Jô Moraes reporta viagem a Antártica

Noventa segundos naquela água gelada são suficientes para a parada geral do organismo humano. Essa frase o visitante escuta assim que começa a colocar o colete salva-vidas para embarcar na lancha ou no helicóptero, depois de ter feito a travessia oceânica de avião ou de navio. O perigo expresso nesse 1 minuto e meio, como o primeiro desafio dos que vão àquele continente é relegado a um segundo plano diante do encantamento que aquela região provoca.

Jô na Antártica

A primeira vez que se ouve falar do Continente Antártico é na escola, na aula de geografia, no primeiro grau. Depois a gente esquece e esse que é o quinto continente em extensão e o único sem divisão geopolítica passa a ser apenas a lembrança de um lugar de paisagem gelada e, mais recentemente, de onde se “vê” o buraco da camada de ozônio.

É na Antártica, no entanto que se concentram hoje as esperanças de uma cooperação internacional para a exploração científica com fins pacíficos. São 14 milhões de quilômetros quadrados, uma vez e meia o território brasileiro. Um continente hoje regido pelo Protocolo de Madri, assinado no ano de 1991 que designou a Antártica como uma reserva natural dedicada à paz e a ciência.

Uma caravana de parlamentares e representantes de outras instituições brasileiras visitou a Estação Antártica Comandante Ferraz nos primeiros dias de março do ano em curso. Integrava a comitiva o senador João Pedro do AM e os deputados Fernando Marrone, do RS, Jô Moraes de MG, Pepe Vargas do RS, Perpétua Almeida do AC e Vinicius Carvalho do RJ, além de ministros do TCU, integrante do Ministério de Ciência e Tecnologia, do Exército, da Marinha, um aluno de biologia do RJ, Eric Pereira, e assessores técnicos de diferentes órgãos.

A importância do Programa Antártico Brasileiro (PROANTAR) e os desafios que significam manter a Estação Antártica, só são compreendidos na sua integralidade quando se tem a oportunidade de ver mais de perto as pesquisas em curso, de vivenciar a difícil trajetória para se chegar àquela região e conhecer as condições de sobrevivência naquele continente.

Elefante-marinho, um pesquisador

Pode-se dizer que o continente Antártico é o controlador do sistema climático global. Cada massa de água com suas propriedades características sai da Antártica e é distribuída pelo mundo inteiro. Estudar as correntes marinhas daquele continente permitem fazer modelos de circulação de água e de ar para melhorar as previsões meteorológicas. E alguém tem dúvidas da importância de compreender os fenômenos climáticos para prevenir seus efeitos devastadores, depois de tantos tsunamis?

Com base nessa compreensão, o PROANTAR realiza atividades científicas na área de ciências da atmosfera (meteorologia, astronomia, física), ciências da terra (geologia, química dos solos) e ciências da vida (biologia, oceanografia).

Na Estação Antártica encontramos pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais e da Universidade Federal de Viçosa. Fica-se imaginando quanto de possibilidades o estudo do solo antártico pode ajudar a conhecer e elevar a produtividade da terra na região do Jequitinhonha…

Quando se fala em pesquisas que têm como centro elefantes-marinhos, alguns acreditam que é uma atividade exótica para alguns especialistas. Não imaginam que esse “amigo” da ciência coleta dados sobre o ambiente em águas profundas, durante o verão e o inverno, dados esses que permitirão melhorar a climatologia de uma maneira geral. (A pesquisa é feita colando-se um chip em sua cabeça).

Num quadro como esse cresce de importância o apoio logístico que a Marinha, a Aeronáutica e a Petrobrás dão para a realização da atividade científica. A FAB realiza 10 vôos anuais; um grupo de apoio de 10 militares da Marinha permanecem por um período ininterrupto de 12 meses na estação; 2 navios de apoio – o Ary Rongel e o Almirante Maximiano – auxiliam no abastecimento e no deslocamento dos pesquisadores; a Petrobrás fornece o óleo que mantém viva a Estação, alimentando os geradores de energia elétrica e permitindo o aquecimento da água.

Coisas da política: Lula foi o único presidente que visitou a Estação Antártica em exercício do cargo.

Ampliar os investimentos para garantir melhores condições de trabalho aos pesquisadores e aos profissionais de apoio é o grande desafio que todo visitante deve assumir.

Da Antártica,
Jô Moraes
deputada federal PCdoB/MG