Entrevista/ Luciana Santos

Eleita recentemente vice-presidente nacional do PCdoB, ex-prefeita de Olinda por dois mandatos consecutivos e vitoriosos e atual secretária estadual de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente, Luciana Barbosa de Oliveira Santos acumula uma considerável experiência política e administrativa. Nesta entrevista em que trata das eleições, do novo programa do Partido e do governo Lula, Luciana afirma que "a oposição está enfraquecida, sem alternativa de candidatura e sem discurso, mas não morreu".

luciana santos

Como a senhora avalia a presença do PCdoB no Estado? Os seus oito anos à frente da Prefeitura de Olinda ajudaram a consolidar o Partido em Pernambuco?

LUCIANA SANTOS – O êxito da experiência de governo em Olinda foi um marco muito importante para o PCdoB porque, com isso, nós quebramos muitos preconceitos e desconfianças sobre a capacidade do partido governar, dos comunistas saberem governar. Nós desenvolvemos a governança de Olinda sempre de maneira muito elevada, politizando a população e procurando traduzir os desafios administrativos e os limites das ações concretas do dia a dia sempre relacionados às questões nacionais e aos projetos de desenvolvimento que estão em curso no País. Podemos, portanto, atribuir a grande vitória que obtivemos em Olinda aos acertos da nossa política, da nossa capacidade de aplicar na prática o pensamento e os conceitos do partido sobre os desafios nacionais e sua correlação com a realidade local.

O grande ponto de inflexão, de virada, da nossa experiência em Olinda foi sem dúvida a eleição do presidente Lula, em 2002, que possibilitou os expressivos resultados que alcançamos, entre os quais a mudança na infraestrutura urbana da cidade e a inclusão social como fator de melhoria da qualidade de vida da população. Entre os avanços subjetivos que obtivemos – que considero um dos mais relevantes -, destaco a implantação de um modelo democrático de gestão que oportunizou a participação direta da população na tomada de decisões sobre os rumos da cidade.

A eleição de Renildo Calheiros em 2008 logo no primeiro turno é um dos resultados positivos dessa ação. Renildo, que hoje administra essa cidade maravilhosa, Patrimônio da Humanidade, que é Olinda, foi líder da bancada na Câmara dos Deputados e vice-presidente nacional do PCdoB e é indubitavelmente um dos maiores quadros do partido em nível nacional. Além disso, o nosso partido conseguiu firmar sua posição na geografia política do Estado com a reeleição dos prefeitos das outras três cidades que já vínhamos dirigindo: Camaragibe, Sanharó e Goiana, as quais, juntamente com Olinda, são cidades importantes de Pernambuco. Hoje somos o único partido que governa duas cidades da Região Metropolitana do Recife: Olinda e Camaragibe. Também elegemos oito vices-prefeitos e quase 40 vereadores em todo o Estado, entre eles, Luciano Siqueira que obteve mais de 13 mil votos e se consagrou como o vereador mais votado da Frente do Recife. Todos esses resultados, portanto, nos consolidam como força política relevante de Pernambuco.

A crise financeira mundial marcou o ano de 2009. A que a senhora atribui o fato de o Brasil ser um dos poucos países onde os efeitos da crise foram menos sentidos?

LUCIANA SANTOS – De fato, o ano de 2009 foi marcado por muitas turbulências por conta da crise avassaladora provocada pela bolha imobiliária nascida nos Estados Unidos, berço do capitalismo, que deixou milhões de trabalhadores desempregados no mundo todo, paralisou boa parte da economia real, que é a que produz riquezas, e mais uma vez revelou o quanto é perverso o modelo capitalista que hoje impera no mundo, um modelo que se sustenta na concentração de riquezas e na financeirização da economia. No Brasil, graças ao momento de ofensiva política que vivemos com o governo Lula e exatamente por termos abandonado o modelo neoliberal, pudemos sair da crise do jeito que saímos.

Entendo que as crises podem tanto afundar as nações como podem ser geradoras de oportunidades. E foi isso que aconteceu em nosso País. É claro que tivemos impactos negativos na vida brasileira que retardaram muito a velocidade do crescimento do País. É verdade que poderíamos ter tido um crescimento muito maior para poder garantir a inclusão social e as mudanças estruturantes que o País necessita e que isso foi interrompido. Mas, o Brasil se saiu bem diante da crise mundial e vivenciou esse momento como um momento de oportunidades, e isso se deve exatamente ao modelo baseado no crescimento que está em curso no País.

