Mulheres tomam às ruas de Salvador para celebrar o 8 de Março

Igualdade entre mulheres e homens. Infelizmente esta ainda foi a principal bandeira da marcha que percorreu as ruas do Centro de Salvador neste 8 de março em que se celebra o centenário do Dia Internacional da Mulher. Os discursos das parlamentares, líderes sindicais e do movimento social denunciavam o preconceito, a discriminação de gênero, a sub-representação política feminina e todos os tipos de violência de que mulheres são vítimas todos os dias no Brasil.

Mas, quem disse que as mulheres desistem de conquistar a sonhada equidade de gênero. Neste 8 de março, elas foram mais uma vez para as ruas e levaram sim suas bandeiras centenárias. Pediram respeito, tratamento igualitário no mercado de trabalho e o fim da violência doméstica. Ao som da banda Samba de Moças, formadas só por mulheres, mostraram a disposição de sempre para se fazerem ouvir pela sociedade. Gritaram palavras de ordem, fizeram um apitaço, desfilaram suas bandeiras e camisetas coloridas.

Por voltas das 17h, a marcha saiu do largo do Campo Grande com destino à Praça da Sé. Durante o percurso, líderes femininas se alternaram ao microfone do trio elétrico para falar de suas experiências, conclamar as mulheres à luta ou denunciar abusos contra os direitos da mulher. A deputada federal Alice Portugal, secretária de Mulher do PCdoB na Bahia, lembrou da importância das mulheres se fazerem representar nos espaços de poder. “A melhor forma de fazer isso é esta aqui. Organizar as mulheres nos sindicatos, nas associações de moradores, nos organismos políticos em geral, é trabalhar a auto-estima e o direito á participação feminina. Desta forma, você cria e exercita lideranças, projetando as mulheres para a política”, enfatizou Alice.

A secretária de Mulher da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) na Bahia, Rosa de Souza, chamou à atenção para os problemas enfrentados pelas mulheres no mercado de trabalho. “Nós mulheres ainda ganhamos menos que os homens mesmo desempenhando a mesma função. Ainda somos discriminadas na hora de assumir cargos de chefia e vemos nossa competência sempre colocada à prova. Temos que mudar esta situação e ir para as ruas é o caminho mais curto para a mudança”.

Elas e eles

A noite chegou e a marcha prosseguiu por toda a Avenida Sete de Setembro, a rua de comércio mais movimentada da cidade. Discurso e musica se alternavam no trio elétrico, que animavam as mulheres a seguirem até o final do percurso. A caminhada parou o trânsito. Nas lojas e nas sacadas dos edifícios muita gente se aglomerou para ver a marcha passar. Na calçada lotada, muitos olhavam a coragem das mulheres que seguravam imponentemente a bandeira pela descriminalização do aborto, defendiam os direitos das lésbicas e não se importavam com os olhares curiosos.

Muita gente, como dona Zizélia Bonfim, de 80 anos, que participa da marcha há muito tempo e faz questão de voltar todos os anos para pedir igualdade de direitos. Já dona Arlinda da Silva, 75 anos, acompanhou a manifestação pela primeira vez. “Fiquei sabendo da marcha em uma palestra e resolvi participar para ver como é. Estou gostando”, falou dono Arlinda.

Alguns homens também fizeram o percurso junto com as mulheres. “A luta por igualdade de direitos não é apenas das mulheres. Nos homens também devemos abraçar esta bandeira”, afirmou o bancário Guilherme Martinez, que participa da marcha há três anos. O industriário Antonio Patrício também concorda com isso. Para ele, os homens precisam estar presentes na luta das mulheres por uma sociedade igualitária, pois elas têm uma importância muito grande no desenvolvimento da sociedade.

Já passava das 18h, quando a marcha chegou à Praça da Piedade. Do alto do trio muita gente ainda queria falar sobre a luta nos bairros, nos sindicatos, nas ruas e nas casas. Logo em seguida à marcha, um show na praça da Cruz Caída, promovido pelo governo do estado e Conselho Estadual dos Direitos da Mulher fechou as celebrações dos 100 anos dia Dia Internacional da Mulher.

De Salvador,
Eliane Costa