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 Exposição traz transformações de São Paulo nos últimos 150 anos

 São Paulo ainda era a terra da garoa quando o carioca Militão Augusto de Azevedo (1837-1905) se mudou para cá e começou a fazer seus primeiros registros fotográficos da cidade. Largo São Francisco, rua da Gloria, rua Direita e tantos outros endereços tradicionais do centro foram documentados pelo fotógrafo em 1862 e depois em 1887.

 O material foi compilado no "Álbum Comparativo da Cidade de São Paulo", que traz os registros fotográficos mais antigos da metrópole. Agora, 25 das 60 fotos do livro estão na exposição "Memória da Cidade", em cartaz na Caixa Cultural até 28 de fevereiro.

São registros de uma São Paulo que não existe mais, com charretes e cavalos circulando por ruas tranquilas de arquitetura colonial. Além do trabalho de Militão, a mostra, que tem curadoria de Camila Garcia, traz fotos de Renato Suzuki, 32, que percorreu os mesmos locais, registrando cenas cotidianas do centro de São Paulo.

Considerado um importante documento histórico da época, o trabalho de Militão permite ver as mudanças urbanísticas que a cidade sofreu entre os anos de 1862 e 1887. Como a rua Tabatinguera, que ganha novo calçamento, e a introdução de novos elementos arquitetônicos na paisagem, como as platibandas.

"Muitas casas residenciais térreas foram demolidas para dar lugar a escritórios. O centro deixa de ser moradia para se tornar uma área comercial", observa o urbanista Nestor Goulart Reis Filho, da FAU-USP. Promovida como parte das comemorações do aniversário da cidade, a mostra explora as profundas transformações que São Paulo sofreu ao longo dos últimos 150 anos.

"Quem visita o centro hoje não faz ideia de como ele era no passado, pois a cidade foi reconstruída diversas vezes e boa parte dessa história se perdeu", diz o pesquisador Sérgio Burgi, coordenador de fotografia do Instituto Moreira Salles, que tem em seu acervo obras de Militão. 

Fonte: Folha de S.Paulo