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Aécio deixa o país, fugindo ao assédio para aceitar a vice

O governador de Minas Gerais, ex-presidenciável e suposto vice-presidenciável do PSDB, Aécio Neves, licenciou-se do cargo por 11 dias. Seguirá para um carnaval prolongado no exterior, a passeio, em local não revelado. Há quem diga que foi a forma encontrada por Aécio para fugir ao assédio se seus correligionários tucanos que querem vê-lo como vice do governador paulista, José Serra, na chapa presidencial oposicionista.


A Constituição mineira só requeira o licenciamento do governador no caso de ausências de mais de 15 dias. Mesmo assim, Aécio aproveitou a escapadela para passar a governança ao seu vice, Antonio Anastasia, que também é seu candidato ao governo em outubro.

Anastasia, embora ainda não tenha assumido forlamente a candidatura, aproveitará os dias de maior visibilidade para continuar uma maratona de inaugurações que já vinha realizando, a tiracolo de Aécio. Nesta quinta-feira, ele foi ao interior entregar 50 casas populares e uma Unidade Básica de Saúde. Busca assim incrementar seu desempenho nas pesquisas, que até agora lhe reservam o terceiro lugar, atrás dos candidatos do PMDB (Hélio Costa) e do PT (Patrus Ananias ou Fernando Pimentel).

A boa notícia ao alcance da mão

Porém há quem sustente que este será apenas um subproduto interessante do ausentamento de Aécio. E que na realidade o governador mineiro busca escapar à pressão da cúpula do PSDB visando fazer com que aceite ser vice na chapa de Serra.

O início do ano tem sido parco em boas notícias para os tucanos, e farto nas más. Dois meses de enchentes mortíferas expuseram a uma onda de críticas o governo de Serra e o de seu prefeito na capital, Gilberto Kassab, do DEM. As pesquisas indicam a presidenciável petista, Dilma Rousseff, nos calcanhares do tucano. O DEM permanece fora de combate devido ao sempre renovado escândalo do seu mensalão no DF. E neste domingo um artigo destemperado do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso constrangeu nove em cada dez oposicionistas, ao cair numa casca de banana jogada pelo presidente Lula e partir para a comparação de governos.

Nesta quadra de vacas magras, a boa notícia ao alcance da mão seria Aécio aceitar ser vice de Serra. Ao menos é o que acreditam os caciques tucanos e também os da mídia, que assediam o mineiro para que desista de seu projeto, que é eleger Anastasia e obter uma cadeira no Senado.

O dia em que o governador saiu do sério

Nesta terça-feira (9), o atual presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), e dois ex-presidentes, senador Tasso Jereissati (CE) e governador Teotônio Vilella Filho (AL), sentaram-se com Aécio para reforçar a pressão. A torcida na mídia já começa a esganiçar-se, tamanha a insistência.

A semana passada o governador, usualmente afável e comedido, perdeu as estribeiras com mais uma especulação, do Estado de S. Paulo, de que estaria aguardando as pesquisas de março para "provavelmente" dizer "sim" à vice. "É absurda e irresponsável essa ilação de que aguardo pesquisas. Serei candidato ao Senado", proclamou. Pediu à torcida tucana "responsabilidade e seriedade" em "um debate que é tão relevante para o país".

A bronca de Aécio parece não ter surtido efeito, a julgar pela investida da trinca Guerra-Tasso-Teotônio. Ao escapar para um lugar incerto e não sabido do planeta, o governador impõe uma trégua no assédio… Ao menos por 11 dias.

Da redação, com agências