Messias Pontes – O DEMO deverá mudar de nome

Para manter seus seculares privilégios, a direita usa os métodos mais espúrios e todas as armas que pode. Porém, historicamente, a mentira tem sido a sua principal arma, que é usada por um exército de facínoras estacionados em lugares estratégicos, notadamente nas religiões, nas instituições educacionais e nos meios de comunicação.

Apesar de existir desde os primórdios da humanidade, o seu grande ideólogo foi Joseph Goebbels, ministro do Povo e da Propaganda de Adolf Hitler, na Alemanha nazista. Ensinava ele que uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade.

Os ensinamentos de Goebbels logo foram disseminados e fez discípulos em todos os países. No Brasil não podia ser diferente. Quem não se lembra do malfadado Plano Cohen, elaborado pelo então capitão Olímpio Mourão Filho, membro do Serviço Secreto que, a pedido do fascista Plínio Salgado, divulgou que os comunistas planejavam assassinar o presidente Getúlio Vargas e diversas lideranças políticas, e que serviu de pretexto para Getúlio dar o golpe e instalar o Estado Novo?

E as mentiras da grande mídia conservadora, venal e golpista que levou Getúlio ao suicídio em 1954? Dez anos depois essa mesma arma foi usada para justificar o golpe militar de abril de 1964 que depôs o presidente João Goulart, e foi usada pelos militares golpistas para encobrir os hediondos crimes praticados durante a ditadura. A mentira foi utilizada também para eleger Fernando Collor de Mello e o outro Fernando – o Coisa Ruim – que praticamente desmontou o Estado brasileiro.

Durante os trágicos oito anos do tucanato (1995 a 2002) a mentira reinou com muita intensidade. Tudo com a valorosa contribuição do baronato da mídia e seus colonistas que, além da mentira exageravam na pena aterrorizando meio mundo, tanto que com a vitória do ex-metalúrgico Luiz Inácio Lula da Silva em 27 de outubro de 2002, o “risco Brasil” chegou a quatro mil pontos, o dólar beirou os quatro reais e a imagem do País tornou-se mais nebulosa que nunca.

Mas a sabedoria popular teima em reafirmar que é mais fácil pegar um mentiroso que um coxo. Sempre usando a (esfarrapada) bandeira do moralismo e da ética herdada da canalha da UDN (União Democrática Nacional) para enganar o povo, a direita logo é desmascarada. Muda de tática, muda de nome, mas é logo apanhada na mentira.

O exemplo mais emblemático dos últimos 20 anos é o do DEMO. Para tentar enganar o povo, trocou o nome de Arena para PDS, depois para PFL e como o desgaste era sempre maior, mudou para DEMO. E sempre desfraldando a esfarrapada bandeira udenista.

Há pouco mais de uma semana foi completamente desmascarado, com provas irrefutáveis, por desviar milhões de reais do governo do Distrito Federal, tendo como ator principal o governador José Roberto Arruda, ex-tucano e ex-líder do Coisa Ruim no Senado. O escândalo está sendo chamado de Panetonegate.

Porém a fedentina do mar de lama da corrupção do Demo não ficou restrita ao seu chiqueiro. Ela atingiu em cheio os tucanos e ex-comunistas, seus irmãos siameses.O presidente do PSDB do Distrito Federal, Márcio Machado, está atolado até o pescoço conforme denunciou o ex-secretário Durval Barbosa.

Também o presidente do PPS do DF, Fernando Antunes, foi pegado com a mão na botija, operando o propinoduto. Também o presidente nacional do PPS, o arrependido ex-comunista Roberto Freire, igualmente sai do episódio completamente enlameado, acusado que foi pela empresária Nerci Bussamra, diretora comercial da Uni Repro Serviços Tecnológicos, de receber uma parte do dinheiro. O ex-comunista nega e até ameaça processar o ex-secretário de Arruda. Mas todos vão continuar negando, inclusive o ainda governador José Roberto Arruda, o principal implicado.

Há fortes indícios de que a lama atingiu também a principal vitrine tucana, ou seja, o governo José Serra, em São Paulo, e a também grande vitrine do Demo, a Prefeitura de São Paulo comandada por Gilberto Cassab. Arruda está ameaçando levar consigo seus correligionários de partido, muitos tucanos e os comunistas arrependidos. Isto porque se sente traído com a falta de solidariedade, já que ele e o seu partido foram solidários com a governadora tucana do Rio Grande do Sul, Yeda Crussius.

E o que diz agora o ex-senador e ex-presidente nacional do PFL Jorge Bornhausen? Para quem não lembra, Bornhausen é aquele que, no auge do escândalo dos aloprados do PT, em 2005, enchia o peito e dizia que “vamos acabar com essa raça”. E como o feitiço sempre vira contra o feiticeiro, agora é a “raça” do ex-senador paranaense que corre o sério risco de extinção.

E mais uma vez a Arena – que mudou para PDS, depois PFL e agora é Demo – deve mudar mais uma vez de nome, na tentativa de continuar enganando o povo, passando a chamar-se PPP – Partido do Panetone para os Pobres. Aliás, nome sugestivo para a época natalina!

Messias Pontes é jornalista e colaborador do Vermelho/CE

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