Messias Pontes – Os generais golpistas de pijama estão apelando

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Como pinto em lixo, a direita brasileira continua comemorando o golpe de Estado em Honduras perpetrado no dia 28 de junho do ano passado. Todos os organismos internacionais, com destaque para a Organização dos Estados Americanos e a Organização das Nações Unidas, condenaram o golpe e conclamaram os 192 países que integram a ONU a não reconhecer o governo golpista de Roberto Micheletti.

Com o mesmo entusiasmo que comemoraram o golpe militar em Honduras, essa direita vende pátria comemora a recente vitória do candidato direitista Sebastián Piñera à presidência do Chile. As viúvas do terrorista-criminoso Augusto Pinochet e também as viúvas da ditadura militar brasileira igualmente vibraram com a divisão da esquerda chilena e a vitória da direita.

Mesmo sabendo que são duas realidades diferentes, a direita tenta passar a ideia de que, a exemplo do Chile onde a presidente Michelle Bachelet não conseguiu eleger o seu sucessor, apesar de gozar da simpatia de mais de 80% dos chilenos, o mesmo acontecerá no Brasil, ou seja, o presidente Lula, que tem mais de 80% de popularidade, não conseguirá eleger a ministra Dilma Rousseff sua sucessora.

A eleição de um direitista no Chile desde 1958, portanto há 52 anos, deixou a direita em estado de graça. O grupo de generais de pijama ultradireitistas, denominado Grupo Guararapes, inicia toda a correspondência afirmando que “2010 É ANO DE LUTA! VAMOS LUTAR PELA VITÓRIA! VIVA O CHILE! Assim mesmo, tudo em caixa alta. É o delírio de quem continua sonhando com o retorno dos golpes militares na América Latina. São os fãs dos criminosos Augusto Pinochet, Francisco Franco, Antonio Oliveira Salazar, Benito Mussolini e Adolf Hitler e George W. Bush.

Os generais de pijama estão apelando para tudo. Pregam abertamente a derrubada do governo democrático e popular do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, criminalizam os movimentos sociais, demonizam parlamentares e ministros que defendem radicalmente a democracia, omitem a bandalheira praticada pelo demotucanato e continuam adorando o imperialismo norteamericano.

E o pior e mais lamentável de tudo é que estão até usando indevidamente o nome de verdadeiros democratas para confundir a opinião pública. Nas edições de 13 e 20 de dezembro último, o meu artigo neste O Estado denunciava o capachismo do ministro da Defesa Nelson Jobim e defendia a terceira versão do Plano Nacional de Direitos Humanos e a criação da Comissão Nacional da Verdade e da Justiça.

Quando eu defendo punição para aqueles que, em nome do Estado, prenderam ilegalmente e praticaram as mais bárbaras torturas como o afogamento, o pau-de-arara, os choques elétricos, o esmagamento de testículos, a queima de mamilos e clitóris de mulheres, muitas vezes na frente de seus maridos, o estupro, o assassinato, a ocultação de corpos e o sumiço de documentos público eu me refiro aos animais fardados. Contudo o general Torres de Melo, maliciosamente, para dizer o mínimo, diz que eu estou defendendo a prisão de “terroristas como o ministro Franklin Martins”.

Isso é desonestidade, General. Eu nunca afirmei o que vocês estão atribuindo a mim. O senhor me conhece e sabe muito bem qual é a minha posição e o que eu penso da ditadura militar e do nefasto grupo que o senhor preside. O ministro Franklin Martins, General Torres de Melo, além de um grande democrata e patriota é também um jornalista que dignifica a minha profissão e que está colocando a sua competência a serviço da democracia, do progresso e do Brasil.

O ódio que os generais de pijama do Grupo Guararapes têm do presidente Lula é porque este está realizando o governo mais democrático de toda a história brasileira. A intransigente defesa da democracia e da soberania nacional pelo presidente Lula incomoda por demais à direita em geral e aos generais golpistas em particular.

