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Cindida e débil, oposição boliviana luta para não baixar de 1/3

Desqualificada em todas as pesquisas pré-eleitorais, a uma distância quase sideral do favorito Evo Morales, a oposição boliviana chega ás eleições deste domingo (6) fragmentada e debilitada, mas furtivamente unida em torno de um único propósito: evitar que o governista MAS (Movimento Ao Socialismo) obtenha os dois terços, que lhe assegurariam o total controle da próxima Assembléia legislativa Plurinacional.

Por Rubén Sandi, na Agencia Boliviana de Noticias

Apesar de todos os esfor;os, discursos e trocas de acusações, os oposicionistas não pideram reverter um panorama político esmagadoramente favorável a Evo Morales. Apenas reduziu, quase imperceptivelmente, o fosso de perto de 40 pontos percentuais, entre Evo e o melhor de seus candidatos, ao menos em intenções de voto, Manfred Reyes Villa.

Sem argumentos convincentes para produzir uma virada, os últimos dias da campanha mostraram a oposição em sua faceta desesperada, agarrada à tábua de salvação que seria forçar um segundo turno.

Ela fracassou na tentativa de um paco de todos contra Evo. Debilitada, fragmentada, navegando em águas turvas, estigmatizada por seu passado liberal, o melhor argumento do governo para desacreditá-la foi que os candidatos assinalados como consenso oposicionista abandonaram o barco antes mesmo da partida. Foi o caso, para citar os mais importantes, dos ex-presidentes Jorge Quiroga e Carlos Mesa, e do ex-vice-presidente Víctor Hugo Cárdenas.

Ainda assim, nos últimos dias de campanha, os discursos se unificaram. Quase em uníssono, passaram a "alertar" os eleitores ainda indecisos para o perigo que seria para o país um governo "de poder absoluto e ditatorial", discurso que finalmente poderia ser a frase mágica para uni-los em um eventual segundo turno.

Assim como  o presidente assinala em seus discursos que os eleitores só têm dois caminhos neste domingo – consolidar o processo de mudança ou regressar ao "nefasto passado neoliberal" –, os candidatos da oposição puseram também os eleitores face a um dilema: "ou um projeto totalitário ou um país de respeito à institucionalidade e à segurança jurídica".

Com uma diferença: o discurso governista é convincente e cresce cada vez mais, inclusive nos bastiões eoutrora impenetráveis dos departamentos da chamada Meia Lua, uma ficção geográfica com que se tentou dividir a Bolívia.

A oposição também se concentrou na denúncia de uma suposta dependência do venezuelano Hugo Chávez e seu projeto hegemônico regional, e de uma suposta heresia de Morales, que, a seu ver, botou Deus opara fora do palácio e do país.

Ainda assim os analistas políticos asseguram que é uma luta desesperada, pela sobrevivência de um modelo econômico e social que esteve em suas mãos quase desde a fundação da Bolívia, e que, com o embate socialista, parece destinado a sucumbir, para dar lugar a outro ciclo, que vai durar muitos anos.

Fonte: ABI (http://www.abi.bo)