Índios wajãpis transformam arte gráfica em bússola do saber

Conheça a versão brasileira da TV Vermelho para o vídeo “As expressões orais e gráficas dos wajãpis”, originalmente produzido em espanhol pela TV Unesco. Famosos no exterior por transformarem arte gráfica em sabedoria, os wajãpis (pronuncia-se “uaiampi”, segundo informações do Museu do Índio) são um grupo étnico linguístico do norte da Amazônia. Apesar de serem brasileiros, antes da versão da TVV não havia nenhum conteúdo audiovisual em português sobre os wajãpis disponível na rede.

Leia abaixo a íntegra do texto dublado no vídeo:

As expressões orais e gráficas dos wajãpis

Os wajãpis, que pertencem ao grupo étnico linguístico tupi-guarani, são uma população indígena do norte da amazônia. Os 580 membros que compõe atualmente esta comunidade vivem em cerca de 40 aldeias agrupadas num território protegido no estado do Amapá, no norte do Brasil. Os wajãpis tem uma antiga tradição que consiste em utilizar tintas vegetais para adornar seus corpos e outros objetos com motivos geométricos.

Com o passar dos séculos eles vem desenvolvendo uma linguagem única, uma mistura de artes gráficas e verbal, que reflete sua própria visão particular do mundo e mediante o qual transmitem os conhecimentos essenciais da vida da comunidade.

Esta arte gráfica única, conhecida pelo nome de kusiwa, é feita com tinta vegetal vermelha que se extrai de uma planta do amazonas, o urucum e com resinas perfumadas. A arte kusiwa é tão complexa que os wajãpis consideram que a competência técnica e artística necessária para dominar o desenho e preparar as tintas não é alcançada antes dos 40 anos. Os temas mais recorrentes são a onça, a sucuri, a borboleta e o peixe. Os desenhos kusiwa evocam a criação do gênero humano e ganham vida através de um rico corpo de mitos.

– Foi no começo dos tempos, quando os homens apareceram… Desde então seus conhecimentos foram transmitidos aos seus descendentes. O pai os contou ao filho, o filho os repetiu aos seus e assim todos passaram aos seus descendentes, aos seus netos e novamente aos que se seguiram… Assim é como aprenderam nossos avós. "Você deve se pintar com urucum", lhe dizia sua mãe. "Mas eu não concordo. Não quero", dizia a filha. Não estava coberta de urucum por isso ela foi atacada na selva.

Esta forma artística corporal, diretamente vinculada às antigas tradições orais ameríndias, possui vários significados de diferentes níveis sociológicos, culturais, estéticos, religiosos e metafísicos. Da kusiwa constitue a estrutura genuína da sociedade wajãpi e seu significado vai muito além de sua função de arte gráfica. Abarca um sistema vasto e complexo com uma maneira original de compreender, perceber e estar em interação com o universo. Esse repertório codificado de conhecimentos tradicionais evolui de forma permanente por que os artistas indígenas renovam constantemente os temas, inventando novos padrões.

– Assista ao vídeo original aqui.

Fonte: TV Unesco

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