Ao contrário da maioria dos países, que colocaram dinheiro público para salvar bancos, o Brasil investiu no desenvolvimento da infraestrutura necessária para fortalecer as cadeias produtivas. Por exemplo, ao invés de interromper a execução do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) o governo acelerou os investimentos do programa. Isso a partir da visão de que só é possível superar as crises se persistirmos no caminho de levar em conta as nossas potencialidades econômicas – aquelas que a gente chama de riqueza real, que são as cadeias produtivas de nosso País -, e a nossa diversidade econômica, bem como garantir o fortalecimento de investimentos estruturantes, que foi o que o Brasil fez.

Associado a isso tivemos o investimento no mercado interno. O presidente Lula disse isso algumas vezes e é verdade: foi a população mais pobre do País que conseguiu garantir o ritmo de consumo, apesar da crise. Isso graças, sobretudo, à política de microcrédito – não só ao Bolsa Família e ao salário mínimo -, que vem garantindo um mercado consumidor interno e nos deu sustentabilidade durante as dificuldades sofridas pela economia mundial. Também tivemos as medidas destinadas a grande indústria, como a redução do IPI para o setor automobilístico e de eletrodomésticos. Mas, sem dúvida, os investimentos no microcrédito foram determinantes para aquecer o mercado consumidor associado aos investimentos mais estruturantes, como o PAC e o Projeto Minha Casa, Minha Vida.

Ou seja, em plena crise o governo continuou investindo dinheiro público nas potencialidades econômicas do País. Então, de fato, esse foi um momento de muita afirmação da política autônoma e soberana da Nação brasileira, que demonstrou ao mundo que o caminho da redenção das nações é a soberania e a autonomia na condução dos rumos do País.

O ano de 2009 teve também outros momentos importantes, como a realização da Conferência da ONU sobre as mudanças climáticas, em Copenhague, que tive a chance de acompanhar pelo fato de ter assumido em agosto a Secretaria estadual de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente. E esse foi também outro fato importante de 2009, no momento em que o governador Eduardo Campos tomou a decisão de fortalecer ainda mais sua base de sustentação política. O PCdoB já integrava o Governo do Estado, mas isso representou uma maior participação do partido na base política de sustentação do governo, bem como a possibilidade de o partido contribuir mais efetivamente com seu pensamento para o êxito da administração do governador Eduardo Campos.

Como a senhora avalia o fato de ter sido eleita vice-presidente nacional do PCdoB. Quais suas expectativas com relação a esse novo momento?

LUCIANA SANTOS – Acho que foi uma grande ousadia do coletivo partidário, pois o partido ainda carece de superar muitos dos estigmas que marcam a fase mais recente de sua história. Até por conta do revés sofrido pelo pensamento socialista, não do socialismo, mas de seu desenvolvimento, há alguns anos, ainda hoje é muito comum as pessoas considerarem a alternativa socialista ou o comunismo como algo superado, démodé. Mas, o partido é exatamente o contrário disso. Por isso, penso que o PCdoB precisa capitalizar mais seu grande patrimônio político, pois é um partido que há muitos anos debate a atualização dos conceitos e do pensamento socialista. Um partido que sempre afirmou a necessidade e fez a defesa do socialismo renovado, que não é outra coisa senão a gente compreender melhor a realidade brasileira, se aprofundar e construir os caminhos próprios do socialismo no Brasil à luz das ferramentas do marxismo-leninismo, que é a base filosófica do nosso partido. Eu acho que isso é algo que exercitamos cotidianamente.

Hoje nós temos um partido muito capilarizado em todas as regiões do País, com grandes quadros políticos, um partido renovado inclusive na capacidade de formar quadros, que tem força na sociedade, tem influência, com muitos jovens e muitas mulheres, o que revela o quanto ele é antenado com a realidade objetiva. Isso levando em conta que hoje as mulheres são mais de 40% da população economicamente ativa, com presença relevante em diversas atividades econômicas, que participam das lutas sociais também de forma bastante expressiva. Fato que eu pude observar no decorrer da minha experiência como prefeita de Olinda, pois as mulheres sempre tiveram uma participação destacada nas assembléias populares e em outros fóruns sociais.

