Preço do coco babaçu é debatido pela associação de quebradeiras

A luta por melhores condições de vida constantemente reúne as quebradeiras de coco do Bico do Papagaio, mas nos dias 29 e 30 a Asmubip – Associação Regional das Mulheres Trabalhadoras Rurais do Bico do Papagaio realizou em São Miguel do Tocantins o primeiro encontro sobre gestão do projeto babaçu, uma importante conquista para a região.

Na reunião, a secretaria executiva do projeto pôde apresentar o trabalho desenvolvido nos primeiros três meses de execução às coordenadoras de núcleo da associação, que reúne mulheres de 11 municípios da região e também aos parceiros do projeto.

O Projeto Babaçu é uma parceria entre Asmubip e Setas – Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social. Em 2008, o projeto foi aprovado pela Petrobras recebendo recursos de mais de R$ 500 mil. Com o recurso a associação poderá manter funcionando a unidade de processamento de mesocarpo e a unidade que fabrica o óleo de coco. Outro benefício proposto no projeto é a melhoria na qualidade dos subprodutos e para tanto serão contratados consultores especializados para ministrar cursos e adquiridas embalagens adequadas para cada produto do babaçu. De acordo com o técnico da Setas, Josivaldo Veloso, para que os ganhos do projeto sejam mantidos por mais tempo, parte dos investimentos serão aplicados em capital de giro e divulgação dos produtos buscando ampliar mercado e elevar o preço dos produtos.

Segundo o coordenador do Projeto, Marcelo Oliveira Barbosa, das atividades propostas no projeto, até o momento, já foram comprados 20mil quilos de amêndoas das associadas, contratadas consultoria de marketing e fabricado parte do material de divulgação. “Estamos com um bom desempenho das ações buscando alcançar as metas estabelecidas”, completa.

A Asmubip trabalha há mais de 15 anos e surgiu da necessidade de unir forças para preservar os palmeirais, que são constantemente ameaçados pelos fazendeiros da região e para agregar valor ao babaçu e seus subprodutos. Nesse período muitos avanços foram conquistados, como todas as quebradeiras gostam de ressaltar. Mas ainda hoje o preço pago pelo coco não oferece um salário digno a essas mulheres. Para se ter ideia o melhor preço pago pelo coco é R$ 1,50 o quilo. Cada quebradeira consegue, em média, 7kg por dia, o que no final do mês não lhes garante nem um terço do salário mínimo. A quebradeira de coco Beliza da Costa comenta que a maior dificuldade da classe são os preços dos produtos e o associativismo é uma tentativa de agregar valor ao produto e lutar por melhores preços e declara: “Os benefícios do óleo, mesocarpo e outros produtos do coco já são comprovados, precisamos batalhar para seja valorizado e com isso teremos salários mais dignos”.

Projeto

O Projeto Babaçu é um dos reforços da associação nesta constante luta pela valorização da atividade extrativista, profissão de mais de 500 mil famílias no país. Para a superintendente do Trabalho da Setas, Gláucia Branchina, o empoderamento desta classe de trabalhadoras é o caminho para o desenvolvimento social da região. “O aumento no IDH- Índice de Desenvolvimento Humano dessa região demonstra que tem acontecido avanços, mas é preciso haver continuidade, por isso o Governo do Estado continuará investindo em projetos como este que possibilitam tanto o desenvolvimento econômico, quanto o Social”, explicou.

O projeto, que já está em execução desde outubro de 2009, tem mais um ano para ser concluído e a expectativa das associadas é de que as atividades desenvolvidas estruturem a produção garantindo a autonomia da Asmubip. (Lara Cavalcante)
Fonte: Secom