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PDT, PSB e PR de Minas podem trocar Aécio por José Alencar

A candidatura do vice-presidente José Alencar ao governo de Minas Gerais ainda está no plano das possibilidades, mas começa a mudar o cenário do segundo colégio eleitoral do Brasil. Pelo menos três partidos da base do governador tucano Aécio Neves – PDT, PR e PSB – examinam mudar de lado caso Alencar seja mesmo candidato. A mudança incide sobre a disputa presidencial, ao segurar Aécio no estado, dificultando o êxito da pressão do PSDB não mineiro para fazê-lo vice de José Serra.

O objetivo primeiro da alternativa Alencar é unir a base do governo Lula em Minas, hoje fragmentada em três candidaturas: a do ministro da Comunicação, Hélio Costa, do PMDB; e as do também ministro Patrus Ananias e do ex-prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel, ambos do PT.

Mas há indícios de que, caso Alencar se lance, conseguirá mais que a unidade dos três, que já se dispuseram a sair do páreo para apoiá-lo. Transferirá a centrifugação para o campo adversário, podendo atrair forças que se mantêm na base do governo Lula, e Brasília, e da gestão tucana, em Minas.

Sob a bandeira da unidade

"O que me move nesta eleição é obter a unidade de Minas. Se for preciso ser candidato, serei", disse o vice-presidente. Ele também estabeleceu duas condições: um "palanque limpo", ou seja, sem disputas; e o aval dos médicos após o exame que fará em 17 de março, após 13 anos de luta contra o câncer.

Caso as condições se realizem e a candidatura se afirme, Minas terá uma cisputa de vices. O candidato de Aécio é o vice-governador, Antonio Anastasia, que ainda não assumiu a condição e não decola nas pesquisas (a última sondagem do Datafolha, em dezembro, atribui-lhe 12% em um cenário e 10% nos outros dois).

Anastasia comentou no jornal O Tempo que "as candidaturas estão incertas, no nosso lado e no da oposição, que é minoritária em Minas". De fato, o governo Aécio tem uma folgada maioria, inclusive graças a partidos que no plano federal apoiam Lula. Porém é essa maioria que o vice-presidente pode desidratar.

"Incertezas" no Palácio da Liberdade

"A possível candidatura de Alencar instaurou um clima de incertezas nos bastidores políticos do estado", noticiou O Tempo. Agregou que, "caso a disputa contra o vice-presidente da República seja confirmada, a campanha de Anastasia corre o risco de enfrentar a migração para o lado opositor de pelo menos três partidos da base de Aécio: PDT, PR e PSB".

O presidente do PDT-MG, Paulo Cesar de Freitas, diz que "ainda não declaramos apoio a nenhum candidato" e "vamos apoiar aquele que nos abrir mais espaço". A sigla almeja ter um pedetista na chapa majoritária.

“O vice-presidente é um homem honrado. Caso seja colocada sua candidatura, haverá um novo arranjo de forças. Por isso, não se pode negar a hipótese. Podemos ir com ele, assim como podemos seguir com o governo”, declarou por sua vez o deputado estadual Wander Borges, presidente do PSB mineiro.

O jornal não ouviu o presidente do PR estadual, Clésio Andrade, mas adianta que "articulações recentes dão indícios de que o partido também pode mudar de lado".

De joelhos em Belo Horizonte

As incertezas mineiras ricocheteiam sobre o papel nacional e Aécio. Dificultam os apelos do PSDB, de seus aliados e da mídia dominante para que ele aceite ser o vice na chapa presidencial tucana do governador de São Paulo, José Serra. “Vou de joelhos a Belo Horizonte pedir para ele aceitar”, dramatizou o deputado Raul Jungmann (PPS-PE), em uma demonstração do estado de ânimo da oposição a Lula. O "sim" de Aécio é a esperança de boa notícia que resta ao campo anti-Lula, em um início de 2010 que não lhe foi favorável.

Aécio faz um governo bem avaliado segundo as pesquisas: tem nota 7,5, a melhorentre as dez aferidas pelo Datafolha (a última é a gaúcha Yeda Crusius, também do PSDB: 3,9). Caso se lance para senador, como anunciou, terá uma campanha mais tranquila, podendo se concentrar na tarefa de desempacar Anastasia. Sua resistência a ser vice de Serra vem da relação conflituosa com o governador paulista, da mágoa por ter sido atropelado em sua pretensão presidencial, mas sobretudo da situação de Minas.

A possível candidatura de Alencar ao governo ensombreceria um quadro que já causa preocupações. Tornaria ainda mais temerária, aos olhos de Aécio, a opção de ser vice de Serra, arriscando-se a sair desta eleição sem Presidência, sem vice, sem um aliado no Palácio da Liberdade e sem mandato.

Questionado sobre a visita de cortesia que recebeu de Alencar. na segunda-feira, Aécio disse que o vice tem todas as condições de pleitear qualquer cargo. "Mas o meu campo político tem uma posição já colocada", alertou o governador, reforçando a impressão de que fará a campanha de 2010 entrincheirado em Minas.

Da redação, com agências