Então, o PCdoB tem essa cara. A cara do novo. Uma cara feminina. E não é qualquer coisa a cara feminina do nosso partido. Hoje as presidências do partido no Rio de Janeiro, Minas Gerais e Santa Catarina são ocupadas por mulheres, e em Estados como São Paulo e Amazonas elas ocupam cargos na direção partidária e esses são alguns dos Estados mais importantes do País do ponto de vista político e econômico. Temos ainda a maior bancada feminina do Congresso Nacional. E todas essas mulheres são figuras forjadas no partido. Por isso, é importante explorarmos mais essa nossa cara, essa nossa identidade, capitalizar ainda mais todo esse simbolismo. A população precisa enxergar cada vez mais o PCdoB como um partido leve, aberto, alegre, que carrega esperança, que acredita em nosso povo, um partido que é criativo como o povo brasileiro. Penso que esses simbolismos são necessários para a afirmação do PCdoB como alternativa política e para que o partido supere os estigmas que historicamente carrega.

As resoluções e o novo programa aprovados no 12º Congresso Nacional do Partido traduzem esse novo momento proposto pelo PCdoB?

LUCIANA SANTOS – Sem dúvida. O nosso programa ocupou a centralidade do debate do último congresso, pois ele é o carro-chefe, é o instrumento por meio do qual o partido se comunica com a sociedade, é onde o PCdoB diz o que pensa e para onde quer levar o Brasil. Então, o programa deu uma grande virada e Renato Rabelo, nosso presidente nacional, afirma sempre que ele foi colocado de cabeça para cima. Antes, ele era muito de afirmação de princípios e nós resolvemos fazer um programa que fosse, em primeiro lugar, exeqüível, e capaz de se comunicar com os desafios do momento. Outro fator importante é que o nosso é um programa socialista e o seu caráter revolucionário está exatamente nisso: na afirmação da perspectiva do poder socialista.

Mas, não é possível pensar um programa de modelo socialista sem que o socialismo ainda tenha acontecido no Brasil. Por isso, o que o partido está dando é a perspectiva de que o socialismo é o rumo, de que o caminho é a defesa da soberania nacional e do nosso novo programa de desenvolvimento nacional. E nesse capítulo nós tratamos de várias reformas estruturantes necessárias como a reforma na educação, a reforma urbana e dos meios de comunicação, além do debate sobre Ciência e Tecnologia, pois acreditamos que o Brasil não deve continuar a ser um País que na divisão internacional do trabalho ainda não atue de maneira relevante em setores de atividades propulsoras do futuro e no desenvolvimento de tecnologias de ponta como a nanotecnologia e biotecnologia.

O Brasil tem que estar na ponta do desenvolvimento científico e tecnológico, até porque tem todas as condições para isso: tem riqueza natural, tem inteligência, tem capital humano para isso. O que o País precisa é investir nessas áreas para que nos afirmemos como uma grande Nação, pois o Brasil tem chances de ser uma Nação líder na América Latina e um dos países mais importantes do globo, possibilidade essa que hoje ninguém questiona. Seja por seus condicionamentos objetivos, que são sua Natureza, sua geografia econômica, sua diversidade econômica, suas riquezas naturais, seja por seu condicionamento subjetivo, que é o nosso povo. O fato de sermos um povo uno, um povo marcado pela disposição de luta, se constitui em um patrimônio, um legado, muito importante. É isso que nos dá a perspectiva de futuro.

Ocorre que em nosso País as elites sempre procuraram desqualificar as grandes vitórias do povo brasileiro, atribuindo rótulos pejorativos às raças formadoras do nosso povo. Estigmas como o do branco português marginal, que foi expulso do seu país e veio para explorar nossas riquezas, do índio preguiçoso e do negro burro sempre foram incutidos na mente das pessoas, sempre permearam a nossa história. Essa é a herança genética e cultural que permeia o imaginário do povo brasileiro, no que se refere à sua formação, e é usado para justificar as injustiças que ainda se vê no Brasil.