Único chefe de Estado e de Governo de origem humilde e sem formação acadêmica, o presidente Lula foi o que mais investiu em educação em todos os tempos. Anteontem mesmo ele inaugurou em Brasília, simultaneamente, através de teleconferência, nada menos de 78 escolas federais de educação profissional em 19 estados de todas as regiões. Com estas, já são 141 as escolas técnicas criadas pelo governo do ex-metalúrgico, e até o final deste ano serão mais 99.

O ódio da direita, aí incluídos os colonistas e demais jornalistas amestrados e os generais golpistas de pijama, é porque o presidente Lula não aceita o capachismo dos traidores da pátria, daqueles que tiram os sapatos nos aeroportos norteamericanos, mesmo sendo diplomatas, daqueles que querem entregar a Amazônia e a Base de Alcântara para o império do Norte.

O ódio patológico dessa gente ao presidente Lula é porque este respeita os direitos humanos e defende e investe em políticas públicas que já tiraram da faixa de pobreza mais de 30 milhões de brasileiros; que levou o Brasil para o centro das decisões mundiais, sendo hoje o mais respeitado chefe de Estado e de Governo em todo o planeta. As sucessivas homenagens e os prêmios recebidos – homem do ano, estadista do ano, estadista global entre muitos outros – são o reconhecimento do papel desempenhado dentro e fora do País.

Vocês, General Torres de Melo, para falar do jornalista Franklin Martins têm primeiro que lavar a boca. O ministro Franklin Martins tem cuidado com muita competência e responsabilidade da comunicação social do Governo democrático e popular do presidente Lula.

Com a mesma competência, responsabilidade e dedicação o ministro Paulo Vanucchi, da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República, tem cumprido à risca o que a sociedade espera de um ministro de Estado. É outro grande democrata e patriota que orgulha aos amantes da democracia e da paz.

Terroristas são vocês que rasgaram a Constituição Federal de 1946 que juraram defender, são vocês que subverteram a ordem democrática em 1º de abril de 1964 e instalaram um regime de terror de Estado com o famigerado Ato Institucional nº 5 em 13 de dezembro de 1968; são vocês que perseguiram e puniram militares democráticos, legalistas e patrióticos como entre muitos outros os generais Zerbini e Albuquerque Lima, este cearense

Terroristas são vocês que prenderam e torturaram o capitão Sérgio Ribeiro Miranda de Carvalho – carinhosamente chamado de Sérgio Macaco pelos seus amigos – e sua esposa Márcia Carvalho, porque ele se recusou a explodir o gasômetro do Rio de Janeiro, que seria atribuído aos comunistas. Ele também se recusou a jogar em alto mar presos políticos que lutavam contra o terrorismo da ditadura militar. Por isso ele foi expulso da Aeronáutica.

General, leia a reportagem da revista ISTOÉ desta semana (03.02.2010) que, em quatro páginas, conta a dramática história de um bebê torturado nos porões da ditadura. Com o título “A ditadura não acabou”, a matéria conta a história de Carlos Alexandre Azevedo, um garoto de 1 ano e 8 meses que levou choques elétricos e foi espancado e jogado ao chão porque chorava de fome. Hoje ele tem 37 anos e é um homem doente. “Até hoje sofro os efeitos da ditadura. Tomo antidepressivo e antipsicótico. Tenho fobia social”, declara ele.

Vocês do Grupo Guararapes deveriam se espelhar nos militares chilenos que se redimiram ao pedir perdão ao povo chileno pelos bárbaros crimes cometidos pelos colegas de farda durante a ditadura do general Pinochet, quando mais de 30 mil chilenos foram torturados e mortos. A federação de jornalistas do Chile também pediu perdão ao povo chileno pela participação e colaboração de colegas com os golpistas de 1973.

Ah, se todo jornalista brasileiro fosse do quilate de Franklin Martins o Brasil seria outro.

Quanto a mim, General Torres de Melo, eu exijo respeito e não aceito que meu nome seja irresponsavelmente utilizado para fins espúrios. O senhor sabe que eu nunca me envolvi em falcatruas e que o meu maior patrimônio é a minha credibilidade. Por isso exijo respeito. E me permito informar que a guerra fria já acabou e que o imperialismo ianque, que o senhor tanto defende, está em decadência.

Messias Pontes é jornalista e colaborador do Vermelho/CE

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