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FSM: um debate para desmascarar o conceito de "governança global"

Centenas de pessoas participaram, no sábado (30/01), da conferência “Governança e Paz Mundial”, no Hotel Sol Barra — uma das sedes centrais do Fórum Social Mundial Temático da Bahia. A atividade contou com palestras do ministro dos Assuntos Estratégicos, embaixador Samuel Pinheiro Guimarães; do professor universitário e escritor argentino Jorge Benstein; e da presidente do Conselho Mundial da Paz (CMP) e do Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz (Cebrapaz), Socorro Gomes.

Samuel Pinheiro — que é também um dos principais formuladores da exitosa política externa do Itamaraty — defendeu a necessidade de “desconcentrar o poder internacional”. Segundo o ministro, o respeito à soberania nacional e a democratização das relações internacionais são indispensáveis à defesa da paz mundial.

Jorge Benstein analisou a crise do capitalismo e do imperialismo, discorrendo sobre o “largo crepúsculo” desse sistema. Para ele, o que está se produzindo é uma crise geral da civilização burguesa, que permite vislumbrar o outro mundo possível. “É preciso começar a falar de revolução e socialismo, não como arroubos — mas como bandeiras para a ação, destinadas a mobilizar as grandes maiorias populares.”

Socorro Gomes afirmou que o conceito de “governança global” foi lançado contemporaneamente no auge da globalização neoliberal, quando se pretendia impor ao mundo a governança de um condomínio de potências imperialistas. Segundo a presidente do CMP e do Cebrapaz, estão condenadas ao fracasso todas as tentativas de criar padrões de governança a partir de organizações ditas multilaterais, mas que são na prática dominadas pelas grandes potências.

Ela condenou energicamente as políticas militaristas e de guerra do imperialismo estadunidense. Lembrou a primeira guerra ao Iraque, durante o mandato de George Bush, as guerras na ex-Iugoslávia, conduzidas por Bill Clinton, e as atuais guerras contra o Iraque e o Afeganistão, iniciadas por George W. Bush e continuadas no governo Obama.

Socorro chamou a atenção para o perigo que representa para os povos latino-americanos a escalada militarista dos Estados Unidos na região, com a política de instalação de bases militares e o relançamento da Quarta Frota. Em sua conferência, Socorro fez um chamamento a que os ativistas dos movimentos sociais se incorporem à campanha contra as bases militares estrangeiras na América Latina e Caribe, lançada pelo Cebrapaz.

A campanha já conta com a adesão de outras entidades e redes, nacionais e internacionais, como Conselho Mundial da Paz, Mopassol, Frente de Resistência ao Golpe em Honduras, MST, Via Campesina, CTB, Encuentro Nuestra América, UNE, Ubes, Oclae, CUT, UBM, Macha Mundial de Mulheres, Fedim, Aliança Social Continental, OSPAAAL, Serpaj, Rede Social de Justiça e Direitos Humanos, Rede Jubileu Sul, Conam, Unegro, entre outras.

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