Tucanos recorrem ao machismo para compensar ausência de projetos

Na mesma proporção que avança o cenário eleitoral de 2010 e cresce o apelo da candidatura de Dilma na sociedade, aumenta o desespero dos tucanos em desmoralizar sua liderança à frente deste processo. FHC, ao declarar que Dilma não é líder e é somente um reflexo de Lula, não faz mais do que revelar, além de um machismo enraizado, seu desespero com a ausência de rumos para o Brasil do tucanato. Por Flávia Calé*

Ao proferir essa afirmação, FHC leva somente em consideração, para se caracterizar o que é ser uma liderança, o fato de ter disputado ou não votos numa eleição. Por que a trajetória pessoal de Dilma se torna invisível em seu critério? Ao afirmar que Serra é líder porque mostrou que faz, por que também não menciona o histórico da administradora Dilma, altamente reconhecida como uma das suas melhores qualidades para ser candidata de Lula? FHC acusaria um homem com esse mesmo histórico de Dilma de não ser líder?

É sabido que o governo Lula teve o marco de uma virada mais desenvolvimentista durante o segundo mandato. É nesse período que verificamos o papel protagonista do Estado Brasileiro na indução do desenvolvimento econômico, através dos avanços nas obras de infraestrutura promovidas pelo PAC e de uma mudança, ainda que tímida, da política econômica, com a redução de juros.

Alguns analistas políticos, agentes do PIG como Merval Pereira, admitem que essa mudança de orientação se deu por conta da vitória de uma queda de braço dentro do próprio governo entre um campo mais progressista, representado por Dilma, contra os ortodoxos conservadores, representado em outros momentos por Palocci. Dilma também esteve à frente do Ministério das Minas e Energia exatamente no momento em que o avanço de pesquisas na área de petróleo garantiu a descoberta de uma imensa reserva petrolífera na camada Pré-sal, possibilitando ao Brasil o ingresso no hall dos países mais influentes na nova disposição da geopolítica mundial e discutir rumos mais profundos para seu desenvolvimento.

Para além desta história recente, Dilma também participou intensamente das lutas de resistência à ditadura militar na década de 60, em movimentos de esquerda, participou de governos no Rio Grande do Sul, o que demonstra uma trajetória de muita capacidade política e administrativa, e de conduzir um projeto de desenvolvimento autônomo, ambientalmente sustentado, que valorize o trabalho e a distribuição de renda.

Por enquanto, a suposta liderança de Serra, se afunda cada vez mais na administração do caos que se tornou São Paulo com as enchentes, nos baixos níveis educacionais, no desabamento de parte das obras do rodoanel e na completa ausência de um projeto para o Brasil.

*Presidente da União Estadual dos Estudantes do Rio de Janeiro