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Para Serra, questão de FHC foi "contrabando" na pesquisa

"Essa questão do Fernando Henrique foi enfiada de contrabando na pesquisa", reclamou o governador José Serra, presidenciável do PSDB, nesta terça-feira (24), comentando a sondagem eleitoral CNT/Sensus, divulgada na véspera. Em entrevista à Rádio Jovem Pan, o tucano não avalizou a tese do presidente da CNT, Clésio Andrade, de que FHC "está puxando Serra para baixo". Ele também menosprezou a perda de 15 pontos em 12 meses: "Todo muito sabe que pesquisa não decide eleição".


"Essa questão do Fernando Henrique foi enfiada de contrabando na pesquisa provavelmente para terem o que comentar. O presidente largou o mandato em 2002. E aquele foi um período importante do país. Enfim, é uma coisa do passado", desconversou Serra.

Fator FHC atrapalha o tucano

A 99º edição da pesquisa CNT/Sensus mostrou o governador paulista ainda em primeiro lugar, com 31,8% das intenções de voto, contra 21,7% da ministra Dilma Roussef, do PT. Foi a primeira vez que a diferença entre os dois bateu em 10,1 pontos. Em dezembro passado, a 94ª rodada mostrava Serra com 46,5% e Dilma com 10,4% – uma distância de 36,1 pontos.

Esta rodada da CNT/Sensus, divulgada na segunda-feira (23), indagou pela primeira vez sobre os efeitos de uma indicação eleitoral do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. O resultado foi fortemente negativo, com 3,0% dizendo que votariam no indicado por FHC e 49,3% que não votariam (veja mais aqui), motivando a suspeita do governador qe que a questão "foi enfiada de contrabando".

Clésio, quando comentou esse aspecto pela CNT, foi igualmente incisivo: "O Serra cai muito fortemente em função do apoio do Fernando Henrique. Está clara a rejeição fortíssima do ex-presidente", comentou.

A pesquisa evidencia por que o presidente Lula busca uma campanha "plebiscitária", centrada na comparação entre a sua gestão e a de FHC. Para 76%, o governo Lula é melhor que o de seu antecessor, enquanto apenas 10% responderam o contrário.

"A economia não vai decidir a eleição"

Serra admitiu na Jovem Pan que "a percepção de que a economia vai bem é um dado da realidade". No entanto, agregou, "eu não acredito que a economia vai decidir a eleição. A população vai querer saber quem é mais preparado. O pessoal não vai ficar olhando para trás", argumentou.

O governador não passou recibo de sua queda. "Todo muito sabe que pesquisa não decide eleição. Eu estou falando a cavaleiro, porque estou bem adiante na pesquisa", argumentou. Ele deixou escapar, porém, que espera uma batalha difícil: "O resultado eleitoral do ano que vem não vai ser essa folga que as pesquisas dão".

Perguntado com insistência pela Jovem Pan – a entrevista foi de mais de uma hora –, o governador esquivou-se. "Se eu vier a ser candidato, a obrigação de se afastar do governo de São Paulo é no final de março, ou melhor, começode abril. Eu acho que a eleição foi muito antecipada no Brasil. Nunca aconteceu isso que eu me lembre", criticou.

"Você não é obrigado a seguir as regras do jogo do outro", disse ainda o presidenciável. "O quadro eleitotal ainda permanece muito indefinido. Só vai se decidir mesmo em maio, junho do ano que vem", alegou, ainda sem ceder às pressões de Aécio Neves, seu rival tucano, do PSDB e seus aliados, por uma definição rápida de quem será o candidato.

A rádio quis saber sobre o encontro de Aécio com o deputado e também presidenciável Ciro Gomes (PSB), uma semana atrás. Serra só teve elogios para o governador mineiro, como acontece sempre que fala em público. Mas só teve críticas para o socialista: "O Ciro nem candidato é. E ele não vai fazer nada que o Lula não queira", afirmou.

Da redação, com Jovem Pan