Isso nós também debatemos muito em nosso programa, pois o PCdoB quer dizer exatamente o contrário. O partido quer dizer que a formação multirracial é o nosso principal patrimônio, nosso principal legado. Ao contrário do que se procurou incutir na cabeça do povo brasileiro, nós temos de ter muito orgulho, no sentido bom da palavra, e valorizar essa miscigenação, essa formação da Nação brasileira, que nos leva a uma situação de muita unidade do povo brasileiro, seja pela língua, pela própria miscigenação, a inteligência, a criatividade.

É verdade que ainda somos uma Nação onde existe muito preconceito religioso, de raça, de cor, de opção sexual, tudo isso existe e é real, mas não no grau de intolerância que infelizmente é comum a muitas nações que vivem verdadeiras guerras autofágicas motivadas por essas questões. Isso nós não vivenciamos no Brasil. E é esse patrimônio que nós temos de valorizar, assim como valorizar a história dos oprimidos que foram capazes de realizar essas conquistas, pois a história oficial nunca valorizou os homens e mulheres oprimidos que foram capazes da façanha de construir esse legado. Acho que esse também é um fator subjetivo importante para a viabilidade e a possibilidade de construção do País justo que nós queremos.

Qual o impacto desse processo de consolidação vivido pelo Partido nas eleições de 2010?

LUCIANA SANTOS – As eleições serão o centro da nossa atividade política este ano porque, sem dúvida, no estágio atual da luta do povo brasileiro a representação política do nosso partido é a expressão da nossa força. Se nos apresentarmos como alternativa política ao povo, nós teremos mais forças para atingir os nossos objetivos, entre eles influenciar as pessoas com as nossas ideias, com o nosso pensamento. Então, nós precisamos dar esse salto, de sermos um partido respeitado, conseqüente, que tenha justeza na política. Precisamos traduzir a contribuição que temos dado ao País, contribuição essa que afirmo, sem hesitar, foi decisiva para as duas características mais importantes do governo do presidente Lula. A primeira, a formação de frentes amplas, prática que o nosso partido defende há anos, e a segunda o desenvolvimento nacional como questão central para qualquer projeto de país, pois o PCdoB é e sempre foi o partido que colocou o crescimento do País na pauta prioritária do debate nacional. Hoje essas são as marcas que caracterizam o governo Lula, não no estágio, no patamar, que nós desejamos, mas foram essas propostas que alavancaram o governo brasileiro. E nisso tem a contribuição do PCdoB.

Nós também fazemos bem o nosso dever de casa. Nós temos o ministro dos Esportes, Orlando Silva, que trouxe as Olimpíadas de 2016, conseguiu viabilizar os Jogos Panamericanos em 2007 e implantou um dos melhores programas de inclusão social, o Segundo Tempo. Temos também o deputado federal Aldo Rebelo, que presidiu o Congresso Nacional e foi uma peça importante e decisiva para o governo Lula durante a crise do mensalão, conduzindo os rumos do Congresso Nacional de forma a impedir a tentativa de golpe que estávamos sofrendo naquele momento. Então, esse é o nosso partido.

Mas, tudo isso tem de se traduzir em força eleitoral, em tempo de televisão, em fundo partidário, tem de se traduzir no aumento da nossa influência. Por isso, a nossa meta é ampliar nossa bancada, pois o nosso trânsito e nossa capacidade de influenciar os rumos do País é muito medida pelo tamanho da bancada. Essa é uma tarefa decisiva para o PCdoB.

Em 2010, nossa meta principal é eleger 26 ou no mínimo 16 deputados federais porque isso nos colocará em outro patamar de mobilidade dentro do Congresso Nacional, de influência nas comissões temáticas, de tempo de televisão, do fundo partidário. Então essa é a tarefa no Brasil hoje: a montagem das alianças, das chapas, das oportunidades. Nós temos um senador, que é o Inácio Arruda, certamente teremos mais dois candidatos a senador com muita chance, um no Amazonas, a deputada federal Vanessa Grazziotin, e outro no Acre, o deputado estadual Edvaldo Magalhães. No Maranhão estamos tentando viabilizar a candidatura do deputado federal Flávio Dino ao governo do Estado ou ao Senado, também com muitas possibilidades.

