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Estadão elogia até grosseria de Serra com a imprensa

Fiel cabo eleitoral de José Serra em 2010, O Estado de S. Paulo admitiu neste sábado que com o indiciamento do senador tucano Eduardo Azeredo (MG) "o discurso da ética sai chamuscado". Mas a matéria PSDB tenta se blindar e isolar escândalo em MG tenta jogar toda a responsabilidade na conta do mineiro Aécio Neves; e transforma em virtude até a grosseria de Serra, que se irritou com os jornalistas quando lhe perguntaram sobre o 'Mensalão Tucano'.

A matéria foi escrita a dez mãos, por Chico Siqueira, Fátima Lessa, Julia Duailibi, Raquel Massote e Silvia Amorim. Confira:

A abertura de processo no Supremo Tribunal Federal contra o senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), por suposto envolvimento no chamado "mensalão do PSDB", levou os tucanos a tentarem "desnacionalizar" o caso. O objetivo é blindar o partido de envolvimento no escândalo e minimizar as acusações de uso de caixa 2 por parte de integrantes da legenda em Minas.

A avaliação é que, num primeiro momento, o PSDB de Minas sai como maior prejudicado – e indiretamente o governador Aécio Neves, um dos cotados para disputar o Planalto em 2010. Ontem, Aécio foi a público dizer que Azeredo "foi vítima do conturbado momento político pelo qual" o País está passando. Enquanto o governador mineiro defendeu publicamente o senador, o governador de São Paulo, José Serra, não se manifestou sobre o assunto nos dois eventos dos quais participou ontem.

Serra irritou-se com os pedidos para comentar a decisão do Supremo. "Eu não vou comentar esse assunto", afirmou o governador tucano. Questionado sobre o motivo, ele respondeu: "Porque não quero." Depois completou: "Só vou falar das coisas da região. Se ficar nesse tititi nacional, ninguém noticia o que está acontecendo aqui."

Apesar da tentativa de desvincular o caso de Minas do "mensalão" de 2005, quando houve a acusação de envolvimento do PT e de partidos da base aliada num esquema de pagamento de mesada para parlamentares, a cúpula tucana avalia que o discurso da ética sai chamuscado – justo no momento em que o maior aliado nacional, o DEM, está envolvido no mensalão do Distrito Federal.

Aécio reconheceu problemas na prestação de contas e na arrecadação de recursos, mas disse não ter indícios de atuação direta do senador. O governador reconheceu que esta foi uma semana difícil para a oposição, considerando também as denúncias envolvendo o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (DEM). "Não foi um bom momento. Mas se me perguntarem se isso terá reflexo na eleição de 2010, não acho que terá", disse Aécio.

Azeredo é acusado de peculato (uso de cargo público em benefício próprio) e lavagem de dinheiro num suposto esquema de desvio de recursos públicos para a campanha de 1998 ao governo do Estado. Personagem do mensalão de 2005, o publicitário Marcos Valério teria operado o esquema de Minas. "Os marqueteiros do PT estão tentando confundir as coisas", disse o senador Álvaro Dias (PR), para quem o caso de Azeredo é diferente do escândalo de 2005.

Procurado pelo Estado, Azeredo não quis se pronunciar. Ele se reuniu com assessores ontem e conversou com o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra, anteontem. O senador nega todas as acusações e diz que documentos anexados ao processo foram falsificados.

Fonte: O Estado de S. Paulo