Com debate, Fórum de Educação do Ceará fecha discussões de 2009

Um debate de muita qualidade, com aprofundamento de questões e participantes motivados. Assim foi o encontro final do Fórum de Educação do Ceará 2009, realizado no último sábado, na Casa Amarela da UFC.

Fórum de Educação 2

Reunindo quase 100 participantes, o evento encerrou o calendário de debates do Fórum, após as discussões promovidas ao longo do ano nas cidades de Sobral, Maranguape, Maracanaú, Crateús, Jucás e Caucaia. E serviu como uma síntese dos debates sobre aprendizagem e qualidade de ensino, questões aprofundadas pelos debatedores neste encontro final.

Nem a proximidade do período natalino, nem o fato de o sábado, 12/12, ter sido um dia letivo para grande parte dos docentes da rede pública no Ceará impediram o comparecimento dos professores ao Fórum de Educação do Ceará. No cinema da Casa Amarela da UFC, a educação entrou em cena, com um debate final acerca do tema proposto pelo Fórum este ano: a qualidade de ensino e o desafio da aprendizagem.

“Os alunos estão na escola. Como garantir-lhes a aprendizagem?” foi a pergunta para a qual o Fórum buscou respostas, nas seis reuniões realizadas em municípios do Interior cearense e neste encontro final, do qual participaram professores, diretores de escola, gestores municipais e estaduais, entre outros interessados no tema.

“Esse Fórum é uma oportunidade de discussão franca sobre os rumos da educação, sem limitações de governo ou sindicatos. É um debate livre, sobre a qualidade da educação que temos e a que queremos”, destacou o deputado Chico Lopes, ao abrir os trabalhos. “O problema do acesso dos alunos à escola foi contornado. O debate sobre salários também é importante, mas teve avanços. Agora, o desafio da aprendizagem parece que é um desafio que vai além”, instigou, conclamando os participantes a contribuir com o debate.

Assim fizeram debatedores como Tancredo Lobo, professor da Universidade Regional do Cariri (URCA) e palestrante em cinco das seis reuniões do Fórum no Interior cearense em 2009. “Se a aprendizagem é algo vital, presente desde o começo da vida do ser humano, a não-aprendizagem é perigosa. Indica uma baixa auto-estima e uma estagnação cultural”, alertou, destacando as discussões realizadas nos municípios.

“Nessa caminhada pelo Interior, foi muito animador ver os professores discutindo educação em outro patamar, que não o discurso da vitimização. Depois de décadas, nós, professores, estamos aprendendo que não somos vítimas. E tendo outra atitude: de sujeitos do processo”, acrescentou Tancredo. “Ao fazer isso, o Fórum coloca os encontros de professores em outro patamar”.

Ambiente emocional para o aprendizado

Já a professora Ana Iório Dias, da Universidade Federal do Ceará (UFC), detalhou aspectos técnicos importantes na busca de um processo de aprendizagem mais efetivo. E mostrou um olhar positivo sobre a questão. “Vejo ainda uma esperança. Muitos professores estão conseguindo ensinar e muitos alunos estão conseguindo aprender a contento”, destacou.

Entre os fatores essenciais para a educação de qualidade, Ana Iório ressaltou a importância de um ambiente emocional favorável à aprendizagem. “Apesar de todas as dificuldades que possam existir para todos os atores desse processo, esse ambiente precisa ser gerado na relação professor-aluno, com o professor trabalhando adequadamente os interesses e sentimentos dos estudantes”, frisou. “Quando o aluno se sente aceito, ele se destrava, física e mentalmente. Ele relaxa e fica mais motivado a aprender”.

Gestão pública: o chão da realidade

Também discordando da tese de uma crise generalizada no sistema educacional, o secretário de Educação de Maranguape, Gilvan Paiva, acrescentou ao debate o ponto de vista dos gestores públicos. “Não existe receita pronta. E o chão da realidade nos coloca problemas diferenciados, dilemas que não existem na teoria”, enfatizou, destacando, no entanto, os avanços obtidos nos últimos anos, durante o governo Lula.

“Trata-se de uma inflexão bastante positiva na história da educação no Brasil. Algo que não está consolidado ainda, mas que já mostra mudanças bastante significativas”, apontou Gilvan, lembrando a necessidade de cada professor passar a dar um “sentido histórico e político à educação, procurando construir uma cultura mais coletiva”.

Sindicalismo: educar lutando, lutar educando

Por sua vez, Juscelino Linhares, do Sindicato Apeoc, representou o ponto de vista dos sindicalistas e lembrou as lutas por condições mínimas de trabalho para os professores de vários municípios do Interior.

“O sistema realmente está rumando para uma falência. Fala-se de escola de qualidade para todos. Mas que tipo de escola. E por que há tanta diferença de qualidade entre uma escola e outra?”, questionou Juscelino, mesmo reconhecendo avanços nos últimos anos.

“Nunca se discutiu tanto a educação como agora no governo Lula”, afirmou, cobrando ainda o cumprimento da lei do piso salarial nacional do magistério e lembrando que o desemprego tem seus níveis amplificados pela falta de mais oportunidades de formação. “Não faltam vagas de trabalho. Faltam pessoas qualificadas para muitas dessas vagas. E isso só se reverte com educação”.

Forte participação

Após as contribuições dos palestrantes, os professores participantes do Fórum deram uma grande contribuição ao debate, através de várias perguntas e intervenções. Os temas foram aprofundados e sugestões foram anotadas pela coordenação do Fórum.

“Esse material será sistematizado e publicado no início de 2010”, adianta a coordenadora do Fórum de Educação do Ceará, professora Sâmia Helena de Souza, integrante da assessoria do Mandato Chico Lopes. “Poucas vezes vi um debate tão produtivo. É um material riquíssimo, com uma grande contribuição dos nossos professores para que busquemos melhorias para a educação no Ceará”.

Fórum de Educação: proposta reconhecida

Realizado em sua quinta edição, o Fórum de Educação do Ceará contou mais uma vez com reconhecimento do Poder Público e da sociedade civil. A reunião final do Fórum em Fortaleza contou com participação de professores, diretores de escola, sindicalistas, secretários municipais e representantes das secretarias de Educação de Fortaleza e do Ceará.

Mais informações sobre o Fórum de Educação podem ser obtidas no Escritório Político do Mandato Chico Lopes em Fortaleza, pelo fone 85-3253-5906.

Fonte: Ass. Imprensa – Dep. Fed. Chico Lopes – PCdoB-CE