Isso tudo é fruto do projeto eleitoral correto que foi a experiência da eleição municipal de 2008, que nós disputamos bem em Belo Horizonte (MG), Porto Alegre (RS) e São Luís (MA). Fruto da nossa mudança de atitude em relação às disputas majoritárias nas eleições municipais de 2008 quando o PCdoB apresentou-se, pelo menos nos centros mais importantes do País, como peça relevante no xadrez eleitoral, um jogo no qual tudo passa pela construção política com o partido. Isso, portanto, já nos coloca em outra situação e, acredito, temos tudo para sair vitoriosos da eleição deste ano.

Em Pernambuco, o nosso objetivo é eleger dois deputados federais, no caso, eu e Luciano Siqueira. Aqui nós temos a possibilidade de fazer essa construção. Para deputado estadual nós conseguimos montar uma chapa própria competitiva que ainda vai se consolidar até a convenção. Mas, essa é a nossa tendência: eleger dois deputados federais e disputar a eleição para deputado estadual com chapa própria, com ênfase na reeleição dos deputados Luciano Moura e Nelson Pereira, nossos atuais representantes na Assembléia Legislativa do Estado.

O PCdoB também aparece com possibilidade de compor a chapa majoritária?

LUCIANA SANTOS – De fato há um espaço para isso. Por tudo isso que o partido vem acumulando no Estado de 2000 para cá, pelo fato de o partido ter um peso político e eleitoral importante em Pernambuco. Mesmo com essa frente ampla que hoje representa a base de sustentação política do governo Eduardo Campos, o nosso partido tem todas as condições de participar da chapa majoritária e nós estamos postos nessa cena pela representatividade e pela força política que hoje representamos no Estado. É claro que todo o processo da construção da chapa está sob a liderança do governador Eduardo Campos. Entretanto, tudo isso só estará definido mais próximo das convenções que devem ocorrer em junho.

Segundo os jornais locais e nacionais a intenção do presidente Lula é dar um caráter plebiscitário à disputa pela Presidência da República com a polarização entre os candidatos do governo e da oposição. Isso pode ocorrer em Pernambuco caso o ex-governador Jarbas Vasconcelos se apresente como candidato ao governo do Estado?

LUCIANA SANTOS – Eu acho, por todos os motivos, que a disputa de caráter plebiscitário contribui para politizar mais o debate, despersonalizar a disputa. O País precisa dar também esse salto. Por isso acho que a disputa plebiscitária ajuda a politizar o debate e a discutir o projeto de Nação que queremos de maneira clara, explícita, sem subterfúgios, pois é muito difícil para os candidatos se apresentarem como os que não querem a Nação desenvolvida, que não querem o País mais justo. Não tem candidato que diga isso em uma disputa eleitoral. Mas, quando você coloca frente a frente dois projetos que as pessoas vivenciaram muito recentemente, como o modelo neoliberal de Fernando Henrique, vivenciado por oito anos, e o governo do presidente Lula, é possível fazer essa comparação. Politiza e dá uma nitidez ideológica muito maior ao debate. Acho que isso é relevante.

O nosso partido ainda não se posicionou em relação à candidatura presidencial, mas nós achamos que essa polarização é importante. Independentemente do candidato é necessário esse tipo de abordagem da disputa eleitoral, é muito saudável para o País. Em Pernambuco, se o senador Jarbas Vasconcelos se apresentar como candidato o princípio é o mesmo, pois se trata de um político que vem assumindo posições explícitas de oposição a Lula, às vezes até deselegantes e ingratas em relação ao que o presidente Lula tem representado para o Estado. O debate de ideias fica mais fácil se fazer, pois quanto mais nitidez houver nas posições políticas dos candidatos melhor o entendimento didático por parte da população. Quanto à candidatura do senador acho que não é a tendência.

Depois dos resultados eleitorais de 2006, quando se estabeleceu uma nova correlação de forças no Estado, como a senhora avalia a situação da oposição em Pernambuco?

LUCIANA SANTOS – A oposição em Pernambuco está enfraquecida e sem alternativa de candidatura, sem discurso, mas não acabou. Isso porque mal ou bem representa um viés do pensamento da sociedade, de um projeto político, conservador, mas que está vivo. Entretanto, mesmo diante desse quadro, sabemos que toda eleição exige muito trabalho, muito esforço, muita sapiência nas construções políticas, pois eleição nenhuma se ganha antecipadamente. E nós do PCdoB, bem como o governador Eduardo Campos enxergamos isso com muita clareza.

Fonte: site do Vereador Luciano Siqueira