e donos de gráficas convencional para se chegar a um acordo sobre a Convenção Coletiva de Trabalho de 2010.

Os patrões, após negarem todas as reivindicações consideradas importantes para os trabalhadores gráficos e apresentarem uma proposta de reajuste salarial de 4,11% aumentaram essa mesma proposta de reajuste para 4,5%. Rogério Andrade, presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Gráficas no Estado do Ceará (Sintigrace), classificou a proposta patronal como “uma piada de mau gosto” e já avisou ao Sindicato da Indústria Editorial de Formulários Contínuos e de Embalagens Gráficas no Estado do Ceará (Unigrafica – sindicato patronal) que não aceita a proposta.

Andrade afirma que, desde o início das negociações, o Unigrafica demonstrou desinteresse em negociar um acordo que tivesse alguma vantagem para os trabalhadores e sempre pautou sua postura na mesa de negociação de forma a não atender às reivindicações dos trabalhadores. O presidente do Sintigrace também afirma que é indevida a declaração dada pelo Unigráfica sobre a situação econômica das empresas. Segundo ele, para os negociadores do Unigrafica, as empresas estão pela “hora da morte” e qualquer benefício ao trabalhador é capaz de fechar as empresas e acabar com o setor gráfico cearense.

A realidade é outra. O setor gráfico cresce a cada ano no Ceará e teve o maior volume de investimentos do Nordeste dos últimos anos, além de ser beneficiado pela redução de ISS, de 5%, para 3% em Fortaleza, e pelo fim do pagamento do diferencial de alíquota de ICMS, quando as empresas realizam compras de equipamento ou insumos fora do Estado.

Para Juarez Alves, secretário de Formação do Sintigrace, não há como fechar o acordo com o Unigráfica. “Da forma como eles querem é melhor ficar sem Convenção”, disse. Das categorias com data-base em 1º de janeiro não houve uma que tenha fechado Convenção com reajuste abaixo de 6%. “A crise econômica ocorrida em 2009 atingiu todos os setores, por que só no setor gráfico temos que fechar a Convenção com reajuste ridículo?”, indagou o dirigente. Alves ainda denunciou que o reajuste de 4,5% só serve para os patrões desmoralizarem o Sindicato, pois a imensa maioria das empresas já adiantou reajustes salariais entre 5% e 10%.

Rogério Andrade informou que reunirá a diretoria do Sintigrace extraordinariamente para avaliar a Campanha Salarial 2010. Ele afirma que “nossa Categoria não será desmoralizada. Os patrões terão que respeitar nosso Sindicato e, principalmente, os trabalhadores. Esta campanha não é mais salarial. É política. Numa campanha política, somente atitudes políticas definem o resultado. Para nós até ontem esta campanha era salarial. Porém, o Unigrafica nos empurrou para uma campanha política. A partir de agora, também para nós, essa campanha é política”, finalizou o presidente do Sintigrace.

Fonte: Blog A Voz do Gráfico